segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Procurador cria força-tarefa para investigar Fernando Capez


Fernando Capez


Por Fausto Macedo


25/01/2016, 05h00

Elias Rosa, chefe do Ministério Público do Estado, vai investigar denuncia contra presidente da Assembleia Legislativa de Sao Paulo por fraudes na merenda
Para Elias Rosa, documento que aponta "crise orçamentária" no MP "não guarda nenhuma proximidade com a realidade". Foto: Rafael Arbex/Estadão
Marcio Fernando Elias Rosa”. Foto: Rafael Arbex/Estadão


O procurador geral de Justiça, Marcio Fernando Elias Rosa, criou uma força-tarefa para investigar denúncias de envolvimento do presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo deputado Fernando Capez (PSDB) em esquema de fraudes da merenda escolar desmontado na Operação Alba.



O grupo será presidido pelo próprio chefe do Ministério Público do Estado e terá a participação dos procuradores Nelson Gonzaga, ex corregedor geral da Instituição, o procurador Nilo Spinola Salgado Filho e dois promotores de Bebedouro, no interior paulista, sede da COAF – cooperativa onde se teria instalado organização criminosa que distribuía propinas a agentes públicos no valor de até 25 por cento sobre contratos de venda de produtos agrícolas para a merenda.


Capez é citado em vários depoimentos de investigados da Operação Alba, deflagrada na terça feira, 19, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Dois assessores de Capez também são apontados na trama que envolve pelo menos 22 prefeituras e verba da Secretaria da Educação do Estado.
Fernando Capez. Foto: Divulgação/Alesp
Fernando Capez. Foto: Divulgação/Alesp


Um assessor de confiança do secretário chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin é outro alvo da investigação: Luiz Roberto dos Santos, o Moita, foi afastado da assessoria de Edson Aparecido um dia antes de a Operação Alba ser deflagrada. A competência para investigar o caso é do procurador-geral de Justiça porque Fernando Capez é procurador de Justiça de carreira e deputado.


Elias Rosa não está tirando o inquérito das mãos dos promotores da Comarca de Bebedouro.


O procurador-geral quer manter no caso os promotores que iniciaram a apuração. Com essa parceria ele afasta especulações de que iria interferir em um episódio que envolve um colega de carreira.
O procurador-geral pretende ainda adotar a mesma estratégia da Operação Lava Jato com relação a competência sobre inquérito que cita parlamentar federal – alvos da Operação Alba Branca apontaram o nome do presidente estadual do PMDB, Baleia Rossi, que é deputado federal.


Na Lava Jato, a parte que envolve políticos com foro privilegiado ficou sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal. A parte que cita ex diretores da Petrobrás, empreiteiros e deputados ficou nas mãos do juiz federal Sergio Moro, em Curitiba.


O procurador geral de São Paulo vai manter sob atribuição da Promotoria de Bebedouro a fatia da Alba Branca que cita empresários, lobistas e servidores públicos. Sob sua responsabilidade, Elias Rosa vai manter a investigação que aponta para Fernando Capez e prefeitos.


“Vou pedir aos promotores colegas da Comarca de Bebedouro compartilhamento dos dados do inquerito da Alba Branca”, disse o procurador-geral.


Capez e Baleia negam taxativamente implicações na fraude da merenda. ‘Moita’, que é funcionário da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e era braco direito de Edson Aparecido na Casa Civil de Alckmin, não foi localizado.

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