Josias de Souza
Em entrevista
à emissora portuguesa RTP, Lula contou uma piada de brasileiro. O
julgamento do mensalão “teve praticamente 80% de decisão política e 20%
de decisões jurídicas”, disse, antes de divertir a audiência com duas
teses: “não houve mensalão” e “o processo foi um massacre que visava
destruir o PT.” Ao se referir aos “companheiros do PT presos”, o
entrevistado levou a anedota a sério: “Não se trata de gente da minha
confiança.”
Ficou entendido que, em matéria de mensalão, Lula é 100% cínico. Ele maneja o cinismo com tal sofisticação filosófica que acaba se aproximando da realidade. Como no trecho em que declarou que “é apenas uma questão de tempo, e essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade''. De fato, ainda há algo por esclarecer: qual foi o verdadeiro papel de Lula no enredo do mensalão?
Há quatro Lulas dentro do escândalo. Nenhum deles se parece com o autêntico. Logo que o escândalo estourou, em 2005, um primeiro Lula tentou reduzir tudo a mais um caso de caixa dois: “O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente”. Sentado num banco de CPI, Duda Mendonça jogou a campanha presidencial dentro do caldeirão, provocando o surgimento de outro Lula.
Esse segundo Lula jurou que “não sabia” do que se passava sob suas barbas, pediu “desculpas” em rede nacional de rádio e tevê e declarou-se “traído”. Na prática, pediu aos 52.788.428 eleitores que o haviam acomodado na Presidência que o enxergassem como um bobo, não como um cúmplice.
Em 2006, a campanha da reeleição produziu um terceiro Lula. Dizia coisas assim: “Esse negócio de mensalão me cheira a um pouco de folclore dentro do Congresso Nacional”. Foi nessa época que o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, nomeado por Lula, serviu-se das evidências colecionadas pela Polícia Federal do doutor Márcio Thomaz Bastos para formular a denúncia sobre a troca de dinheiro sujo por apoio congressual ilegítimo. A ausência de Lula no rol de acusados deu à peça a folclórica aparência de mula sem cabeça.
Reeleito, Lula sentiu-se autorizado a potencializar a desfaçatez. Que aumentou na proporção direta da elevação dos índices de popularidade. Em maio de 2010, quando carregava nos ombros a candidatura presidencial de Dilma Rousseff, Lula referiu-se ao escândalo que tisnara seu primeiro reinado como “um momento em que tentaram dar um golpe neste país.” Esse quarto Lula é irmão gêmeo do comediante que acaba de se apresentar na RTP, a emissora portuguesa.
Com a tese do “golpe”, Lula soara, além de ilógico, ingrato. Cinco anos antes, quando a lama rocava-lhe o bico do sapato e o vocábulo impeachment era pronunciado à larga, o pseudopresidente mandara ao olho da rua o chefe de sua Casa Civil, José ‘Não se Trata de Gente da Minha Confiança’ Dirceu. E despachara três ministros para apagar os ânimos da oposição.
Márcio Thomaz Bastos, foi ao encontro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ciro Gomes voou para uma conversa com o então governador mineiro Aécio Neves. E um Antonio Palocci pré-escândalo do caseiro reuniu-se com a nata da plutocracia e com seus amigos tucanos. Em poucos dias, sob a voz de comando de FHC, o tucanato desembarcou da tese do impeachment. Ou seja: houve complacência, não “golpe”.
Numa passagem do extraordinário livro “Lula, o Filho do Brasil'', lançado em dezembro de 2002, o personagem central da narrativa desenhara um bonito retrato de si mesmo. Em depoimento a Denise Paraná, autora da obra, Lula dissera: “…Se eu não tivesse algumas [qualidades pessoais] não teria chegado aonde cheguei. Eu não sou bobo. Acho que cheguei aonde cheguei pela fidelidade aos propósitos que não são meus, são de centenas, milhares de pessoas.''
Os quatro Lulas que se seguiram ao mensalão não fazem jus a esse Lula de outrora, fiel aos propósitos da coletividade. Na Presidência, um ex-Lula disse que preferia “ser considerado uma metamorfose ambulante” (reveja abaixo). Quando a história puder falar sobre o mensalão sem as travas que a conveniência impõe a algumas línguas companheiras, o país talvez descubra as razões que levaram um arauto da ética a sofrer a metamorfose que o tornou um cínico contador de anedotas.
