Caio do Valle - O Estado de S.Paulo
O novo sistema de Zona Azul eletrônica que a Prefeitura
planeja implementar em São Paulo permitirá aos motoristas reservar vagas
na rua antes de sair de casa, por meio de aplicativos no celular, e
pagar o serviço usando o Bilhete Único.
Com a atualização do sistema, o
que incluirá a instalação de parquímetros, há a expectativa de acabar
com a ação dos flanelinhas e as fraudes no serviço, além de ampliar a
rotatividade das vagas.
Em uma audiência pública realizada ontem na zona oeste da capital
paulista, o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, afirmou
que espera iniciar o projeto ainda neste ano. O edital será lançado em
20 de fevereiro.
Em dois anos, até o fim da gestão Fernando Haddad (PT),
todo a área de Zona Azul da cidade deverá estar alterada para a
modalidade eletrônica, que será gerida por uma empresa ou consórcio, por
meio de concessão pública.
"Você aumenta a mobilidade, reduz o tempo que o usuário do carro fica
no trânsito, procurando vaga, diminui o congestionamento. A própria CET
detecta que um dos motivos do problema do trânsito em São Paulo é o
tempo que a pessoa fica para aguardar ou procurar uma vaga", disse
Tatto.
Trata-se de uma das primeiras grandes medidas voltadas ao
transporte individual tomadas pelo governo Haddad. A outra é a ampliação
do rodízio para mais 371 km de vias, prevista para abril.
Para Silvio Médice, presidente da Associação Brasileira das Empresas
de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), São Paulo está atrasada na gestão
de tráfego. "A eletrônica veio para ajudar. Traz benefícios diretos e
indiretos, como a redução da emissão de poluentes."
Não foram divulgados custos do projeto, mas a quantidade de vagas de
Zona Azul poderá saltar das atuais 36.771 para 60 mil - o número exato
constará do edital, bem como se a concessão durará por 20 ou 30 anos.
Para Tatto, o modelo atual de estacionamento rotativo pago na
capital, baseado em talões de papel, é "atrasado". Ele leva em conta o
que é praticado em outras metrópoles, como Londres, Amsterdã, Paris e
Nova York. Elas têm redes de parquímetros. E mesmo cidades brasileiras,
como Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, e São Carlos, no interior
paulista, contam há anos com esse tipo de sistema.
Eficiência. A Secretaria Municipal dos Transportes informou que
pretende ampliar o faturamento da Zona Azul com o mecanismo eletrônico.
Na forma vigente hoje, em média, apenas quatro veículos pagam por dia
para usar cada vaga. "É muito pouco", disse Tatto. Dessa forma, das 66
horas semanais disponíveis por vaga, só 16 horas trazem receita para a
CET. Na modalidade eletrônica, o aproveitamento irá aumentar.
Com o sistema proposto, o motorista poderá ver em seu smartphone, por
exemplo, o número de vagas em um quarteirão, em tempo real. Também
serão apresentados os custos de cada estacionamento, já que o valor
deverá variar de região para região - hoje o preço é fixo: R$ 3 por
folha de Zona Azul.
O acesso ao vivo a essas informações será possível graças a sensores
instalados no asfalto nas vagas de Zona Azul, que indicarão para uma
central os pontos onde já há carros estacionados.
A reserva de vaga
antecipada ocorrerá por meio do aplicativo, com pagamento pela internet.
Uma luz vermelha piscará na vaga indicando sua indisponibilidade para
outros motoristas. Quem desrespeitar terá de enfrentar multa ou
guinchamento.
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