O FINANCISTA
Notícia Publicada em 18/12/2015 19:55
Notícia Publicada em 18/12/2015 19:55
Depois de cair ao menor nível desde 2009, Ibovespa seguirá em queda e dólar subirá a R$ 4
Mercado não gostou da
escolha de Nelson Barbosa para a Fazenda (Reuters/Ueslei Marcelino)
Nesta sexta-feira (18), já antecipando a mudança, o Ibovespa afundou 2,98%, aos 43.910 pontos – no menor patamar desde 7 de abril de 2009. O dólar avançou 1,48%, cotado a R$ 3,9468 na venda. No mercado à vista, a moeda chegou à máxima de R$ 3,9843 após a confirmação de Barbosa na Fazenda.
“Um ponto que temos certeza é que a bolsa não vai ter aquele rali natalino que costuma ter. Com a dificuldade da situação econômica e a perspectiva ainda negativa para o próximo ano não deixa espaço para tal movimento”, diz Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos.
Ignacio Crespo Rey, economista da Guide, avalia que o mercado estará atento à nova composição da equipe econômica, incluindo os assessores. O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, será o novo ministro do Planejamento.
“No atual cenário político dificilmente o mercado consegue precificar melhora em tão curto tempo, principalmente porque parece que a solução foi mais caseira, como disseram. É muito difícil que o mercado retome as expectativas. Este vai ser o tom da última semana antes do Natal”, diz Rey.
Há uma percepção negativa nos mercados em relação ao novo comandante da Fazenda em meio à expectativa de que ele acene para o afrouxamento do crédito, entre outras medidas.
“Troca é vista como uma inflexão na direção da heterodoxia. Mesmo com as alterações, não acredito que será restabelecida uma confiança no Brasil no curto prazo”, afirma Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do Credit Agricole.
“Embora o Levy não tenha conseguido implementar nada, o medo é que volte contabilidade criativa. Na prática deve mudar pouca coisa, mas deve ter instabilidade nos primeiros dias e o dólar deve romper os R$ 4”, acrescenta João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos.
Caramaschi destaca que o âmbito político que ditou fortemente o ritmo dos pregões nas últimas semanas – excluindo o que gira em torno da nova equipe econômica – entrará em ritmo de férias.
Em meio ao pessimismo, Rey não descarta queda pontual do dólar e alta do Ibovespa em um movimento de realização de lucros.
Shin Lai, analista de investimentos da Spinelli, pondera que Barbosa tem um trânsito político melhor que o de Levy e isso pode facilitar a implantação de medidas que beneficiem a economia. “Precisa ver como se executa na prática, mas ele tem muito mais entrosamento”, pontua Lai.
Agenda
Praticamente esquecida em meio ao cenário político e econômico, a agenda da próxima semana trará poucas emoções, mas vale a pena ficar de olho em algumas divulgações.
Na terça-feira (22) será divulgado o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos referente ao terceiro trimestre e na quarta-feira (23) serão conhecidos os números de renda e gasto pessoal, encomendas de bens duráveis, todos referentes a novembro.
O índice de confiança do consumidor relativo a dezembro será divulgado no mesmo dia.
“O crescimento dos Estados Unidos pode mensurar a expressividade da recuperação da economia dos EUA”, avalia Caramaschi.
No mercado doméstico, Ignacio Rey, economista da Guide, destaca o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quarta-feira
“O principal ponto é que o Banco Central vai revisar os modelos de previsão de inflação para cima justificando elevação da Selic. O BC deve aumentar a projeção da inflação para o fim de 2016, afastando-se da meta”, explica Rey.
Somado ao pessimismo da troca de ministros, o RTI deve ajudar a manter os juros futuros com vencimento no curto prazo ainda mais pressionados.
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