Ficou entendido que, em matéria de mensalão, Lula é 100% cínico. Ele maneja o cinismo com tal sofisticação filosófica que acaba se aproximando da realidade. Como no trecho em que declarou que “é apenas uma questão de tempo, e essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade''. De fato, ainda há algo por esclarecer: qual foi o verdadeiro papel de Lula no enredo do mensalão?
Há quatro Lulas dentro do escândalo. Nenhum deles se parece com o autêntico. Logo que o escândalo estourou, em 2005, um primeiro Lula tentou reduzir tudo a mais um caso de caixa dois: “O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente”. Sentado num banco de CPI, Duda Mendonça jogou a campanha presidencial dentro do caldeirão, provocando o surgimento de outro Lula.
Esse segundo Lula jurou que “não sabia” do que se passava sob suas barbas, pediu “desculpas” em rede nacional de rádio e tevê e declarou-se “traído”. Na prática, pediu aos 52.788.428 eleitores que o haviam acomodado na Presidência que o enxergassem como um bobo, não como um cúmplice.
Em 2006, a campanha da reeleição produziu um terceiro Lula. Dizia coisas assim: “Esse negócio de mensalão me cheira a um pouco de folclore dentro do Congresso Nacional”. Foi nessa época que o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, nomeado por Lula, serviu-se das evidências colecionadas pela Polícia Federal do doutor Márcio Thomaz Bastos para formular a denúncia sobre a troca de dinheiro sujo por apoio congressual ilegítimo. A ausência de Lula no rol de acusados deu à peça a folclórica aparência de mula sem cabeça.
Reeleito, Lula sentiu-se autorizado a potencializar a desfaçatez. Que aumentou na proporção direta da elevação dos índices de popularidade. Em maio de 2010, quando carregava nos ombros a candidatura presidencial de Dilma Rousseff, Lula referiu-se ao escândalo que tisnara seu primeiro reinado como “um momento em que tentaram dar um golpe neste país.” Esse quarto Lula é irmão gêmeo do comediante que acaba de se apresentar na RTP, a emissora portuguesa.
Com a tese do “golpe”, Lula soara, além de ilógico, ingrato. Cinco anos antes, quando a lama rocava-lhe o bico do sapato e o vocábulo impeachment era pronunciado à larga, o pseudopresidente mandara ao olho da rua o chefe de sua Casa Civil, José ‘Não se Trata de Gente da Minha Confiança’ Dirceu. E despachara três ministros para apagar os ânimos da oposição.
Márcio Thomaz Bastos, foi ao encontro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ciro Gomes voou para uma conversa com o então governador mineiro Aécio Neves. E um Antonio Palocci pré-escândalo do caseiro reuniu-se com a nata da plutocracia e com seus amigos tucanos. Em poucos dias, sob a voz de comando de FHC, o tucanato desembarcou da tese do impeachment. Ou seja: houve complacência, não “golpe”.
Numa passagem do extraordinário livro “Lula, o Filho do Brasil'', lançado em dezembro de 2002, o personagem central da narrativa desenhara um bonito retrato de si mesmo. Em depoimento a Denise Paraná, autora da obra, Lula dissera: “…Se eu não tivesse algumas [qualidades pessoais] não teria chegado aonde cheguei. Eu não sou bobo. Acho que cheguei aonde cheguei pela fidelidade aos propósitos que não são meus, são de centenas, milhares de pessoas.''
Os quatro Lulas que se seguiram ao mensalão não fazem jus a esse Lula de outrora, fiel aos propósitos da coletividade. Na Presidência, um ex-Lula disse que preferia “ser considerado uma metamorfose ambulante” (reveja abaixo). Quando a história puder falar sobre o mensalão sem as travas que a conveniência impõe a algumas línguas companheiras, o país talvez descubra as razões que levaram um arauto da ética a sofrer a metamorfose que o tornou um cínico contador de anedotas.
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Dmurakoshi
Até agora não sei porque o Lula e o Partido não foram responsabilizados uma vez que o processo foi iniciado justamente nesta condição quando o o Jefferson denunciou o Mensalão. -
Neymar Forever Melhor do Mundo !!!
