Fernanda Calgaro
Do UOL, em Brasília
Do UOL, em Brasília
Delgado, no entanto, só poderá fazê-lo se o seu relatório preliminar for aceito pelos demais membros do Conselho. Na próxima terça-feira (22), ele apresentará seu parecer que, já adiantou, será pela admissibilidade do processo contra Vargas.
Se aprovado, Delgado poderá, então, solicitar documentos e ouvir testemunhas para instruir o seu relatório final. Também será dado tempo para a defesa de Vargas se manifestar. Depois, relatório, que pode pedir até a cassação do mandato, segue para ser votado pelo plenário da Câmara.
O relator já esteve na Polícia Federal na última quarta-feira, mas disse ao UOL ter sido mais uma "visita de cortesia". "O delegado informou que era preciso ter autorização da Justiça", explicou Delgado, acrescentando que isso só é possível com a admissão do processo.
Vargas é investigação pelas suas relações com o doleiro Alberto Yousseff, preso no mês passado pela Polícia Federal na operação Lava Jato. Ele admitiu ter usado um avião emprestado pelo doleiro e conversas entre os dois interceptadas pela polícia dão indício de que Vargas teria atuado junto ao Ministério da Saúde para beneficiar Yousseff.
Delgado contou que está trabalhando intensamente no seu relatório, que calcula conseguir terminar até sábado. "Não chega até o Domingo de Páscoa, mas até o Sábado de Aleluia vai", disse.
Licença e renúncia
Vargas pediu licença não-remunerada do cargo de deputado no dia 7 de abril, e dois dias, anunciou que renunciava à vice-presidência da Câmara, para se dedicar à sua defesa. Desde então, sob intensa pressão do próprio PT, ele chegou a confirmar que iria abrir mão do mandato parlamentar para, em seguida, recuar.
Delgado defende que, caso Vargas venha a renunciar, os efeitos da renúncia fiquem suspensos até a conclusão processo no Conselho de Ética.
Essa posição, no entanto, diverge do entendimento de técnicos da Casa, para quem a renúncia deveria ser aceita imediatamente, mesmo com a continuidade da investigação no Conselho. Por esse entendimento, o resultado do processo seria importante para definir o histórico do parlamentar: se a Casa vai considerar que renunciou ou que foi cassado.
Delgado também foi relator do processo que pediu, em 2005, a cassação do então deputado José Dirceu (PT-SP) por envolvimento no escândalo do mensalão.
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