terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Contaminação na USP Leste faz alunos percorrerem 35 quilômetros para ter aula


Campus foi fechado em dezembro após contaminação por gás metano; professores e alunos relatam que as condições também não são adequadas no Butantã
Alexandres Saconi, do R7
Reposição de aulas da EACH - USP Leste - no Instituto de Psicologia, na USP ButantãAlexandre Saconi
Calendário as aulas de reposição da USP Leste é fixado com um dia de antecedência no mural 
do campus Butantã


A reposição de aulas da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) da USP (Universidade de São Paulo) começou no dia 13 de janeiro, mas o ritmo das aulas não é mais o mesmo do campus da zona leste da capital paulista.

Após a Justiça decretar a interdição do campus leste da universidade devido à contaminação por gás metano, os alunos tiveram de rodar cerca de 35 km por mais de uma hora e 30 minutos usando transporte público para repor as aulas prejudicadas por greves que aconteceram  no ano passado.

Professores e alunos da USP Leste reclamam das condições no campus do Butantã

Em meio a muitas incertezas, os poucos alunos que se locomoveram até o outro extremo da cidade, no Butantã (zona oeste), se queixam do longo trajeto e das condições em que as aulas são ministradas.

Nadine Ranieri, aluna do curso de licenciatura em ciências da natureza, pondera que a distância entre o campus escolhido e o local onde as aulas estão sendo repostas atrapalha os estudantes.

—  Desde que a reposição de aulas começou só pude vir hoje porque moro em Guarulhos.  O campus do Butantã é muito longe. Eu acho que este deslocamento vai ser muito ruim, pois muitos trabalham e moram na zona leste. Inclusive, se as aulas fossem durante a noite, ia ser muito ruim para mim, para chegar a tempo. Eu acho que não daria para voltar [para casa].

Nadine ainda pondera que a escolha do local está ligada não só ao curso, mas também à rotina diária da pessoa.

—  O pessoal acaba escolhendo o curso pra lá, naquele campus de lá. Fica difícil ter de se deslocar até aqui quando a pessoa não escolheu em um primeiro momento.

As aulas de reposição vão até o dia 31 de janeiro no IP (Instituto de Psicologia), no Butantã. As aulas e provas de recuperação ocorreriam nas duas semanas seguintes, até o dia 14 de fevereiro.

A partir do dia 17, os alunos da EACH perderiam seu espaço com a volta oficial das aulas em toda a universidade, e, consequentemente, a ocupação das salas de aula do IP com os alunos do local. Sobre esta volta às aulas, a reitoria da USP ainda não tem uma posição definitiva, dizendo que está fazendo o possível para contornar os problemas encontrados na universidade.

Outro reflexo da reposição das aulas longe do campus original é o calendário apertado. Giovana Fernandes, aluna do curso de sistemas de informação, ponderou que, faltando duas semanas para o término das aulas de reposição, ainda não há uma posição da faculdade sobre onde serão as aulas do ano letivo de 2014, cujo calendário está apertado.

— O calendário deste ano está horroroso, por causa da Copa. No calendário de 2014, nós praticamente não teremos aula em junho.

O longo intervalo entre as aulas, devido aos problemas no campus da zona leste, também são alvo de crítica.

— A universidade ficou em greve no ano passado, e o campus foi interditado dois dias antes de termos nossas provas. Ficamos um mês sem ter matéria nem contato com o professor, e só estamos tendo prova agora. Se você tem alguma dúvida enquanto está estudando, não tem com quem conversar, pois o professor não está disponível.

A professora Gisele da Silva Craveiros, do curso de sistemas de informação, também reforça que o fechamento do campus da zona leste influencia no desempenho dos alunos, pois eles não têm condições plenas para o estudo.

— O aluno vai ter uma prova de determinada matéria, e não tem condições de estudar, pois o livro-texto daquele assunto está trancado na biblioteca de lá [campus da zona leste].

Gisele também lembra que há diversos materiais e seres vivos que, com o fechamento do campus, deixariam de ser supervisionados.

— Há materiais caros, reagentes delicados, seres vivos, que, com o fechamento da unidade, não são mais vigiados.
 

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