Como pode pessoas ainda ter algum tipo de afeição por essa pessoa ridícula sem nenhum preparo totalmente incapaz fazendo apenas uso de publicidade assim como a Dilma que gasta 4 bilhões por ano com propagandas enganosas . as pessoas tem o que merecem... Lula, Dilma, Tiriricas, jogadores de futebol, atores, pagodeiros, esses são os politicos que o povo quer ..e depois se acham no direito de reclamar..Pessoas que fazem a diferença na politica e já foram excelentes governantes como Serra, Alckmin e Aécio vão voltar a ser governo daqui uns 10 anos quando a inflação tiver a 20%quando o desemprego voltar as manchetes quando a mídia não conseguir mais sustentar as mentiras, quando a Petrobrás for vendida a preço de banana, quando a Papuda ficar superlotada de Petistas talvez o povo se de conta que fizeram a pior escolha de suas vidas e talvez aprendam a votar com responsabilidade pensem nisso na hora de cantar o hino Brasileiro nas partidas da copa. -
Eduardo London
Cinico é pouco, esse Molusco é cínico, mentiroso, asqueroso e safado. Esse nao vale nada, acha que descobiu o Brasil, agora o povo ta descobrindo a verdadeira enganaçao é esse Partido. Eles se apossaram do Estado, vamos tirar essa corja do Poder. -
MLuquinhas
QUANDO SURGE UM MOVIMENTO A TURMA DO PT PROVOCA UM SUPERFATURAMENTO!!! -
MLuquinhas
Mais uma vez esse persona 4x cinico reforÇa o meu conceito sobre ele. Dizer que Dirceu, Genuino, cujos elementos eram braÇo direito e esquerdo dele...nao sao de sua confianca. Francamente eu digo, pessoas que tenham o minino de inteligencia, seja mental ou social, podem formar uma opiniao sobre esta declaracao ridicula..ou melhor CINICA!!!! -
Renathor
A Veja escreveu uma segunda biografia de Guevara. Vc foi mais criativo- criou 4 lulas.Parabéns!-
GetulioC
Criou 4 Lulas, coisa nenhuma. Os Lulas apresentados por Josias, retratam exatamente o que aconteceu. E, outros mais surgirão. Você vai ver!
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Alexandre ex Diretor Jurídico
O Josias acabou resumindo porque o PT está morrendo! -
ella fitz
Artigo excepcional. Conciso e de um realismo cruel, -
JKSheldon
Josias, acho a imprensa engraçada. O STF condena Dirceu e cia. e está certo tudo bem, pois fez-se a justiça. O STF absolve o Collor e ninguém se levanta para dizer que um presidente foi deposto por um congresso eleito democraticamente sem ter culpa (comprovada, e é só essa que vale) no cartório. De qual STF devemos gostar? O Lula não foi a julgamento por que não haviam provas. Você vai querer enfiar goela abaixo culpa em alguém que não tem (comprovada, e só essa é que vale) culpa? Por que até podemos ficar tirando presidentes do cargo sem prova, mas aí vamos para de criticar o Paraguai, o Chavismo e qualquer outro estado golpista do planeta.-
Johansen
Caro PeTista, o Collor devia ter sido condenado, só não o foi porque o crime prescreveu, e não porque é inocente. Se o STF tivesse sido mais rápido (levou 23 anos), talvez estivesse na cadeia junto com os cumpanheiros. Quanto ao Molusco, acho que só não foi incluído no processo pelo procurador por razões estratégicas: a pressão política sobre o Supremo seria muito maior com o presidente da República na lista de réus, o que dificultaria o cumprimento da justiça. E, evidentemente, dada a fama do Lula, sabia que o Molusco ia abandonar os cumpanheiros à própria sorte. Resultado: Dirceu e Genoíno na cadeia, Lula passeando de jatinho e falando besteiras pelo mundo. É questão de tempo para ele abandonar a poste dele à própria sorte e se oferecer como candidato a presidente. Em suma, um psicopata rematado. -
Luiz Emboabas
simples o povo paga imposto e os políticos não cumpre a constituição, quer mais... va trabalhar...
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Paulista indiginado II
Acho que todo mundo esta certo e deve ser respeitado nas opiniões,posturas e teses que defende; Agora o que chama atenção é que No caso do PT acusação todo dia e a nenhum acusado e dado chance de falar ao vivo e qdo. aparece alguem e em materia gravada, portanto editada. Não dão chance..
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