Pedro Luiz Rodrigues Diário do Poder
Publicado: 13 de fevereiro de 2014 às 13:35
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja
minguada afeição pela imprensa é pública e notória, visitou ontem a sede
do New York Times, na Oitava Avenida. Muito à vontade, sentindo-se em
casa (pois afinal é colunista do jornal) declarou aos jornalistas do
Times que não tem a intenção de se apresentar como candidato à
Presidência da República na hipótese de a recandidatura da Presidente
Dilma Rousseff perder gás nos próximos meses.
Os jornalistas americanos, muito crédulos, acreditaram piamente no que ouviram. Aqui no Brasil, onde já aprendemos a dar enormes descontos ao que diz o ex-Presidente, a informação será tratada com as devidas reservas. Afinal, não são poucos os líderes do PT – livres ou presos- que têm manifestado, sem nenhum constrangimento, sua preferência pelo retorno de Lula à cadeira presidencial. Estão verdadeiramente cansados de tudo isso que está aí.
Mas voltemos à conversa de Lula com os jornalistas do NYT.
Disse ainda o ex-Presidente, compenetrado, que apesar das dificuldades econômicas pelas quais tem atravessado o Brasil nos anos Dilma, não seguiremos o mesmo modelo de competitividade da China, baseado em baixos salários, para promover o crescimento. Disse, também, igualmente sério, que o futuro do Brasil deve passar por uma verdadeira revolução na área da educação e na promoção de “uma força de trabalho tecnologicamente habilitada”.
Os chineses, que cresceram 9,1% em 2011; 7,8% em 2012 e algo em torno disso em 2013, devem estar dando gargalhadas com o comentário. Nossos resultados de crescimento econômico, no mesmo período, foram: 2,7% (2011), 1,0% (2012) e 2,2% (estimativa para 2013).
Algum assessor mais zeloso deveria também ter passado a Lula o último ranking de instituições de ensino superior dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros 17 países emergentes como Turquia, Tailândia e México. No topo da lista estão duas universidades chinesas (Universidade de Pequim e Universidade de Tsinghua), enquanto a melhorzinha do Brasil, a USP, vem num sofrido 11º lugar.
Aliás, das cem melhores universidades dos países emergentes, 23 são chinesas. Brasileiras, apenas quatro. Além da USP, a Unicamp (24º lugar), a UFRJ (60º ) e a Unesp (87º ).
Lula disse também que a alta dos salários no Brasil melhorou a situação dos trabalhadores e fortaleceu o crescimento (sic) do País. O mesmo assessor deveria ter passado a ele trabalho recente do IPEA (setembro de 2013), órgão do Governo Federal, que assinala estar precisando o Brasil encontrar o rumo da produtividade para viabilizar o crescimento econômico.
Entre 2000 e 2009, diz o estudo, as taxas de crescimento da produtividade ficaram em média em 1%, ao passo que as taxas de crescimento do PIB per capita alcançaram 2%, 2,5%. A diferença indica que no Brasil se precisa de mais gente para produzir a mesma coisa.
Mas por que permitir que os dados da realidade empanem a visão otimista?
“We’re doing well as we are today” (“Estamos indo bem do jeito que estamos”), disse Lula ao New York Times. E chutou alto, ao dizer que o Brasil busca tornar-se competitivo para concorrer com as economias dos países industrializados como os Estados Unidos, a Alemanha e a Coréia do Sul”.
Nenhuma palavra sobre o cronograma atrasadíssimo das obras do PAC.
Nenhuma palavra sobre a refinaria Abreu e Lima (em Pernambuco) estar custando dez vezes mais do que o projetado e não ter até agora entrado em funcionamento.
Nenhuma palavra sobre o anúncio fajuto feito ainda nos anos Lula de que o Brasil se tornara auto-suficiente em petróleo (enquanto a realidade foram importações de US$ 40 bilhões em petróleo e derivados em 2013).
Nenhuma palavra sobre a realidade.
Os jornalistas americanos, muito crédulos, acreditaram piamente no que ouviram. Aqui no Brasil, onde já aprendemos a dar enormes descontos ao que diz o ex-Presidente, a informação será tratada com as devidas reservas. Afinal, não são poucos os líderes do PT – livres ou presos- que têm manifestado, sem nenhum constrangimento, sua preferência pelo retorno de Lula à cadeira presidencial. Estão verdadeiramente cansados de tudo isso que está aí.
Mas voltemos à conversa de Lula com os jornalistas do NYT.
Disse ainda o ex-Presidente, compenetrado, que apesar das dificuldades econômicas pelas quais tem atravessado o Brasil nos anos Dilma, não seguiremos o mesmo modelo de competitividade da China, baseado em baixos salários, para promover o crescimento. Disse, também, igualmente sério, que o futuro do Brasil deve passar por uma verdadeira revolução na área da educação e na promoção de “uma força de trabalho tecnologicamente habilitada”.
Os chineses, que cresceram 9,1% em 2011; 7,8% em 2012 e algo em torno disso em 2013, devem estar dando gargalhadas com o comentário. Nossos resultados de crescimento econômico, no mesmo período, foram: 2,7% (2011), 1,0% (2012) e 2,2% (estimativa para 2013).
Algum assessor mais zeloso deveria também ter passado a Lula o último ranking de instituições de ensino superior dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros 17 países emergentes como Turquia, Tailândia e México. No topo da lista estão duas universidades chinesas (Universidade de Pequim e Universidade de Tsinghua), enquanto a melhorzinha do Brasil, a USP, vem num sofrido 11º lugar.
Aliás, das cem melhores universidades dos países emergentes, 23 são chinesas. Brasileiras, apenas quatro. Além da USP, a Unicamp (24º lugar), a UFRJ (60º ) e a Unesp (87º ).
Lula disse também que a alta dos salários no Brasil melhorou a situação dos trabalhadores e fortaleceu o crescimento (sic) do País. O mesmo assessor deveria ter passado a ele trabalho recente do IPEA (setembro de 2013), órgão do Governo Federal, que assinala estar precisando o Brasil encontrar o rumo da produtividade para viabilizar o crescimento econômico.
Entre 2000 e 2009, diz o estudo, as taxas de crescimento da produtividade ficaram em média em 1%, ao passo que as taxas de crescimento do PIB per capita alcançaram 2%, 2,5%. A diferença indica que no Brasil se precisa de mais gente para produzir a mesma coisa.
Mas por que permitir que os dados da realidade empanem a visão otimista?
“We’re doing well as we are today” (“Estamos indo bem do jeito que estamos”), disse Lula ao New York Times. E chutou alto, ao dizer que o Brasil busca tornar-se competitivo para concorrer com as economias dos países industrializados como os Estados Unidos, a Alemanha e a Coréia do Sul”.
Nenhuma palavra sobre o cronograma atrasadíssimo das obras do PAC.
Nenhuma palavra sobre a refinaria Abreu e Lima (em Pernambuco) estar custando dez vezes mais do que o projetado e não ter até agora entrado em funcionamento.
Nenhuma palavra sobre o anúncio fajuto feito ainda nos anos Lula de que o Brasil se tornara auto-suficiente em petróleo (enquanto a realidade foram importações de US$ 40 bilhões em petróleo e derivados em 2013).
Nenhuma palavra sobre a realidade.
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