segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Se não baterem em Dilma, ela vence em primeiro turno


RENATO RIELLA

Dilma Rousseff está ganhando a eleição para presidente da República em primeiro turno. Não há dúvidas sobre este resultado, conforme mostram as pesquisas feitas por diversos institutos neste mês de fevereiro.

As pesquisas são confiáveis e revelam a tendência do eleitorado. 

Isso não quer dizer que os números favoráveis a Dilma vão se manter assim até 5 de outubro, mas a situação é bastante cômoda.
Alguns perguntarão: mas como Dilma vence em primeiro turno se ela aparece nas pesquisas com menos de 50% das intenções de voto?

Acontece que a soma dos votos de todos os outros candidatos dá 10 pontos de vantagem para Dilma (pelo menos), de acordo com as últimas pesquisas.

Outros dirão que o quadro deve mudar, porque existem cerca de 25% dos eleitores indefinidos.

Esta é outra situação favorável a ela. Parte desses indecisos (talvez 15%) vai chegar no dia da eleição votando nulo ou até nem votando.

Os demais, quando se definirem, vão distribuir votos entre os três principais candidatos, que são: Dilma, do PT; Aécio Neves, do PSDB; e Eduardo Campos, do PSB.

Ao captar parte dos votos dos indecisos, todos crescerão, mas o crescimento da Dilma vai fortalecer sua possível vitória em primeiro turno.

LULA CONQUISTARÁ MAIS VOTOS

Outro fator que pode levar Dilma a ultrapassar os 50% nas pesquisas será a entrada do ex-presidente Lula na campanha eleitoral. Hoje ele ainda está distante. Há muita gente que até vê o Lula disputando espaço com Dilma. Pensam que ele próprio poderá ser o candidato.

Mas, se o ex-presidente apoiar mesmo Dilma, arregaçando as mangas, principalmente no Nordeste, haverá sensível fortalecimento na reeleição da presidente.

Há situações que precisam causar preocupação em Dilma e no seu staff. Uma realidade é que, de novembro para fevereiro, seus eleitores praticamente ficaram estacionados. E a avaliação positiva do governo caiu, ficando bem abaixo dos 50%.

Ela vinha numa curva ascendente sensível nas pesquisas. Essa curva parece ter sido interrompida em fevereiro. 

Desse passo para a queda é um pulo. E quando a curva nas pesquisas começa a cair, esta tendência pode ser mantida nos meses seguintes, até a decadência ser interrompida por algum fato positivo.

Dilma tem a Copa do Mundo pela frente, o que pode lhe gerar uma exposição pública positiva. E tem a vantagem de enfrentar opositores frouxos, de linguagem fria.

CONCORRENTES SÃO MUITO FROUXOS

Se Aécio Neves e Eduardo Campos não adotarem um tom quente, tentando desconstruir Dilma, dificilmente conseguirão suplantar a candidata do PT. Mas eles não são bons nisso.

Os tucanos, especialmente, nunca aprenderam a fazer política com o parceiro Antônio Carlos Magalhães, o ACM, chamado pelos baianos de Malvadeza.

Numa eleição na Bahia, o governador era o ético Waldir Pires, de fala mole e muito respeito público. Em plena campanha, a cidade de Salvador acabou pichada assim: “Chega de moleza. Queremos Malvadeza”. Não deu outra: Waldir perdeu a eleição.

No plano nacional, lembramos que o PSDB não bateu no candidato Lula em 2006, no auge no escândalo do Mensalão. Em nenhum momento vimos o candidato Geraldo Alckmin falando do Zé Dirceu, do Genoíno e de outros petistas que hoje estão presos.

Na época, foi denunciado que petistas e tucanos fizeram um pacto nojento. O PSDB não falava do Mensalão e o PT não criticava Dona Lu Alckmin, que havia recebido 400 vestidos de um estilista, numa negociação meio suspeita.

Em 2010, foi a mesma coisa. Dilma Rousseff ganhou a eleição sem ser minimamente atacada pelo PSDB.

Sem provocar, sem atacar, sem cobrar e sem desconstruir, o PSDB e o PSB não conseguirão derrotar Dilma Rousseff. Mas será que Aécio Neves tem coragem de se expor numa disputa sangrenta?
A palavra é NÃO. Dilma Rousseff provavelmente vencerá em primeiro turno, por falta de concorrente.

Como diria ACM, “chega de moleza”.

A ética em campanha eleitoral é vencer. Numa eleição, o feio é perder – é o que dizem todos os experts nesse tipo de guerra. 

Quem baterá primeiro em Dilma? E como ela se comportará quando for duramente atacada? Esta é a principal incógnita da próxima eleição.

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