Pela 4ª vez, Renan é favorito no Senado
Dois dias após o 2º turno da eleição de 2014, o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou: "Eu, sinceramente, não sou
candidato (à reeleição). Já fui três vezes presidente do Senado Federal,
nós estamos concluindo essa obra e essa decisão (sobre candidatura) é
uma decisão que ficará para janeiro". Três meses depois, é considerado
favorito para mais um mandato no comando da Casa, em votação marcada
para a tarde deste domingo (1º).
Na véspera da decisão, ele se dedicou a uma visita ao presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), Ouviu dele que o partido já se havia manifestado em favor do candidato rival, o também peemedebista Luiz Henrique (SC). Ao sair, Renan negou que tivesse ido pedir votos e rebateu a acusação do adversário de estar cometendo "atos de desespero".
Em outubro, Renan era um dos raros senadores do PMDB satisfeitos com o resultado das urnas: fez seu primogênito, Renan Filho, governador de Alagoas com apenas 34 anos. Hoje, sai candidato respaldado por mais 14 colegas de bancada.
O despiste na declaração de outubro já era parte da estratégia para adiar ao máximo o lançamento da candidatura no Senado. A ideia era repetir a fórmula de ser ungido pelos pares adotada por José Sarney (PMDB-AP) e evitar ser "vidraça" - em setembro, o Estado revelou que Renan foi citado pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa em sua delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
Depois de se ver forçado, sete anos atrás, a renunciar ao mesmo cargo que ocupa hoje, por ter a pensão de uma filha fora do casamento paga pelo lobista de uma empreiteira, o peemedebista encheu-se de cautela. Para ser reeleito, aposta no discurso de "austeridade" nos gastos e promete enxugar a máquina administrativa do Senado - de 2013 para cá, economizou R$ 530 milhões. Mas, por ter usado jatinhos da FAB para fazer um implante capilar e ir ao casamento da filha de um aliado político, Renan é alvo de ação de improbidade na Justiça Federal em Brasília.
Mercadorias
Aliados próximos dizem que o poder de Renan vem de sua capacidade de atender aos pedidos que recebe: desde um gabinete mais amplo ou uma rampa de acessibilidade, até outros mais difíceis, como comandar a aprovação do projeto que permitiu ao governo flexibilizar o cálculo do superávit primário. Como define um colega de bancada, é um "entregador de mercadorias".
Essa característica rende frutos ao senador. Do governo, obtém cargos e, se não é atendido, ameaça dificultar a vida do Planalto - no início de janeiro, ele disse a ministros que, se não pudesse fazer indicações para o segundo escalão, o PMDB no Senado deixaria a base para ser "independente". Dos senadores atendidos, exige fidelidade silenciosa. Com os desafetos, evita deixar as mágoas transparecerem e chega a pedir voto até de quem outrora era tido como inimigo político.
Mas a cinco dias das eleições, o peemedebista viu Luiz Henrique se lançar candidato, ao contrário do que havia feito em 2013, quando abriu mão em favor de Renan. Apoiado pela oposição, e por alguns senadores da base, o catarinense avisou-o de que disputaria a presidência e ainda lhe pediu o voto.
Ironia
O temor de Renan é que o voto secreto ajude Luiz Henrique. Seria uma ironia para quem foi favorecido pelo dispositivo não só nas três vezes em que foi eleito presidente da Casa, mas principalmente nas duas votações em que poderia ter sido cassado, em 2007, em decorrência da acusação de ter as despesas pessoais pagas por um lobista.
Para evitar surpresas - nos governos do PT, nunca um candidato do Planalto perdeu a disputa pela presidência do Senado -, Renan e aliados tentaram enquadrar Luiz Henrique, para que acatasse a decisão da bancada de eleger Renan.
Não adiantou: o catarinense confirmou sua candidatura, com apoio da oposição e até de senadores governistas. Sinal claro de que uma nova reeleição de Renan não é consenso na base aliada foi a falta de definição da bancada do PT.
O catarinense tem apoio de PSDB, DEM, PSB, PDT, PP, PSOL e PPS, além de três peemedebistas. O bloco foi confirmado após o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) abrir mão da disputa em favor de Luiz Henrique. Dois dias antes, Valadares tinha recebido telefonema de Renan que, sem ainda ter-se lançado oficialmente, falou do que pretendia fazer no comando do Senado até 2017.
"Renan parece um candidato em off", disse Valadares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Fonte: Estadão Conteúdo Jornal de Brasilia
domingo, 1 de fevereiro de 2015
Vergonha! Novamente o PT pode salvar a pele de Renan Calheiros.
Leia aqui
a matéria de Veja, em 2007, que mostrou como o PT manobrou para salvar
Renan Calheiros. Hoje, 8 anos depois, a história se repete.
Renan Calheiros (PMDB-AL) foi
mencionado pelo ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, em
sua delação premiada para a Operação Lava Jato. O senador peemedebista também foi citado
por outros colaboradores da Justiça e por empreiteiros em seus depoimentos. Um dos negócios mencionados envolvem Renan em
acerto com o doleiro Alberto Youssef para que o fundo de pensão dos
Correios, o Postalis, comprasse R$ 50 milhões em debêntures (um título
que confere a seu detentor um direito de crédito contra a companhia
emissora) emitidos da Marsans Viagens e Turismo, que tinha Youssef como
um dos investidores.
O fundo de pensão dos Correios é controlado pelo PMDB e PT. Em
julho, os quatro integrantes da cúpula do Postalis tiveram sua
exoneração pedida por dois conselheiros. A acusação é que a
interferência dos partidos políticos no Postalis levou a “operações
suspeitas” que explicam o rombo de R$ 2,2 bilhões acumulado de 2013 a
junho de 2014.
Se Renan for eleito presidente do Senado, pode ser derrubado do cargo
pela segunda vez em função de denúncias de corrupção.
Em 2007, o
alagoano teve que renunciar ao posto em meio às investigações da
Operação Navalha. Enfrentou processo de cassação e só foi absolvido pela
proteção dada a ele por senadores petistas, especialmente Tião Viana
(PT-AC), Ideli Salvatti (PT-SC) e Aloisio Mercadante (PT-SP).
Mesmo que
não tenha conseguido provar que vendia bois para pagar a pensão da
amante Mônica Veloso, com quem tem um filho. Na verdade, quem pagava o
mensalão da concubina era a construtora Mendes Junior, uma das
envolvidas no escândalo do Petrolão.
Resta saber se os senadores vão manter no poder um nome que envergonha a
política brasileira. O outro candidato é o senador Luiz Henrique
(PMDB-SC). Com Renan envolvido na roubalheira da Petrobras é bem
provável que o Senado passe, novamente, a vergonha de ver o seu
presidente enfrentar um novo processo de cassação.
Mas, ao que tudo
indica, o PT e seus aliados mensaleiros estarão lá, para protegê-lo e
manter um dos mais poderosos arrecadadores da República. No entanto, se
por acaso ele for cassado, o PT só tem a ganhar: a primeira
vice-presidência está reservada ao partido.
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