EM RISCO
por Redação RBA publicado 07/10/2015 11:43, última modificação 07/10/2015 14:07
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Laudo aponta presença de metais pesados, venenos agrícolas e até material radiativo na água da Sabesp
ABCD Maior –
Metais pesados e agrotóxicos foram detectados na água já tratada pela
Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Grande e que abastece as
torneiras da população dos municípios de São Bernardo, Diadema e de
metade de Santo André, todos pertencentes ao ABC paulista. As
informações foram dadas pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo,
em audiência pública sobre contaminação de alimentos e água por
agrotóxicos realizada ontem (6), em Santo André. Os laudos são da
própria Sabesp e foram passados à Defensoria pela Semasa.
Nas
amostras analisadas, entre 2012 e 2015, a água da ETA Rio Grande contém
agrotóxicos como o glifosato, além de metais como cádmio, chumbo,
fluoreto, níquel, urânio, glifosato (agrotóxico), trihalometanos,
alumínio dissolvido e surfactantes. Também foram encontrados resíduos de
urânio, que é radiativo, o que chamou preocupa os agentes presentes à
audiência.
A
maioria dos contaminantes está dentro dos níveis permitidos pela
portaria 2.914, do Ministério da Saúde – que trata da potabilidade da
água, mas que prevê o monitoramento de apenas 27 dos 467 agrotóxicos
registrados no Brasil. Porém, a água apresenta níveis de chumbo 40%
acima do limite imposto pela portaria. "Esse mínimo de segurança não é
segurança. São produtos químicos tóxicos e não sabemos o que essa
mistura, a longo prazo, causa no nosso organismo, mesmo em pequenas
quantidades", afirmou a engenheira química Sônia Hess, professora e
doutora da Universidade Federal de Santa Catarina, que analisou os
laudos da Sabesp a pedido da Defensoria.
"Jogamos
todo tipo de imundície na nossa água, porque criou-se um mito de que lá
na estação de tratamento toda a sujeira sai, que o cloro tira tudo. Mas
isso não é verdade, os contaminantes químicos deixam resíduos", disse
Sônia.
Ela
explicou que a desinformação leva o glifosato a dominar o mercado
agrícola brasileiro de defensivos químicos. Pesquisas médicas
internacionais, segundo a engenheira, mostram que o glifosato é
potencialmente cancerígeno, além de induzir a diabetes, doenças
cardíacas, depressão, infertilidade, Mal de Alzheimer e Mal de
Parkinson. "Hoje 43,8% do mercado brasileiro usam o glifosato, porque
pouquíssimas pessoas sabem o quanto é perigoso", disse.
Além
do agrotóxico, os metais pesados como níquel, cádmio e trihalometanos
(subproduto criado da mistura do cloro e esgoto) também causam câncer.
"O câncer é a segunda causa de morte no Brasil e, diante desses números,
tende a aumentar", comentou Sônia.
Outro
dado que preocupou a engenheira química foi a presença de urânio na ETA
Rio Grande. "É preciso investigar de onde está vindo isso. Até
recomendo que sejam feitos os testes novamente, porque é muito grave",
afirmou. Já o chumbo, explicou, causa danos aos rins, fígado, sistema
nervoso, cérebro, órgãos reprodutores e à região gastrintestinal.
"Estamos
chegando a um ponto de quase não retorno com a água. E vale ressaltar
que a Vigilância Sanitária não fiscaliza, ou seja, a Sabesp é quem
fiscaliza a água que ela mesma entrega", observou o defensor público
Marcelo Novaes.
Procurada, a Sabesp não se manifestou.
Reportagem Rede Brasil Atual
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