Lançada em 2005 por Lula e Chávez, Abreu e Lima é um dos maiores roubos da história deste país.
Uma planilha apreendida no
escritório do doleiro Alberto Youssef, preso em março sob acusação de comandar
um esquema de lavagem de dinheiro, aponta um dos modos como empreiteiras podem
ter pago propina a agentes públicos para firmar contratos com a Petrobras,
segundo a Polícia Federal. O documento registra o repasse de R$ 31 milhões por
dois consórcios e uma empresa a firmas controladas pelo doleiro Youssef.
As empreiteiras citadas na
planilha foram contratadas para a construção da refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco, a obra mais cara da Petrobras atualmente. Trata-se dos consórcios
CNCC (formado por Camargo Corrêa e Cnec) e Conest (Obebrecht e OAS) e a Jaraguá
Equipamentos. À Folha, todas negam ter negócios com as empresas de Youssef.
Mas, em entrevista ao jornal "O Globo", o presidente da Jaraguá
reconheceu ter pago comissão ao doleiro.
A suspeita da PF é que os R$ 31
milhões listados na planilha sejam propina para funcionários públicos e
políticos que ajudaram as empreiteiras em questão a conseguir os contratos para
tocar a obra da refinaria. Os destinatários dos valores repassados pelas
empreiteiras, segundo o documento, são as empresas MO Consultoria, Rigidez e
GFD. Segundo a PF, elas pertencem ao doleiro, o que ele nega.
Os valores lançados na planilha
foram pagos entre julho de 2009 e março de 2013, num período de 3 anos e 7
meses. O maior valor registrado no documento é contabilizado ao consórcio
integrado pela Camargo Corrêa: R$ 29,2 milhões, divididos em 35 transferências.
A Jaraguá aparece com quatro pagamentos, num total de R$ 1,7 milhão. O
consórcio Conest é citado uma só vez, com pagamento de R$ 184,2 mil.
Não é a primeira vez que surgem
menções a CNCC, Camargo Corrêa e Jaraguá na Operação Lava Jato, que prendeu,
além do doleiro, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e outros
investigados. O doleiro disse, numa conversa revelada pela Folha no último mês,
que havia feito pagamentos para a Camargo Corrêa de R$ 12 milhões.
O consórcio CNCC também já havia
aparecido numa planilha enviada via e-mail ao doleiro por uma gerente da Sanko
Sider, maior fornecedora de tubos para a Petrobras. Nessa planilha, a CNCC é
associada a "comissões" de R$ 7,95 milhões.
Uma das hipóteses investigadas
pela PF é que a planilha dos R$ 31 milhões contenha o nome dos verdadeiros
pagadores da propina. Paulo Roberto Costa é um dos executivos que ajudaram a
implantar o projeto da refinaria em Pernambuco, quando ocupava a diretoria de
refino e abastecimento da estatal.
O custo da refinaria, orçada em
US$ 2 bilhões (R$ 4,5 bilhões) quando começou a ser construída, em 2007, deve
chegar a cerca de US$ 18 bilhões (R$ 40,2 bilhões). O TCU (Tribunal de Contas
da União) já apontou indícios de superfaturamento nos preços de Abreu e Lima.
A própria presidente da
Petrobras, Graça Foster, reconheceu em depoimento ao Senado, na última terça,
que a obra teve um sobrepreço. A estatal vem sendo alvo de polêmica nas últimas
semanas em virtude de questionamentos sobre contratos que deram prejuízo à
empresa. (Folha de São Paulo)
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