Inserido por: Administrador em 30/10/2015.
Fonte da notícia: Egon Heck, do Secretariado Nacional, e Cimi Regional Goiás/Tocantins
Fonte da notícia: Egon Heck, do Secretariado Nacional, e Cimi Regional Goiás/Tocantins
No
entardecer do dia 28, um grupo de quase 300 indígenas participantes do I
Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, empunhando cartazes e faixas,
visibilizaram profunda indignação contra a aprovação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 215. Não estiveram fazendo um ato isolado.
Foi o resultado de uma somatória de descontentamentos e revoltas diante
das inúmeras situações de descaso, omissão e falhas principalmente em
relação à infraestrutura e ao tratamento dispensado às delegações de
indígenas que vieram a Palmas para participar do evento e para a venda
de seus artesanatos.
Conforme
C. Terena, um dos coordenadores, em torno de 70% do prometido não foi
cumprido. Esse fato se refletiu na precariedade das estruturas e
infraestrutura. Tudo foi montado às pressas, com montantes bem
superiores ao estabelecido. Fato esse que levou os organizadores a
pensar no cancelamento do evento, no início do ano.
Rola a bola e os protestos
A
aprovação da PEC 215 fez a bola rolar fora e dentro do campo. Tornou-se
o fator aglutinador de manifestações. Unificou descontentamentos e
indignações.
Um
dos mais contrariados com a decisão é Ubiratan Pataxó. O cacique disse
que se a PEC for colocada em votação em plenário, os indígenas vão
pressionar os parlamentares de uma forma justa e honesta. Mas não
descarta uma postura mais incisiva: “Se eles não ouvirem, vamos partir
para a guerra mesmo. Aí, não terá mais jeito. Os guerreiros estão
preparados” (Agência Brasil, 28/10/15).
Outra
liderança Pataxó também manifestou a disposição de seu povo: “Se for
preciso, vamos guerrear, vamos fazer uma movimentação geral. Se nós
fechamos as BRs do Brasil, nós paramos o país. Então, eles têm que ter
respeito"(G1, Tocantins, 28/10/2015).
Narúbia
Karajá também foi contundente: “Esse evento, ao mesmo tempo que é
triste, está sendo uma voz para nós que nunca somos ouvidos, que
sofremos” (Agência Brasil, 28/10/2015).
Em
consequência das manifestações e da interrupção dos jogos, a direção do
evento tomou algumas providências, como colocar grades dentro da arena
dos jogos para evitar o acesso aos microfones. Diante desta atitude, as
lideranças perguntam é: “Medo de quê? Por que tentar silenciar o
protesto contra a PEC 215”?
Manifestações de repúdio e solidariedade
Movimentos
sociais, pastorais, igrejas, entidades de direitos humanos, organismos e
instituições da sociedade civil, mais de 30 ao todo, divulgam nesta
tarde o “Manifesto de Palmas”, no qual expressam seu repúdio contra a
PEC 215 e expressam a confiança de que esse projeto seja rejeitado e
definitivamente enterrado:
“Lágrimas
de revolta, diante da morte anunciada com a aprovação da PEC 215 pela
Comissão Especial da Câmara dos Deputados.Os gritos de socorro ecoam
mundo afora. É hora de colocar o sofrimento na rua, numa grande aliança
de resistência e esperança. Não passarão. A sabedoria e união guiarão os
guerreiros da vida, da mãe terra e da paz.
Em
Palmas, Tocantins, as lideranças dos povos originários do mundo afirmam
que podem parar os jogos em protesto contra a PEC. Nós, dos movimentos
sociais e aliados dos povos indígenas, externamos nossa incondicional
solidariedade aos povos originários, diante de mais esse decreto de
morte de mais de 300 povos nativos do Brasil”
Leia aqui o Manifesto de Palmas na íntegra
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