sexta-feira, 18 de abril de 2014

Alegria de menino morto na Maré incomodava primo detido, diz polícia


  17/04/2014 21h27


Menor de 14 anos confessou assassinato e disse que os dois brigaram.


Caio Henrique, de 4 anos, foi encontrado morto na máquina de lavar.

Guilherme Brito Do G1 Rio
Menor confessou ter matado Caio, que é seu parente, após briga (Foto: Daniel Silveira / G1)Menor confessou ter matado Caio, que é seu parente, após briga, segundo a polícia
Faca usada para matar o menino Caio na Maré (Foto: Guilherme Brito / G1) 
Faca usada para matar o menino Caio na Maré


O menor de 14 anos que confessou ter assassinado o primo Caio Henrique, de 4 anos, encontrado morto nesta quinta-feira (17) dentro da máquina de lavar da casa dele, na Baixa do Sapateiro, no Conjunto de Favelas da Maré, Zona Norte do Rio, disse à polícia que a alegria da criança o deixava incomodado. Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, o crime foi cometido de forma "muito fria".

O jovem, que tem passagem pela polícia por furto, responderá por responderá por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado e pode ficar apreendido por até três anos.

O delegado deu detalhes do crime e contou que o autor mora em Mangaratiba, na Costa Verde, e foi expulso de casa pelo irmão após uma briga. Segundo o delegado, o menor chegou à residência da tia na terça-feira (15), onde passou a noite.

No dia seguinte, Caio foi para a escola e quando voltou, por volta das 18h, chegou contente, com brindes de Páscoa. Deu até um bombom para o adolescente. Ainda de acordo com o relato do delegado, irritado com a alegria da criança, o menor teria tapado a respiração até que a vítima desmaiasse. Com Caio desacordado no quarto, que fica no segundo andar, o menor desceu, pegou uma faca de cozinha, voltou e deu entre quatro e cinco facadas no peito dele. Em seguida, enrolou o corpo em uma colcha e o escondeu no armário, depois o colocou na máquina de lavar, segundo a polícia.

Após a mãe dar queixa do sumiço, na quarta-feira (16), a irmã da vítima achou o corpo, ao procurar uma roupa na máquina de lavar, ainda pela manhã.

Mais cedo, ainda na 21ª DP (Bonsucesso), onde a morte foi registrada e para onde o menor foi levado, Delmir Gouveia, titular da delegacia, contou que o jovem disse que "perdeu a cabeça" durante uma briga.

“A mãe não estava na hora que tudo aconteceu. Ninguém ouviu nada, até porque estava tendo uma manifestação na rua e a casa fica no alto. O parente da vítima diz que perdeu a cabeça depois de uma discussão”, explicou o delegado.

Agentes da Polícia Civil disseram que a casa onde o parente estava foi cercada por moradores da Maré, revoltados com o crime. Dezenas de militares foram mobilizados para tirar o menor do local e o transportaram em um tanque do Exército até a delegacia.

Mãe se desespera

Enquanto prestava queixa sobre o desaparecimento do filho na delegacia, a cozinheira Vanessa Lima dos Santos, de 31 anos, recebeu a notícia de que o corpo da criança havia sido encontrado em casa e entrou em desespero. Mãe de cinco filhos, Vanessa contou que passou a madrugada desta quinta à procura do caçula.

Vanessa disse que viu o filho pela última vez brincando próximo de casa, na quarta-feira. "Ele estava sob os meus olhos, brincando com outras crianças. Estava tendo um protesto lá e alguém soltou uma bomba. Ele correu com as outras crianças. Mas ele não correu na minha direção, nem foi pra casa", disse.

Ela contou que parentes e amigos se mobilizaram nas buscas por, inclusive divulgando fotos  nas redes sociais. "Eu nunca vivi algo parecido. Por isso que está doendo demais", desabafou.


Menino desapareceu após protesto na Maré, na quarta-feira (Foto: Daniel Silveira / G1)Menino de 4 anos foi morto pelo primo de 14 anos, na Maré, segundo a polícia


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