21/03/14 -
PMs choravam dizendo que iam morrer, diz moradora de favela
A madrugada desta sexta-feira foi de terror para moradores da
favela do Mandela, no Complexo de Manguinhos, zona norte do Rio, após o
ataque à Unidade de Polícia Pacificadora
Hoje à tarde, parte da
favela do Mandela, no Complexo de Manguinhos, permanecia sem luz, e as
aulas nas escolas da região foram suspensas, deixando cerca de 4 mil
alunos em casa
Paula Bianchi - Portal Terra - Direto do Rio de Janeiro.
A madrugada desta sexta-feira foi de terror para moradores da favela
do Mandela, no Complexo de Manguinhos, zona norte do Rio.
Uma mulher,
que preferiu não se identificar, acompanhou de perto o ataque à Unidade
de Polícia Pacificadora de Manguinhos e chegou a ajudar duas policiais
militares que acabaram encurraladas depois que os contêineres em que
está instalada a sede da polícia na região foram incendiados.
Ela conta que estava na casa da mãe, em frente à UPP, no fim da tarde
de ontem, quando um grupo de cerca de 50 pessoas passou correndo e
atirando pedras e coquetéis molotovs contra a UPP e mandando que os
moradores entrassem em casa. “Quebraram tudo, jogaram pedra, colocaram
fogo. Foram para cima do contêiner, os policiais ficaram tentando
segurar a porta, até que não conseguiram mais e o pessoal invadiu e
colocou fogo”, lembra. “Parecia um filme de ação.”
Depois, toda a comunidade ficou sem luz. Por conta do calor, a mulher
conta que ela e vários vizinhos optaram por dormir em frente às casas.
“Colocamos um tapete e um colchão no chão, me agarrei na minha filha de 7
anos e fiquei tentando dormir. Os outros vizinhos também foram para a
rua, dentro de casa estava um forno. Os policiais ficavam passando, os
helicópteros sobrevoando. Parecia uma cena de filme. Só meu marido não
dormiu. Ficou sentado em uma cadeira cuidando da gente e olhando o que
acontecia na rua”, diz.
Os moradores acusam a polícia de ter atirado contra os
transformadores. Hoje à tarde, parte da comunidade permanecia sem luz, e
as aulas nas escolas da região foram suspensas, deixando cerca de 4 mil
alunos em casa.
O conflito começou por volta das 18h de quinta-feira, quando o
comandante da UPP Manguinhos, na zona norte da capital fluminense,
capitão Gabriel Toledo, foi ferido na perna direita durante uma
manifestação contra a desocupação de um prédio ao lado da Distribuidora
de Suprimentos Disup, para obras do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), na avenida Leopoldo Bulhões.
Durante o protesto, um policial foi atingido por uma pedra na cabeça e
carros da polícia também foram atacados. A via foi interditada pelos
moradores com a queima de pneus e pedaços de madeira.
Depois disso,
criminosos se infiltraram no protesto e iniciaram o tiroteio que teria
atingido o comandante. Os criminosos atearam fogo em um contêiner de uma
base avançada da UPP Manguinhos, na comunidade da Mandela.
Toledo foi baleado na perna e levado para o Hospital Geral de
Bonsucesso (HGB) e depois transferido para o Hospital Central da Polícia
Militar (HCPM), onde permanece em observação. Já o policial ferido na
cabeça foi levado para o Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Penha e
também está em situação estável.
Após um pedido do governador Sérgio Cabral, a presidente
Dilma Rousseff determinou nesta sexta-feira o envio de tropas federais
para o Rio de Janeiro.
As ações contra o crime no Estado terão ajuda do
governo federal já neste fim de semana
BLOG A verdade sufocada
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