As eleições presidenciais deste ano devem ser uma das mais acirradas
e imprevisíveis dos últimos pleitos, na avaliação de cientistas
políticos. Apesar do quadro volátil, os analistas concordam em um ponto:
independentemente de quem vença o pleito - entre os concorrentes mais
bem cotados nas pesquisas de intenção de voto, estão a presidente Dilma
Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos (PSB) -, a dificuldade em implantar as
reformas estruturais, como a tributária, a política e a fiscal, estará
presente.
Mesmo com a eventual renovação do Congresso, o
desafio em converter a vitória nas urnas em uma coalizão majoritária não
deve fugir da fórmula adotada nos últimos governos, onde o apoio se dá
na base de troca por cargos e verbas orçamentárias. Em entrevista à
reportagem, o cientista político Fábio Wanderley Reis, doutor pela
Universidade de Harvard (EUA) e professor emérito da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), a dificuldade em construir uma base
estável de apoio no Congresso Nacional é evidente, mesmo que Dilma se
reeleja.
Reis argumenta que não existem partidos políticos consistentes no País, exemplificando com o PMDB, que, mesmo sendo a maior legenda congressual e aliada da presidente, não foge do chamado federalismo clientelista e, recentemente, deu mostras de como pode deixar o governo refém.
O analista em pesquisa eleitoral e marketing político Sidney Kuntz também aposta que o próximo governo terá dificuldade na formação de uma base aliada consistente no Congresso, que permita a aprovação de medidas essenciais para o País. "Vemos hoje a base aliada de Dilma esfacelada e não devemos esperar algo diferente para o ano de 2015. Usualmente, o primeiro ano de um governo, mesmo para quem foi reeleito, é um período de composição de apoio para os seus projetos. E no Brasil, tal apoio está vinculado a concessões, de cargos e de verbas", destaca. Kuntz cita o PMDB, destacando que, apesar de compor aliança com o PT, a sigla já começa a se rebelar nesta pré-campanha em alguns Estados importantes, como Rio e Bahia, onde a base da agremiação apoia a oposição.
No caso de ocorrer alternância de poder, com a eventual vitória de Aécio ou de Campos, o problema poderá ser ainda maior no primeiro ano de gestão, dizem os analistas. Porque, além do arco de alianças para garantir a maioria no Congresso ainda não estar consolidado, há toda uma estrutura de governo montada pela gestão antecessora e o próprio Orçamento que já foi votado também.
A vantagem é que, se a vitória nas urnas for significativa, o apoio popular pode entrar na contabilidade para pressionar o Parlamento a aprovar as medidas, desde que conte, obviamente, com o apoio popular. Kuntz diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu transformar, quando eleito, coalizão eleitoral em coalizão de governo que pudesse dar estabilidade a ele próprio e a suas propostas.
"Contudo, o modelo adotado 'do toma lá, dá cá' acabou resultando no escândalo do mensalão e colocou atrás das grades lideranças histórias do PT." O analista diz que ninguém se alia a um governo só pelas suas propostas. "É uma questão matemática, no presidencialismo de coalizão se governa com maioria, mas, para se chegar a isso, o preço às vezes é muito alto."
Wanderley Reis diz que Dilma levou o presidencialismo de coalizão a "um ponto inédito de desagregação" e ele questiona como será o cenário caso ela conquiste a reeleição. Com o PSB, ele diz que a situação é a mesma. "Mesmo que o eleito seja Eduardo Campos, não prevejo mudanças significativas, a julgar pelo quadro que vimos em sua gestão em Pernambuco", diz o professor, lembrando que o pessebista governou com um leque de 14 partidos e teve de atender a muitos interesses. "Uma inconsistência à retórica que vem pregando nesta pré-campanha, de uma nova política e uma nova forma de governar", complementa Reis.
Reis argumenta que não existem partidos políticos consistentes no País, exemplificando com o PMDB, que, mesmo sendo a maior legenda congressual e aliada da presidente, não foge do chamado federalismo clientelista e, recentemente, deu mostras de como pode deixar o governo refém.
O analista em pesquisa eleitoral e marketing político Sidney Kuntz também aposta que o próximo governo terá dificuldade na formação de uma base aliada consistente no Congresso, que permita a aprovação de medidas essenciais para o País. "Vemos hoje a base aliada de Dilma esfacelada e não devemos esperar algo diferente para o ano de 2015. Usualmente, o primeiro ano de um governo, mesmo para quem foi reeleito, é um período de composição de apoio para os seus projetos. E no Brasil, tal apoio está vinculado a concessões, de cargos e de verbas", destaca. Kuntz cita o PMDB, destacando que, apesar de compor aliança com o PT, a sigla já começa a se rebelar nesta pré-campanha em alguns Estados importantes, como Rio e Bahia, onde a base da agremiação apoia a oposição.
No caso de ocorrer alternância de poder, com a eventual vitória de Aécio ou de Campos, o problema poderá ser ainda maior no primeiro ano de gestão, dizem os analistas. Porque, além do arco de alianças para garantir a maioria no Congresso ainda não estar consolidado, há toda uma estrutura de governo montada pela gestão antecessora e o próprio Orçamento que já foi votado também.
A vantagem é que, se a vitória nas urnas for significativa, o apoio popular pode entrar na contabilidade para pressionar o Parlamento a aprovar as medidas, desde que conte, obviamente, com o apoio popular. Kuntz diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu transformar, quando eleito, coalizão eleitoral em coalizão de governo que pudesse dar estabilidade a ele próprio e a suas propostas.
"Contudo, o modelo adotado 'do toma lá, dá cá' acabou resultando no escândalo do mensalão e colocou atrás das grades lideranças histórias do PT." O analista diz que ninguém se alia a um governo só pelas suas propostas. "É uma questão matemática, no presidencialismo de coalizão se governa com maioria, mas, para se chegar a isso, o preço às vezes é muito alto."
Wanderley Reis diz que Dilma levou o presidencialismo de coalizão a "um ponto inédito de desagregação" e ele questiona como será o cenário caso ela conquiste a reeleição. Com o PSB, ele diz que a situação é a mesma. "Mesmo que o eleito seja Eduardo Campos, não prevejo mudanças significativas, a julgar pelo quadro que vimos em sua gestão em Pernambuco", diz o professor, lembrando que o pessebista governou com um leque de 14 partidos e teve de atender a muitos interesses. "Uma inconsistência à retórica que vem pregando nesta pré-campanha, de uma nova política e uma nova forma de governar", complementa Reis.
Fonte: Agencia Estado Jornal de Brasilia
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