domingo, 1 de fevereiro de 2015
(Folha) Para enfrentar os desdobramentos da Operação Lava Jato, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, criou um grupo de trabalho
com procuradores de diferentes áreas e com experiência em ações que
levaram políticos, autoridades e empresários para trás das grades.mA
ideia é se preparar para a hora em que o caso da Petrobras chegar ao
Supremo Tribunal Federal. A dimensão da investigação ainda é incerta,
mas, como disse o ministro Gilmar Mendes, pode fazer do mensalão um
"processo de pequenas causas".
No currículo dos escolhidos por Janot há especialistas em lavagem de
dinheiro, formação de cartel, crimes transnacionais, delação premiada e
na chamada "teoria do domínio do fato".Esta última foi a argumentação
jurídica contra Dirceu, usada nas
alegações finais do então procurador-geral da República Roberto Gurgel.
Ela foi construída pelo coordenador do grupo, Douglas Fischer, que
conseguiu convencer o STF de que o antigo chefe da Casa Civil tinha o
controle do mensalão.
Como muitos outros integrantes do grupo, Fischer é professor e autor de
livros. Recentemente, assessorou o então senador Pedro Taques (PDT-MT)
na produção do projeto do novo Código Penal.
Crítico dos recursos infindáveis, o gaúcho de 45 anos já deu entrevistas
reclamando do sistema de progressão penal do país, que permite a rápida
liberação de presos.
Outro integrante, Wilton Queiroz, teve participação fundamental na
prisão de Arruda. Responsável pelo setor de inteligência do Ministério
Público do DF, foi um dos responsáveis por convencer o ex-secretário
Durval Barbosa a delatar o "mensalão do DEM"
.
BANESTADO E CARTEL
No grupo também está Vladimir Aras, que não só trabalha com o combate à
corrupção como já sofreu as consequências na vida pessoal. Seu pai, um
procurador federal, foi morto pela chamada "Máfia do Açúcar"
após investigar sonegação de ICMS entre a Bahia e Pernambuco. Como
procurador, participou das investigações do Banestado, escândalo de
evasão de divisas que levou o doleiro Alberto Youssef a fazer sua
primeira delação premiada.
A equipe também tem Andrey de Mendonça, que fez parte da formação
original da força-tarefa da Lava Jato. Meticuloso, enviou mais de mil
páginas de provas documentais à Justiça num processo contra o
publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Ele atuou no caso Alstom, que investigou esquema de propina no setor de
energia de São Paulo em 1998, no governo Mário Covas (PSDB).
Ainda no grupo está o procurador Fábio Coimbra, autor do pedido de
prisão que viabilizou a extradição de Salvatore Cacciola ao Brasil.
Completam a equipe Bruno Calabrich, coordenador de ensino da Escola
Superior do Ministério Público; Danilo Dias e Eduardo Pelella, assessor
especial e chefe de gabinete de Janot, respectivamente; Daniel Salgado,
secretário de pesquisa e análise da Procuradoria; Rodrigo Telles, autor
de livro sobre investigação criminal; e o promotor Sergio Fernandes, do
Gaeco.
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