O PT está mobilizando seus satélites de esquerda para a agitação política: na quinta, MPL; nesta sexta, feminázis; na semana que vem, racialistas...
Eis
que, na noite desta sexta, estava eu a conversar com um amigo num bar da
Avenida Paulista sobre tarefas de trabalho que temos na semana que vem
quando vejo um grupo avançando. Era uma passeata.
Encontrávamo-nos
num dos pontos do calçadão da Paulista, ao ar livre. Havia gente
batendo bumbo. Mau sinal. Havia mascarados. Sinal pior ainda. Havia umas
moças com os peitos à mostra. Pensei: “Bom sinal!!!”. Gosto de peitos à
mostra. Mas logo vi que eram peitos que pretendiam ser socos na cara…
Péssimo sinal!!!
A certa
distância, divisei uma faixa que dizia qualquer coisa sobre a
independência do útero. Outra, ao lado, protestava contra Eduardo Cunha.
Também havia estandartes do PT, do PSOL, do PSTU, da CUT… “Melhor
entrar.” Peguei a minha caipirinha e fui pra dentro.
Mas sabem
como é… Essas senhoras burguesas, de todos os sexos, se cansam, não? Dá
vontade de tomar um drinque, de comer alguma coisinha… Um grupo entrou
no bar. Não é boteco de três merréis…
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Àquela
altura, eu já tinha percebido que a passeata era contra Eduardo Cunha,
em favor do aborto, contra os evangélicos, a favor da diversidade
sexual, contra o conservadorismo, contra o golpe (eles chamam “golpe” a
destituição legal de Dilma) etc. E já tinha percebido também que, dados
todos os inimigos, o principal mesmo era o feto. As feminázis, inclusive
as feminázis barbudas, eram contra o feto, este monstro!!!
Ah, sim:
encerrando a passeata, duas bandeiras da… Autoridade Palestina. Ora
vejam: já que se vai protestar contra Cunha, contra o machismo, contra
os evangélicos, em favor do aborto e da tal diversidade, por que não dar
um cacete em Israel? Aí o pacote fica completo.
Estratégia petista
Antes que avance na narrativa, a questão de fundo: tudo isso se chama “PT”. Eu estou passando uma informação. O establishment petista convenceu os seus satélites de esquerda que existe uma onda conservadora no país. E que é preciso ocupar as ruas.
Antes que avance na narrativa, a questão de fundo: tudo isso se chama “PT”. Eu estou passando uma informação. O establishment petista convenceu os seus satélites de esquerda que existe uma onda conservadora no país. E que é preciso ocupar as ruas.
Não dá para
sair em defesa de Dilma e do partido. Então é preciso revigorar as
causas laterais. Na quinta, quem ressurgiu foi o Movimento Passe Livre.
Nesta sexta, foi a vez do feminismo. Na semana que vem, provavelmente,
serão os racialistas… E assim vai.
Volto ao ponto
Eu estava quieto, no meu canto, tomando a minha caipirinha. Eis que entra um grupo de mulheres (originalmente, eram, até onde pude perceber) na faixa dos 50, acompanhadas de um gay — ele queria me beijar!!! — de uns 20 e poucos, barbudo. Ficou visível que elas tentavam ensinar o rapaz a ser um forte, e ele tentava ensinar a suas amigas a ser sensível. Uma troca linda!
Eu estava quieto, no meu canto, tomando a minha caipirinha. Eis que entra um grupo de mulheres (originalmente, eram, até onde pude perceber) na faixa dos 50, acompanhadas de um gay — ele queria me beijar!!! — de uns 20 e poucos, barbudo. Ficou visível que elas tentavam ensinar o rapaz a ser um forte, e ele tentava ensinar a suas amigas a ser sensível. Uma troca linda!
Olham pra
mim, e uma delas diz: “Gente como ele, e me indicou com o olhar e as
sobrancelhas, deveria ser proibida de entrar um bar”.
Entenderam?
As feticidas não querem gente como eu no bar.
As feticidas não querem no bar quem não pense o que elas pensam.
As feticidas acham que os espaços públicos devem ser ocupados apenas pelos seus iguais.
Bem, fiz o
óbvio. Sentei-me à mesa do grupo e perguntei o que eles tinham contra a
democracia. Aí a menina barbuda me disse: “No bar, você pode ficar (ah,
obrigado, moça!), mas não na nossa mesa”.
Respondi: “É que eu havia entendido que vocês são contra a minha presença aqui”.
Conheço pela
fedentina ideológica. Eram petistas — tanto que logo abandonaram a
passeata, né? — disfarçadas de militantes libertárias. Eu lhes disse o
óbvio:
“Por que vocês não perseguem quem, ao menos, pode correr? O feto nem pode correr! Que covardia!”
Aí uma das
senhoras — o grupo, note-se, era composto só dos sem-companhia — disse à
outra: “Não responda! Não responda!”. Bem, quem respondia ali à
agressão era eu. Elas é que haviam me atacado.
Uma delas —
aquela há mais tempo amargando a solidão forçada, o rancor, a amargura —
resolveu aplaudir, como se eu quisesse plateia. Mas eu já tenho. Era eu
ali quem dava uma esmola de atenção àqueles úteros secos, marcados pelo
deserto, pela falta de opção, pelo triunfo da morte sobre toda coisa
viva.
Tinha o que
fazer. Eu me despedi dos petistas assim: “Agora eu vou trabalhar porque
não tenho partido para pagar as minhas contas”.
A moça barbuda me mandou um beijinho, como se isso me ofendesse. Há bichas que ainda acham que esse tipo de coisa incomoda.
Essa gente
triste, seca, obrigada a sair em bando de iguais que se repelem, durante
a noite, para se livrar de suas misérias íntimas, causa-me pena, não
rancor. Imaginem que miserável deve ser chegar à própria casa sem
ninguém com que conversar, olhar-se no espelho e pensar: “Será que
existe alguma passeata amanhã?”. Há solidões virtuosas, claro. Mas ali
não era o caso. Eram todas tão tristes! Quase me comovi.
O que
importa neste post, do ponto de vista político, é isto aqui: o PT chegou
à conclusão de que não tem como se defender com sua própria cara e
resolveu apelar a movimentos de ditas minorias para denunciar uma
suposta onda conservadora.
As mobilizadas desta sexta foram as de útero seco e as que útero nunca terão.
PS – Sério:
quase deixo pra lá. Uma delas se parecia muito com minha mãe, com a
diferença de que vi que ela não tem para quem rezar.
Não é apenas o seu útero que é seco — o que explica o ódio aos fetos. Ela também é seca de afetos.
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