A JD
Consultoria, do mensaleiro Zé Dirceu, foi incluída na lista de empresas
suspeitas de promoverem lavagem de dinheiro. Dá para entender porque o
gangster insiste em pedir habeas-corpus preventivo:
A Polícia
Federal (PF) incluiu a JD Consultoria, do ex-ministro José Dirceu, na
lista de empresas usadas para lavagem de dinheiro no esquema de fraudes
na Petrobras. Em laudo da PF, enviado à Justiça pelo Ministério Público
Federal, a consultoria de Dirceu, condenado no processo do mensalão,
aparece entre 31 empresas “suspeitas de promoverem operações de lavagem
de dinheiro” em contratos das obras da Refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco.
Também
constam do documento as empresas utilizadas pelo doleiro Alberto Youssef
(MO Consultoria, GFD e Rigidez), pelo ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa (Costa Global) e pelo consultor Júlio Camaro (Treviso e
Piemonte).
Os
delegados da Polícia Federal relatam que foi localizada uma planilha
eletrônica na construtora Camargo Corrêa com uma descrição de um
contrato com Dirceu, cujo objeto seria “serviços de consultoria análise
dos aspectos sociológicos políticos do Brasil”. A data do contrato era
22 de abril de 2010 e havia referência “vencido”.
FRAUDE TERIA GERADO SOBREPEÇO DE R$ 650 MILHÕES
De acordo
com a Polícia Federal (PF), embora a investigação em relação à JD
Consultoria tenha sido aprofundada em inquérito separado, “permanece
suspeita sobre regularidade dessas relações, reforçada pelo vínculo
temporal estabelecido com a obra da UCR/Rnest (Unidade de Coqueamento
Retardado, da Refinaria Abreu e Lima)”.
Os
pagamentos feitos pela Petrobras ao Consórcio CNCC, chefiado pela
Camargo Corrêa, coincidiram, segundo as investigações, com a vigência do
contrato entre a construtora e a JD Consultoria. Os pagamentos a Dirceu
foram feitos no mesmo período em que o consórcio recebeu da estatal.
Segundo a
PF a Camargo Corrêa repassou a apenas quatro das empresas usadas para
lavagem de dinheiro R$ 71,480 milhões — Costa Global, JD Consultoria,
Treviso e Piemonte. Entre essas, a empresa de Dirceu foi a que recebeu
menos repasses, totalizando R$ 844.650. Para a Costa Global, foram R$
2,875 milhões. Treviso e Piemonte, empresas usadas pelo operador Júlio
Camargo, um dos delatores da Lava-Jato, receberam R$ 67,760 milhões.
Também
faz parte da lista da PF a empresa de marketing Muranno, que havia
informado ter prestado serviços para a Petrobras na divulgação da
Fórmula Indy e recebido o pagamento por meio do esquema controlado pelo
doleiro Alberto Youssef, sem ter conhecimento de fraudes. Agora, os
investigadores a incluíram entre as que podem ter sido usadas para lavar
dinheiro.
O
relatório também aponta que as empresas Labogen Quimica, Industria
Labogen, Piroquímica, Bosred, Hmar e RMV & CVV foram usadas para
lavar dinheiro para o consórcio.
De acordo
com a PF, o cenário de conluio permitiu ao consórcio impor à Petrobras
um sobrepreço de aproximadamente R$ 650 milhões, que representa cerca de
17% do valor do contrato.
DEFESA E EMPREITEIRA NEGAM ACUSAÇÃO
Em nota
ao GLOBO, a defesa do ex-ministro afirma “que nunca teve contrato com o
consórcio responsável pela obra da refinaria Abreu e Lima”. Segundo o
advogado Roberto Podval, “Dirceu foi contratado pela Camargo Corrêa para
atuar em Portugal, como a própria construtora reconhece”. "Portanto não
há qualquer relação com contratos ou obras da Petrobras”, conclui a
nota, acrescentando que “todas as informações, como contrato e notas
fiscais, já foram encaminhadas à Justiça Federal do Paraná em janeiro”.
A Camargo
Corrêa informou que, por meio de seu advogado Cesar Vilardi, apresentou
em abril documentos nos autos sobre os pagamentos e o contrato da JD
com a Construtora. De acordo com a empreiteira, todos os serviços foram
efetivamente prestados.(O Globo).
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