"Planalto vê espaço para debate com a sociedade, diz o Estadão. É muita
cara de pau, vindo de um governo que 65 por cento da população quer ver
pelas costas e que conta com o apoio de apenas um entre 10 brasileiros.
Não, dona Dilma, não desistiremos do impeachment:
A baixa presença de manifestantes nos atos pelo impeachment da
presidente Dilma Rousseff deixaram o governo aliviado, embora a postura
de cautela tenha predominado nas análises iniciais do último domingo.
Agora, o Palácio do Planalto espera poder fazer o que tem sido chamado
de “debate com a sociedade” para evitar o afastamento da petista.
O
único a comentar publicamente os protestos realizados ontem foi o
ministro Edinho Silva (Comunicação Social). Após conversar por telefone
com o colega da Casa Civil, Jaques Wagner, Edinho fez declarações
diplomáticas em relação às manifestações, chamadas de “normais em um
regime democrático”, e sem estimular o embate com os adversários do
governo. “Tudo dentro da normalidade em um País democrático, que
respeita a legalidade, que respeita as instituições, um Brasil que
estamos construindo com muita dedicação democrática”, afirmou o
ministro.
Segundo a assessoria do Planalto, Dilma permaneceu o dia todo no
Palácio do Alvorada, sem receber visitas. As vias de acesso à residência
oficial tiveram um dia típico de domingo, com pouco trânsito e turistas
ao redor. A poucos quilômetros dali, na Esplanada dos Ministérios, o
ato pelo impeachment reunia 3 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.
Nas análises repassadas por telefone, auxiliares do governo
registraram que a presidente não foi poupada nos protestos, mas nenhuma
outra figura política foi cortejada pelos manifestantes. Também houve
protestos contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que na semana
passada ensaiou uma ruptura com o governo por meio de uma carta de
queixas, e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Manifestantes pediram a saída dos dois.
Debate. O
governo avalia que terá o período de festas de fim de ano e de férias
escolares para tentar esfriar o clima de tensão política. Pelo menos até
março não estão previstas grandes manifestações. É o tempo que o
Planalto considera fundamental para reavaliar estratégias políticas e
ganhar força na opinião pública.
Para auxiliares da presidente, a tese do impeachment, emplacada pela
oposição na última semana, ainda não chegou totalmente à sociedade.
Nessa análise, o governo ainda teria espaço para disputar a opinião
pública.
A meta é intensificar, nas próximas semanas, iniciativas de
“esclarecimento” à população de que os argumentos seriam políticos, e
não jurídicos. Ministros próximos da presidente defendem reforçar o
discurso de ligar a aceitação do pedido de impeachment a Cunha, que foi
denunciado por suspeita de manter dinheiro de propina no exterior.
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