Miguel Reale Jr., apresentado como
“jurista tucano”, após fazer um parecer ainda não divulgado em que diria
não haver fundamentação jurídica para pedir um impeachment pelas
pedaladas fiscais deu uma entrevista reveladora ao jornal “O Estado de
São Paulo”. Em poucas palavras, esta pessoa que tem sua fama
profissional ligada uma ciência das leis, prega certa malícia para lidar
com elas. Leiam abaixo:
Os meninos da marcha têm que entender: não é porque fizeram diferente do que eles queriam que virou um traidor da pátria”, disse, numa menção a Aécio Neves. “Há uma falta de informação e cultura política. O caminho da representação, que é mais seguro e está muito bem fundamentado, leva o procurador (geral da República, Rodrigo Janot) a ter que tomar uma medida.
O
que Miguel Reale Jr. está querendo dizer é que falta malandragem para
os “meninos da marcha”. Adaptando, ele quer dar uma aula de realpolitik que
só experientes como ele poderiam dar. O culto à prática política comum
num lugar em que ela é tão deteriorada como aqui só pode ser coisa de
sádico. Oras, é justamente por não estarem contaminados por certas
práticas ruins da política nacional que os “meninos da marcha” são
apoiados e inspiram.
Vivência política não falta aos tucanos e
é isso que os afasta de qualquer idealismo ou filosofia política para
nortear suas ações. Malandragem é achar que pode-se ignorar alguns
crimes pois fazer a lei ser cumprida daria trabalho. A vivência política
de Aécio Neves, tantas vezes parceiro do PT, é responsável por toda a
desconfiança e descrédito que ele recebe agora de muitos que votaram
nele e de quem faz oposição ao PT.
Aliás, a vivência e cultura política dos
tucanos, em outros tempos, poderiam nos enganar. Eles tentaram isso
muitas vezes nas últimas semanas, não apenas no caso da farsa do
impeachment. A vergonhosa aprovação de Fachin para o STF nos brindou com
dois momentos de “vivência e cultura política” dos tucanos usadas da
pior maneira possível.
Quando descobrimos que Aécio Neves, Tasso Jereissatti e José Serra iriam a Nova Iorque aplaudir FHC, ninguém se preocupou em dar uma justificativa razoável para a falta ao trabalho. Pior, a assessoria de Aécio divulgou uma nota ridícula querendo nos convencer de que eles de tudo fariam para sabatinar Fachin com rigor no senado. Pura mentirinha que virou notícia (quem não leu, aqui está um link de como a jogada foi noticiada na Veja) .
Dias depois a Veja foi novamente usada
para aliviar a barra de Aécio, mas desta vez de uma forma humilhante:
Anastasia foi sacrificado em ritual numa das notas mais esdrúxulas já
publicadas pela coluna “Radar on-line”. Ali líamos que
surpreendentemente Anastasia, cria política de Aécio Neves, não apenas
teria ido contra seu líder quanto o havia desafiado em frente a toda
bancada tucana do Senado (relembrem aqui). É como imaginarmos o Alexandre Padilha desautorizando o Lula em frente a outros petistas!
Miguel Reale Jr. poderia colaborar de
várias formas ao movimento oposicionista. Poderia dar lições
aos “meninos da marcha” no campo de seu notável saber jurídico. Em vez
disso serviu como mais um subalterno tucano na ação de controle de danos
à imagem do partido após o posicionamento pusilânime do partido no tema
do impeachment. Nós não precisamos de mais matemáticos do cálculo
político à moda brasileira.
Precisamos mudar tanta coisa no país que, só de termos ações políticas pedindo para cumprirem a lei à risca, já sentimos um alento.
Precisamos mudar tanta coisa no país que, só de termos ações políticas pedindo para cumprirem a lei à risca, já sentimos um alento.
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