quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

NADA DE CAVIAR, VAMOS FALAR DO SOCIALISMO CLASSE-MÉDIA


Discordo de Rodrigo Constantino quanto à iguaria que serve de exemplo aos nossos socialistas. Explico o porquê.

socialista gap2 Nada de caviar, vamos falar do Socialismo Classe Média
 
A classe-média não é odiada por ninguém, a não ser por (parte de) si própria. E todos esses odiadores são socialistas – essa regra, como sói quando o levantamento é realizado pelo DataEu, jamais falha.
 
 Já falei sobre isso aqui e aqui. E também expliquei o porquê de o povo não ser de esquerda. Quem não leu, dê uma olhadinha.
 
Sigamos.
 
Discordo de Rodrigo Constantino, que recentemente lançou o livro “A Esquerda Caviar” (sucesso editorial, para desespero justamente dos esquerdistas). Não apostaria minhas fichas nessa coisa de ovas de esturjão – no máximo, naquela mistureba fake usando sagu salgado. Nossa esquerda é menos aquela iguaria e mais este acepipe-gambiarra.
 
E digo isso exclusivamente porque os socialistas, salvo exceções raríssimas, são pessoas de classe-média. Também em grande maioria, pessoas brancas e majoritariamente com sobrenomes europeus. É muito verdadeira aquela piada segundo a qual socialista se chama Sacchetto, Chevallier ou Blonovski, nunca Severino Cimento.
 
Os raros esquerdistas realmente ricos são, invariavelmente, figuras que muito mais se valem da ideologia para ganhar dinheiro que qualquer outra coisa (não que estejam errados, haja vista a quantidade de idiotas disponíveis nesse pormenor, a ponto de doarem milhões em vaquinhas pra criminosos condenados). Esses talvez até sejam “caviar”, mas são casos excepcionais. Falo aqui da turma majoritária: a esquerda “sagu salgado”.
 
São os que riem do pessoal que paga uma fortuna por um iPhone, mas tomam chope de dez reais ou drinques caríssimos feitos com refrigerante de segunda nos “botecos descolados”, nos quais, usando camisas “retrô” caríssimas de times obscuros, fazem piada dos que torram uma grana em algo só por ser “gourmet”. São aquilo que odeiam.
 
E quase todos cursaram alguma faculdade de humanas, nem sempre em universidades públicas, “militando” em geral nas redes sociais, centros acadêmicos e botecos da Bela Vista ou Vila Madalena (no Rio, posso chutar, ficariam na Lapa). 
 
Não são, de fato, pessoas ricas, mas definitivamente (de novo, salvo exceções bem raras) tiveram MUITAS oportunidades, muito mais que qualquer pobre.
 
Mas por que odeiam a classe média, já que ninguém consegue ter raiva dela? Os pobres querem chegar a esse patamar e os ricos, ora, por que diabos vão ter ódio? A própria classe média, vale lembrar, em sua maioria tem muito (e justo) orgulho de si própria, já que quase todos chegaram lá e ali se mantêm por conta de muito esforço e sacrifício.
 
Fica difícil explicar, especialmente porque nossos socialistas tem raiva da classe à qual pertencem. Seria algo como aquele comportamento adolescente, por meio do qual o jovenzinho de 16 anos tem raiva extrema justamente daquilo de que faz parte (a própria família)? Essa tese faz algum sentido, haja vista que o esquerdismo em quase todos os casos é curado ao longo do amadurecimento. Mas seria arriscar no campo da psicanálise, coisa que não conheço bem.
 
Fato é que nossa esquerda não é caviar. Está longe disso. E essa constatação não se faz no campo estético (até poderia ser), mas no social. Nossos socialistas levam aquelas vidinhas tacanhas e repletas de rotinas, exatamente o que dizem odiar nos que pertencem à classe média – e, de forma equivocada, pensam ser “o outro”, “o inimigo”.
 
Na verdade, são eles próprios. No fundo, odeiam a si próprios. Dessa forma, sugiro um pouco mais de leveza para encarar o mundo e boa dose de paz de espírito para seguir com a vida, porque o “ódio do espelho” é coisa séria e exige meditação; em determinados casos, tratamento mais profundo.
 
Um exercício: leiam, de forma impessoal, suas próprias timelines nas redes sociais e vejam se não são a cara daqueles comentaristas de portal (às vezes, com sinal trocado; noutras, nem isso). Pois é. Vocês são iguais e ocupam a mesma mesa no almoço de domingo – tanto que muitos reclamam de familiares que seriam como os odiados comentadores de notícias. Vale indagar: adivinha o que eles pensam de vocês?
 
Socchettos, Sinclaviers, Annesteins, Menigjians, vocês não são proletários (estes, aliás, discordam de vocês em quase tudo, estando muito mais próximos daqueles que vocês odeiam, seja a comentarista da TV ou os comentaristas de portal). Desta feita, deixem de birrinha supostamente ideológica e façam as pazes consigo, perdoem e aceitem seus pais. Cresçam um pouco.
 
Alguns aí já passaram da idade, né?
ps. Anos atrás, um grande pensador de classe média (hoje milionário) já falava algo parecido, então nada de brigar comigo.

20 de fevereiro de 2014
Gravatai Merengue  Lorotas políticas e verdades efêmeras

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