A fiscalização está de olho: pelo menos 158 condutores foram flagrados pelos órgãos de trânsito
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Para alguns torcedores, futebol e cerveja são o casamento perfeito. Talvez seja esse o motivo para o aumento de clientes em bares do Distrito Federal, que teve variação de até 50% no período da Copa do Mundo. A combinação, entretanto, fez com que 82 pessoas fossem autuadas apenas nas rodovias federais por embriaguez ao volante nos primeiros 12 dias do Mundial. Na Fan Fest, no Taguaparque, em dez dias, outros 76 foram flagrados.
Uma em cada quatro cervejas consumidas no Brasil tem alguma relação com o futebol, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Somente neste segundo trimestre do ano, a indústria nacional de cervejaria já produziu 3,2 bilhões de litros da bebida.
Isso representa um aumento de 12% comparado ao mesmo período de 2013. Os dados são da Associação Brasileira da Cerveja.
Nos arredores da Fan Fest, no Taguaparque, os mais de 70 flagrantes ocorreram desde o início da Copa do Mundo até o último domingo. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), ao todo, 1.248 veículos foram abordados.
Análise
O número é considerado baixo em relação à expectativa para a ocasião. Murilo de Melo Santos, superintendente de Trânsito do DER, entende que, como é um evento de grande porte que tem muita ingestão de álcool, a incidência de motoristas embriagados poderia ser muito maior.
“Nos surpreendemos com o baixo índice, até porque nos preparamos para números muito maiores”, afirma.
Nas vias federais, o número de autuações subiu 86% nos 12 dias iniciais do Mundial comparado ao mesmo período do ano passado, na Copa das Confederações. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, foram 82 casos entre 12 e 24 de junho deste ano, enquanto, entre 15 e 27 de junho do ano passado, houve o registro de 44 ocorrências.
O Detran-DF ainda não possui dados a respeito das operações da Lei Seca neste mês.
Alternativas para não burlar a lei
O representante do DER Murilo de Melo Santos coloca como um dos motivos para os índices baixos de flagrantes o fato de que as pessoas que ingerem grande quantidade de álcool estariam utilizando outros meios de transporte, como metrô e ônibus, ou, ainda, fazendo uso do “motorista da vez” – quando alguém que não ingeriu bebida assume a direção do veículo.
Para evitar problemas, o servidor público Carlos Henrique Ancora, 40 anos, prefere optar por locais próximos de casa, na Asa Sul. “Se tem bares e restaurantes por perto, não tem por que ir para longe de carro sabendo que vai beber”, afirma. Ele diz que nunca teve problemas com fiscalizações ou acidentes por consumo de álcool por sempre evitar a combinação. “Quando os eventos são longe e sei que vou tomar cerveja, nem vou”, observa.
Ainda falta conscientização
O estudante Lucas Braga, de 19 anos, mora a um quilômetro do
Taguaparque, onde acontece a Fan Fest, e costuma ir andando. Ele esteve
no local em quase todos os jogos da primeira fase da Copa do Mundo, mas a
proximidade não é o único motivo para realizar o trajeto a pé. “Assim
eu posso beber tranquilamente e não ter problemas com fiscalizações e
acidentes”, conta.
Apesar de nunca ter enfrentado problemas no trânsito, ele garante
que convive com pessoas que se envolveram em colisões e tiveram
problemas com a polícia. “Por isso, sempre arrumo um jeito de não
dirigir”, disse.
Imprudência
A conscientização não parece ser uma característica comum a todos
os motoristas. No jogo entre Brasil e Camarões, na última segunda-feira,
um consultor de 24 anos, que preferiu não se identificar, foi à Fan
Fest e, mesmo ingerindo bebida alcóolica, saiu do evento dirigindo. “Saí
de lá preocupado com a fiscalização, mas quando passei pelo
policiamento, parecia que estavam mais preocupados com a segurança do
local”, conta, garantindo que o hábito não é comum. Na ocasião, ele
dirigiu pelo menos 12km, de Taguatinga ao Guará.
Outro jovem com a mesma idade, que também preferiu preservar a
identidade, conta que se arriscou. “Sempre elegemos um motorista da vez,
mas, às vezes, não dá. Foi o caso”, afirmou. Segundo ele, durante o
evento, a fiscalização da Lei Seca “era praticamente inexistente”. No
entanto, para outros delitos, como roubo, os agentes estavam mais
atentos.
Apesar das críticas à atuação da fiscalização, Murilo Melo,
superintendente de trânsito do DER, sustenta que as operações da Lei
Seca estão mais intensificadas nas áreas próximas ao Taguaparque.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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