sexta-feira, 29 de maio de 2015

Se empresário milionário chora de frustração por ser corrupto, as crianças doentes que não conseguem atendimento nos hospitais publicos deverão fazer o que??

27/05/15 - Ex-executivo da Camargo Corrêa confirma cartel na CPI da Petrobras


"Mais do que arrependimento, tenho uma profunda frustração profissional", afirmou Eduardo Hermelino Leite


Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)Deputados da CPI da Petrobras começaram a ouvir na manhã desta terça-feira (26/05) o depoimento de Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa. Falando em arrependimento, Leite disse que "lamentavelmente" participou do pagamento de propina a agentes públicos e privados e que hoje tem seu futuro profissional comprometido. "Mais do que arrependimento, tenho uma profunda frustração profissional", declarou. 


Ele chegou a chorar durante o depoimento. O executivo se emocionou ao falar dos filhos e do prejuízo que a prisão na Operação Lava Jato causou à imagem de sua família. "Isso não me é agradável", disse o delator, que hoje cumpre prisão domiciliar 

(Tádinho dele, não é mesmo?Enquanto ele chora a comida desaparece dos pratos dos brasileiros, a classe trabalhadora não tem mais escola ou hospital decente para atende-los! NB)


Leite assumiu a vice-presidência da empreiteira em 2011 e disse que foi cooptado por um esquema preexistente. Segundo ele, seus antecessores Leonel Viana e João Auler passaram a orientação de que a Camargo Corrêa deveria continuar pagando propina ao esquema. "Não me via cometendo um crime, era algo que já existia, que era funcional", declarou.


O ex-vice-presidente da empresa disse que a decisão de fazer a delação premiada não foi uma "boa decisão jurídica", mas que é uma "boa decisão pessoal". "Minha colaboração (com a Justiça) é espontânea e consistente", afirmou.


Cartel de empreiteirasLeite confirmou que havia encontros entre as empreiteiras e que o cartel lhe foi revelado por Dalton Avancini, ex-diretor-presidente da empresa.


O cartel era formado por grandes construtoras num momento em que a Petrobras era, em suas palavras, a grande contratante do país. "Mas não participei do evento (encontro do clube de empreiteiras)".


Leite citou a companhia Vale como exemplo e disse que a empresa adota práticas que evitam o "entendimento" no mercado. "Existem práticas que podem ser feitas que podem evitar que ocorram o ilícito", declarou.


Para ele, a existência de projeto de engenharia avançado evita irregularidades em empresas como a Petrobras. "Quando tem precisão de orçamento, não acontece nada de errado", afirmou.


O executivo contou que foi apresentado pelo empreiteiro João Auler ao doleiro Alberto Youssef dentro da Camargo Corrêa, situação em que ele estava acompanhado do ex-deputado José Janene (PP-PR). Eles haviam procurado a empreiteira para cobrar pactos e pagamento de propina. "Esses dois são agentes responsáveis pela áreas de Abastecimento", teria dito Auler a Leite.


Ele disse que não conhecia o passado de crimes de Youssef e que ele se apresentou como empresário. "Youssef era uma pessoa extremamente inteligente", comentou.


Esquema de propina foi 'herdado'Em suas primeiras palavras, o executivo disse que tinha 21 anos de Camargo Corrêa e que em 2009, ao assumir a diretoria de Óleo e Gás da empresa, herdou um esquema preexistente, passado por seus antecessores. Ele relatou que os colegas haviam dito que o "cliente" (Petrobras) funcionava dessa maneira e que era difícil deixar tal "atividade". "Herdei uma prática e tive de administrá-la, mantendo os procedimentos já adotados", comentou.


Ao assumir a prática de atos ilícitos, Leite confirmou que manteve contato com os ex-diretores Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) - e com o ex-deputado federal José Janene (PP-PR) e os operadores Júlio Camargo, Alberto Youssef e João Vaccari Neto. "Eram operadores contumazes, que insistiam no pagamento dessas obrigações", disse.


Lava Jato: executivos da Camargo Correa confirmam pagamento de propinaJúlio Camargo e Youssef foram chamados por ele de facilitadores de encontros com os diretores da Petrobras. O delator chegou a revelar, em oitiva à Justiça Federal na semana passada, que foi procurado por Costa e Duque para pagar propina mesmo depois que eles deixaram os cargos na estatal.


Leite destacou que 1% do custo da obra era destinado ao pagamento de propina. "Esse custo era cobrado pela Petrobras, conforme o andamento da obra", contou. De acordo com ele, se não tivesse esse custo, os valores cobrados da estatal poderiam ter sido 2% menores, já que era pago metade para cada diretoria.


Leite falará apenas sobre os crimes relacionados ao esquema de corrupção na Petrobras. O executivo, que cumpre prisão domiciliar e renunciou ao direito de ficar em silêncio, é ouvido na condição de investigado.


Propinas somaram R$ 110 milhõesLeite afirmou que foram pagos R$ 110 milhões em propina entre 2007 e 2012. Segundo ele, a propina alimentou campanhas políticas e os operadores do esquema ganharam poder ao evitar a relação direta entre empreiteiras e políticos. "Os operadores faziam questão de nos alijar do contado com os políticos", disse.


Leite contou que após deixar a Petrobras, o ex-diretor Paulo Roberto Costa foi contratado pela Camargo Corrêa para prestar consultoria de um dia e que recebeu R$ 6 mil. A empreiteira tinha interesse em informações estratégicas da estatal para os próximos 20 anos. Os valores pagos a Costa chegaram a ser aditados para "pagamento de propina pendente".


O executivo disse que a falta de projetos básicos adequados levou a Petrobras a fazer aditamentos contratuais, o que seria um dos fatores de prejuízo para a estatal. "Isso gera essa confusão que em algum momento será acertado através de aditivos", explicou.


Para ele, o Tribunal de Constas da União (TCU) tem um trabalho "inglório". "É muito difícil do TCU fazer o casamento do que é o contrato e do que é o empreendimento", afirmou.


Sem propina, relação seria difícl

Segundo o ex-executivo, a relação da empreiteira com a estatal seria "muito difícil" se não houvesse o pagamento de propina a diretores.


De acordo com Leite, Costa e Duque poderiam impor penalidades à construtora e não receber representantes da empresa para tratar das obras se os pagamentos não fossem feitos regularmente. Os repasses eram feitos de forma contínua.


No depoimento, Leite disse que o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco deixou claro que a Diretoria de Serviços servia aos interesses do PT e que o diretor Renato Duque era apadrinhado do partido, ao qual o esquema deveria prestar contas. Com a saída de Duque da Petrobras, o ex-diretor o procurou para que sua consultoria fosse contratada de forma a manter a rotina de pagamento de propina.


Ele voltou a falar do encontro com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que queria recursos para o partido. Leite afirmou que a Camargo se recusou a pagar propina em forma de doação para campanha eleitoral.

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