Superlotação, espaço físico defasado e falta pessoal são apontados como os maiores problemas
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
Apesar de negar que recém-nascidos dividam incubadoras e que as mães em trabalho de parto aguardam atendimento em um banco, o coordenador de Saúde Fernando Araújo admite: a estrutura física do Hospital Regional de Ceilândia é insuficiente para atender a demanda de mais de 20 partos por dia.
Além disso, faltam profissionais. Hoje, de acordo com ele, 15 funcionários trabalham no Centro Obstétrico. Porém, com mais de 620 procedimentos mensais, o ideal seriam, pelo menos, 20 servidores, considerando cada especialidade envolvida.
“Temos cinco obstetras, sendo três aqui dentro e dois na ficha. Uma enfermeira no setor e seis técnicos de enfermagem, quando o ideal seriam oito, ou nove. O pediatra que acode o recém-nascido é o mesmo que trabalha na UTI neonatal. Ao todo, dá umas 15 pessoas. O ideal seria umas 20”, aponta.
Para ele, porém, o déficit de profissionais não é a maior preocupação: “O maior problema é a superlotação, depois o espaço físico e, por último, pessoal. A gente se ajusta ao déficit, mas o que fica prejudicado é o ambulatório. De qualquer maneira, a população fica prejudicada”.
Ainda segundo Araújo, a estrutura do Centro Obstétrico do HRC tem mais de 16 anos. Ou seja, não acompanhou a demanda dos serviços. “A população cresceu, a procura pelo serviço também e a estrutura física permaneceu. Por isso, hoje, ela é insuficiente. O que é, aliás, o motivo do nosso desespero, da população e de quem usa o serviço”, afirma.
Como exemplo, ele cita os leitos de parto. “Ocupamos todos eles, que são oito no box, e ainda montamos os leitos- acessórios, que são quatro. Então, às vezes conduzimos o trabalho de parto com a paciente numa condição que não é a melhor para ela. Ou seja, dentro do box”, explica
O coordenador argumenta que as imagens divulgadas nesta semana não condizem com a realidade do hospital. “O banco em que aparecem as mães sentadas fica numa sala de admissão, onde elas apresentam seus dados. Depois disso é que elas vão para o Centro Obstétrico. Isso leva uns 15 minutos, no máximo”, ressalta, destacando que o fato de estarem prestes a entrar no CO não significa que as pacientes estão em trabalho de parto.
Forma de expor situação
Apesar da negativa quanto à situação divulgada, o diretor do Sindicato dos Servidores da Saúde (SindSaúde), Alcione Barros, acredita que alguém de dentro do hospital teria gravado imagens justamente para denunciar a superlotação no local e as condições de trabalho dos funcionários.
“Infelizmente, o que aconteceu serve para chamar a atenção para o que está acontecendo na saúde do DF, que vem ainda do outro governo.
A saúde está, sim, sucateada. É preciso chamar aqueles profissionais que passaram no concurso e aguardam ocupar seus cargos. Isso já ajudaria a pelo menos melhorar o atendimento. Do jeito que está, eles não estão dando conta. E, se pararem de fazer horas extras, a saúde para”, salienta.
Enfermeiros
A urgência por mais profissionais na Saúde pública do DF foi também apontada pelo Conselho Regional de Enfermagem do DF, que chegou a buscar apoio do Ministério Público na última segunda-feira. No encontro, os representantes do Conselho entregaram à titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), Marisa Isar, plano de ação no qual expõem o cenário atual dos profissionais de enfermagem no DF.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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