sexta-feira, 29 de maio de 2015

Escolha de presidente da Fifa põe Europa contra Ásia, África e Caribe




Blatter promete 'credibilidade, transparência, e 'fair play''; o príncipe Ali diz querer 'tirar o foco da polêmica administrativa e voltá-lo para o futebol'

As 209 federações da Fifa iniciarão nesta sexta-feira (12h no horário do Brasil) em Zurique a votação para escolher seu novo presidente, em meio ao maior escândalo da história da organização.

O favorito Sepp Blatter está concorrendo para se reeleger para um quinto mandato. Seu único rival é o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein.


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A votação ocorre dois dias após sete dirigentes terem sido presos em Zurique em uma operação deflagrada por investigação do Departamento de Justiça dos EUA de alegações de corrupção entre a entidade, empresas de marketing esportivo e transmissoras.


O Brasil será representado pelos presidentes da Federação Goiana de Futebol, André Pitta, e da Federação Cearense de Futebol, Mauro Carmélio, já que o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, abandonou subitamente o congresso da entidade em Zurique, na manhã de quinta-feira, e retornou ao Rio de Janeiro, onde desembarcou na manhã desta sexta.


Segundo a assessoria da Fifa, Del Nero não explicou os motivos de seu retorno antecipado.


Mas o que pode acontecer exatamente na eleição? Quais são os resultados esperados?

Qual a plataforma dos dois candidatos?

De acordo com o perfil de Blatter no site da Fifa, "suas principais aspirações são credibilidade, transparência, e 'fair play'". Sua filosofia é "futebol para todos, todos para o futebol".


Já o príncipe Ali afirma que seu objetivo é "tirar o foco sobre a polêmica administrativa e redirecioná-lo ao futebol" e fazer da Fifa uma organização mais justa e transparente.


Como é a votação em si?

Em uma votação secreta, todos as 209 associações de futebol da Fifa têm direito a um voto. A votação ocorre por ordem alfabética – então é um processo demorado.

No primeiro turno, se algum dos candidatos conquistar dois terços dos votos (um total de 140 votos se todos participarem), ele é eleito.

Se nenhum tiver esses dois terços, a votação terá um segundo turno, em que um deles precisará da maioria simples dos votos para ganhar.


Quem pode votar?

Nem todos as federações da Fifa são ligadas a nações com status de país, mas mesmo assim todos têm direito a voto com o mesmo peso. Um exemplo disso é Montserrat, um território britânico no Caribe com 4.900 habitantes, que tem a mesma voz que a Índia, com sua população de mais de 1,2 bilhão de habitantes.


Como eles devem votar?

É nesse ponto que a situação fica mais nebulosa. Mesmo sendo uma votação secreta, muitas das associações de futebol – na qual os membros estão agrupados – já revelaram seus votos.
Michel Platini, presidente da Uefa (a federação europeia de futebol), disse que uma grande maioria das 53 associações da Europa vão apoiar o príncipe Ali.

A Confederação de Futebol Africana (CAF), com seus 54 membros, e a Confederação de Futebol Asiática (AFC), com seus 46 membros, afirmaram que vão apoiar Blatter.

Mas a Austrália, que é da AFC, disse que vai votar no príncipe.

Blatter, tradicionalmente, tem o apoio da federação da América do Norte (Concacaf), cujo o presidente, Jeffrey Webb, está entre os presos da operação em Zurique.

Ainda não se sabe como os membros da América do Sul e da Oceania vão votar.


 

Os membros podem se abster de votar?

Sim - e seis deles fizeram isso nas últimas eleições presidenciais, em 2011. A Federação Inglesa de Futebol se absteve depois que o único rival de Blatter, Mohammed bin Hammam, abandonou a disputa após ser suspenso por alegações de envolvimento com suborno.

Blatter foi reeleito após receber 186 dos 203 votos.


Os países podem se opor de outras maneiras?

Sim, e a Federação Inglesa de Futebol tentou fazê-lo em 2011. Eles pediram que a votação fosse adiada por conta de alegações de corrupção, mas apenas outros 16 países apoiaram a iniciativa. A eleição prosseguiu.

Ainda não se sabe se algum gesto similar será realizado nesta sexta-feira. O presidente da Uefa, Michel Platini, pediu a demissão de Blatter na quinta-feira, mas este se recusou a fazê-lo.
A organização também pediu que a votação fosse adiada, mas o pleito não foi apoiado pela AFC nem pela CAF.

A BBC apurou que a Uefa pode convocar uma reunião geral extraordinária caso Blatter vença nesta sexta-feira. Se 20% dos membros da Fifa concordarem com a moção, a reunião precisará ser realizada nos próximos três meses.

BBC Brasil

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