Em dois dias, partido sofre dois abalos: autorização para abertura de inquérito policial em São Paulo contra vereador Andrea Matarazzo, e renuncia de mandato parlamentar de ex-governador Eduardo Azeredo; casos devem se alongar durante ano eleitoral; relator Luís Roberto Barroso tende a não aceitar retirada do processo do chamado mensalão mineiro do âmbito do STF; investigações da polícia paulista devem manter ex-ministro tucano na berlinda; partido acostumado a atacar PT no campo da ética tem dois de seus próceres fragilizados nesse mesmo quesito
O partido levou duas estaladas seguidas, nas quais entraram com sofrimentos para o noticiário político-policial dois de seus quadros mais emblemáticos. O vereador Andrea Matarazzo, em São Paulo, e o ex-governador Eduardo Azeredo, em Minas, subiram em definitivo para a berlinda em pleno ano eleitoral.
O primeiro foi Andrea, como o vereador mais votado da capital paulista é chamado dentro da cúpula do partido. Ele foi tesoureiro da campanha de reeleição do então presidente Fernando Henrique após ter sido secretário de Energia e presidente da Cesp no governo de Mario Covas em São Paulo.
Daquelas posições, Matarazzo será investigado, agora, em inquérito policial exclusivo, por suspeita de envolvimento no escândalos de distribuição de propinas e formação de cartel Alstom-Siemens.
De acordo com o noticiário da eleição de 1998, Matarazzo conseguiu recolher cerca de US$ 3 milhões para a campanha vitoriosa de FHC. A autorização judicial para a investigação sobre ele foi concedida na terça-feira 18.
Nesta quarta-feira 19, o brilho ao contrário para o prestígio do PSDB foi proporcionado pelo ex-governador Eduardo Azeredo.
Ele renunciou ao seu mandato de deputado federal, após ter sido denunciado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal.
Pesa sobre Azeredo um pedido de condenação a 22 anos de prisão por corrupção, desvio de dinheiro e formação de caixa dois.
A manobra que ele executou, porém, de abrir mão do mandato para escapar do julgamento no STF pode não dar certo. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que vai avaliar se houve a intenção, no gesto, de buscar uma escapada deliberada do Supremo para, a partir da primeira instância da Justiça comum, ganhar prazos e direito a recursos.
Os problemas de Matarazzo e Azeredo não faziam parte das contas políticas dos tucanos. O comando do partido não podia calcular o tamanho dos estragos, em curso, do escândalo Alstom-Simens. Eles pode ser vistos em todas as administrações da legenda em São Paulo.
O próprio governador Geraldo Alckmin, interessado em minimizar os efeitos do caso durante sua campanha de reeleição, já declarou que espera pela punição exemplar dos culpados.
Em Minas, terra do presidenciável Aécio Neves, o caso do chamado mensalão mineiro já vinha sendo assimilado pela legenda.
Havia a aposta, entretanto, de que o STF não entrasse tão cedo na apreciação do episódio. A agilidade do procurador-geral e a relatoria do ministro Barroso não estavam nos planos.
Se Azeredo conseguir escapar para a primeira instância, o PSDB sairá de todo o imbroglio até aqui no lucro político.
Mas se o STF, por meio do ministro Barroso, decidir que vai mesmo julgar o caso até o fim, não faltarão notícias para os petistas trocarem chumbo com o PSDB – eles que só estavam apanhando.
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