segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Não fiquem surpresos se o novo presidente da Petrobras inaugurar um navio chamado Val Marchiori.
(Folha) O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, deu carona para a socialite
Val Marchiori e mais dois amigos num jato a serviço do Banco do Brasil
na época em que era o presidente do banco, segundo o depoimento de um
ex-vice-presidente do BB ao Ministério Público Federal. Bendine e o então vice-presidente da área internacional do banco, Allan
Toledo, viajaram para Buenos Aires em missão oficial em 20 de abril de
2010, para concluir a aquisição do Banco da Patagonia.
"Val Marchiori acompanhava Aldemir Bendine, sendo que se tratava de
avião pequeno. Neste voo foi um casal de amigos de Bendine ou de
Marchiori, além do próprio depoente e dois pilotos", disse Toledo em seu
depoimento, prestado em novembro. Três anos depois dessa viagem, Marchiori obteve um empréstimo de R$ 2,7
milhões do Banco do Brasil para sua empresa, numa operação que
contrariou normas internas do banco e se tornou alvo de investigações do
Ministério Público e da Polícia Federal.
Na viagem a Buenos Aires, Bendine e Marchiori ficaram hospedados no
mesmo hotel, o Alvear, um dos mais caros da capital argentina. No ano
passado, questionado pela Folha se o Banco do Brasil havia
custeado a estadia da amiga, Bendine negou que os dois tivessem viajado
juntos e disse que sua presença no mesmo hotel foi coincidência.
Toledo não deixou claro no depoimento em qual trecho da viagem Marchiori
foi no avião com os executivos. Três ex-dirigentes do BB que pediram
para não ser identificados disseram à Folha que Marchiori e seus
amigos estavam no voo de volta ao Brasil.A assessoria do Banco do Brasil
negou na quinta-feira (19) que Marchiori
tenha voado no avião usado por Bendine. O jato pertencia ao Banco da
Patagonia e foi emprestado para o Banco do Brasil, que controla quase
60% do capital do banco argentino.
DINHEIRO VIVO
O inquérito em que Toledo foi ouvido foi aberto pelo Ministério Público
para investigar denúncias do motorista Sebastião Ferreira da Silva, que
trabalhou para Bendine por quase seis anos e diz ter transportado
dinheiro vivo para ele em várias ocasiões. Ferreira mencionou Toledo e a viagem a Buenos Aires em um depoimento, e
por isso os procuradores intimaram o ex-vice-presidente do banco para
que fosse ouvido na condição de testemunha.
Um dos principais objetivos da investigação é apurar se a amizade entre
Bendine e Marchiori resultou em mau uso dos recursos do banco, o que
caracterizaria crime de improbidade administrativa. Bendine afirma que
não participou da liberação do empréstimo do BB para a socialite. O
motorista disse ao Ministério Público que, a pedido de Bendine, levou
Marchiori a diversos endereços em São Paulo, em carros oficiais do
banco, na época em que trabalhou para ele, até 2013.
Uma semana após a viagem a Buenos Aires, Bendine e a socialite se
hospedaram no Copacabana Palace, no Rio. Dois ex-dirigentes do BB
disseram à Folha que o banco pagou a estadia de Marchiori. Bendine e o BB negam.
O advogado de Toledo, José Roberto Batochio, afirmou que seu cliente não
daria entrevista por tratar-se de assunto em segredo de Justiça.
Desafeto de Bendine, Toledo foi afastado do BB em 2011, quando um
depósito milionário em sua conta o tornou alvo de suspeitas. Toledo
justificou o depósito mais tarde e decidiu processar o banco na Justiça,
acusando-o de quebrar seu sigilo bancário.
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