Canuto ressaltou que é “muito difícil” o trabalho do ministro da Fazenda num contexto de economia em recessão e com necessidade de realizar ajuste fiscal. Ele destacou que, mesmo que por hipótese ocorresse uma mudança de governo com substituição de Levy, seu eventual sucessor “terá que assumir o mesmo caroço (nas contas públicas) que está aí.”
Para o diretor executivo do FMI, “no curto prazo, ou veremos deterioração fiscal ou teremos que aceitar alta da carga tributária.”
Segundo ele, o ajuste das contas federais precisará de alta de impostos, pois há um quadro de piora dos resultados do setor público consolidado e retração da economia muito acima do esperado, o que afeta as receitas do governo.
“Ninguém esperava que o ponto de partida fiscal fosse tão ruim no início deste ano”, disse, referindo-se ao déficit primário de 0,6% do PIB em 2014. “Também não vi ninguém no começo do ano estimar uma recessão com queda do PIB de 3% para este ano, com uma redução da arrecadação tributária proporcional a esta queda do Produto Interno Bruto.”
Para Canuto, a CPMF é, entre todos os tributos, o menos pior para colaborar com o governo para viabilizar o ajuste fiscal para o próximo ano. “Não me parece que há alternativa menos ruim que a CPMF”, disse.
Canuto afirmou também que não acredita que a presidente Dilma Rousseff voltará a adotar “políticas populistas” na área fiscal, que foram implementadas no primeiro mandato. Entre elas, a elevação dos gastos públicos com apoio de aumento de liberação de recursos para financiamentos de bancos oficiais. “Não vejo probabilidade elevada de volta desses experimentos no Brasil”, disse.
De acordo com ele, há “reações explícitas da presidente Dilma Rousseff” de apoio à atual política econômica de Levy, especialmente depois do “envio desastroso de proposta do Orçamento negativo (de 2016) ao Congresso”. Tal fato foi um dos principais elementos que levaram a Standard & Poor’s a retirar o grau de investimento do País. “Mesmo na hipótese de não ocorrer impeachment, não vejo que (o governo) vá retornar às políticas populistas do primeiro mandato.”
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