segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ai de ti, Ilha Grande

Por Emanuel Alencar
Emanuel
Um dos mais aprazíveis destinos turísticos do Brasil começou mais um ano com um triste enredo já visto diversas vezes por seus moradores e visitantes.


A Vila do Abrão, principal centro receptor de turistas da Ilha Grande, na Costa Verde fluminense, padece com acumulo de lixo, total falta de controle do transporte marítimo, apagões duradouros de energia elétrica, ruas na penumbra.


Quem contava com freezers e geladeiras para gelar as bebidas no réveillon brindou a chegada de 2016 com espumantes quentes: a passagem de ano no Abraão foi marcada pela falta de luz interrompida das 20h30 às 01h30. O amigo leitor não entendeu errado: cinco horas no breu.


“Nada de novo — ou de ruim — em relação aos anos anteriores. Dessa vez, porém, há dois agravantes: o fluxo de visitantes tem exponencialmente aumentado (mais de 18 mil visitantes na virada do ano, segundo dados estimados por gente local e não confirmados) e a demora em trazer a situação aos níveis aceitáveis”, observa Alexandre Oliveira, presidente do Comitê de Defesa da Ilha Grande (Codig).

Não raro, pilhas de lixo podem ser vistas nas esquinas do Abraão. Mesmo sem chuva, a coleta tem sido de baixíssimo rendimento. Alexandre lembra que toda essa situação inaceitável ocorre 14 anos após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Ilha Grande,até hoje descumprido. Se as multas aplicáveis ao descumprimento do TAC fossem cobradas, ele observa, chegariam a cerca de R$ 123 milhões (só a prefeitura de Angra ficaria com o encargo de R$ 74 milhões, sendo que pelo plano de resíduos sólidos, chegariaà bagatela de R$ 25 milhões).

Sobre os apagões, ninguém sabe, ninguém viu.  A prefeitura de Angra e a sua autarquia TurisAngra não deram declarações em suas respectivas páginas na internet. Totalmente desregrado, o transporte marítimo entre Angra dos Reis, Conceição de Jacareí, Mangaratiba e a Vila Abraão só aumenta no quesito número de passageiros transportados. Em qualidade, o serviço, que ainda aguarda um marco legal e fiscalização, segue ladeira abaixo.

O governo do estado, por meio da Secretaria do Ambiente, tem batido da tecla da necessidade de estabelecer mais controle nos acessos à ilha, protegida por um parque estadual, uma reserva, e uma Área de Proteção Ambiental (APA). A cobrança de ingresso de acesso está sendo estudada. Seria bom que além das ações de ordenamento, serviços básicos pudessem ser oferecidos por lá.

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Nesta segunda-feira, dia 18, comemora-se o dia estadual da Baía de Guanabara. Apesar dos avanços nos últimos anos, a falta de saneamento em seu entorno é motivo de enorme vergonha para os cariocas e brasileiros. Mas a baía insiste em sobreviver. Parabéns à nossa belíssima Guanabara! Que possamos, todos nós, tratá-la melhor.

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