Na busca por um discurso que emplaque durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor e fiador político, Luiz Inácio Lula da Silva, resgataram ontem o mote da campanha petista de 2006. "Vou ganhar de novo, com a força do povo", disse Dilma em convenção estadual do PT na Bahia, fazendo referência ao "Lula de novo, com a força do povo" de oito anos atrás.
O ex-presidente explorou o mesmo tema, acrescentando uma provocação ao candidato tucano ao Planalto, Aécio Neves, preferido do mercado. "Pelo que eu sei, esse tal de mercado nunca votou em você (Dilma), nem nunca votou em mim. Quem vota na gente é esse povo, que é o grande mercado deste país", disse o petista no mesmo evento, no qual o deputado do partido Rui Costa foi oficializado como candidato na Bahia.
Duas semanas atrás, em meio à repercussão dos xingamentos dirigidos a Dilma na partida de abertura da Copa do Mundo de futebol, realizada em São Paulo, Lula já havia reciclado outro slogan, naquele caso o de 2002. Disse que "a esperança" iria "vencer o ódio", numa referência à frase "a esperança vai vencer o medo" emplacada pelo publicitário Duda Mendonça na campanha do início da década.
Para dentro.
Os dois discursos na convenção baiana seguiram a estratégia de, nessas ocasiões, falar mais para a militância do que para os eleitores em geral. "Quando alguém na rua perguntar: ‘quem é você?’, pode estufar o peito. Olhe nos olhos de quem te perguntar, de seu interlocutor, e diga com orgulho: ‘eu sou militante da aliança de partidos que mudou este País.
Sou dos partidos que têm a abolição das injustiças como projeto permanente. Sou dos partidos que deram ao povo pobre deste País, aos jovens, aos negros e às mulheres vários direitos", afirmou Dilma.
"Somos dos partidos que estão construindo um País em que o filho do pedreiro pode ser doutor, em que a costureira pode viajar de avião e a empregada doméstica tem carteira assinada, e todo e qualquer brasileiro pode entrar em uma loja e comprar o que sua família precisa.
Todo e qualquer brasileiro tem dignidade, emprego e renda. Sou de um partido que está fazendo uma revolução pacífica no Brasil. Sou de uma aliança de partidos que lutou, se esforçou para fazer da Copa das Copas uma vitória. Sou do PT, sou dos partidos aliados e vou ganhar de novo a eleição, com a força do povo", completou a presidente durante o evento em Salvador.
Dilma usou a Copa como alegoria do que os filiados ao partido devem esperar da campanha. Repetindo que seus adversários estão "apelando para o ódio", ela disse esperar "uma eleição difícil", porque "quem não tem argumento apela para a mentira". "Mentiram sistematicamente sobre a Copa", afirmou. "Até pouco tempo atrás, eles diziam que não ia ter Copa e que, se tivesse Copa, ela seria um fracasso.
Primeiro porque os estádios não estariam prontos. Os estádios estão todos prontos. Depois, porque (os torcedores) não teriam como chegar aos estádios. Todo mundo chegou aos estádios. Porque não ia ter aeroportos.
E os aeroportos estão funcionando dentro da normalidade. Para se ter uma ideia, depois do jogo do Brasil (contra Camarões), lá em Brasília, em um curto espaço de tempo, saíram 70 aviões do aeroporto, sem nenhum atraso."
Para a presidente, os militantes vão "ter de combater a mentira e a desinformação" na eleição. "Assim como não temos nada do que nos envergonhar sobre a Copa, que é a Copa das Copas, não temos nada do que nos envergonhar desses últimos 11 anos, desde o primeiro governo do presidente Lula, porque fizemos muito", disse.
Lula engrossou o coro, pedindo que Dilma respondesse com "um sorriso" os xingamentos que ela ouviu na partida de abertura da competição, em Brasília. "A resposta que você tem de dar é mostrar que aqueles que não queriam a Copa estão tendo que conviver com a Copa mais extraordinária que já se viu", disse o ex-presidente.
Corrupção.
Para Lula, os petistas precisam de "argumentos de mesa de bar" para "poder desmentir um cara que falar uma mentira" sobre Dilma. Um tema usado pelo ex-presidente para ilustrar a tática foi as acusações de corrupção em seu governo e no da sucessora.
"Eles se esquecem que, no tempo deles, não aparecia corrupção nos jornais porque eles jogavam (os casos) para baixo do tapete. Nós tiramos o tapete da sala. Podem juntar todos eles para saber se criaram 50% dos instrumentos de fiscalização que nós criamos. Só há um jeito de a pessoa não ser presa neste País: é não roubar. Se roubar, vai ser pego. Pode ser parente ou aderente, tem de ser punido."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário