segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Bolsonaro versus Parada de Orgulho Gay



Parada do Orgulho LGBT de Samambaia reúne mil pessoas

Evento reuniu cerca de 1 mil pessoas e aproveitou para colorir Samambaia Norte de arco-íris e também de panfletos em defesa dos partidos políticos que lutam pela causa LGBT

clara.camarano@jornaldebrasilia.com.br



Simpatizantes, ativistas, casais homossexuais e políticos aproveitaram a 3ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Samambaia para, além de colorir de arco-íris a Feira Permanente da cidade (QN 202 – Samambaia Norte), empunhar suas bandeiras de luta . 

Em momento quente que antecede as eleições de outubro, as propagandas dos candidatos que lutam pela causa foram presença forte em panfletos, adesivos e bandeiras de partidos empunhadas por militantes.

A 3ª Parada de Samambaia reuniu cerca de 1 mil pessoas entre às 14 e 22h do domingo (3) e promoveu ações sociais para conscientização do público. No local, foram disponibilizados testes de HIV e ainda distribuídas camisinhas, na defesa da campanha do sexo seguro.

“Estou muito feliz porque a cada ano cresce o evento em Samambaia. Todas cidades do Distrito Federal devem ter esse momento, que abre espaço para gays, lésbicas, simpatizantes, para todos. É nossa luta pelos direitos iguais que permanece e cresce”, orgulha-se a presidente do Grupo Livre LGBT de Samambaia, Greycy Campos.


Uma das organizadoras da do evento, Greycy pontua ainda outras ações desenvolvidas para a comunidade, como distribuição de agasalhos para as pessoas carentes.

Festa
O ativista e simpatizante Macalister Santos chegou cedo ao evento e não parou de dançar e gritar pelos direitos iguais. 

Acompanhado da amiga Cida Silva, eles pularam, cantaram e reivindicaram.

“Apoio o movimento. Aqui todo mundo é igual como deveria ser perante toda a sociedade. A parada gay se firma em Samambaia e mostra que todos, de qualquer cidade, e com qualquer opção sexual, devem ter seus direitos protegidos”, defende Macalister.

Cida também fez questão de ressaltar:  “vou em todas as paradas e não deixarei de brigar e de lutar pelos meus direitos e de grande parcela da sociedade.”

Os amigos Camilo Ryaan, Paulo Sérgio e Giovanni Albuquerque comemoraram o evento e fizeram questão de levantar a bandeira arco-íris, pela liberdade dos casais homossexuais.

“ A Parada Gay tem esse caráter político, que vai além da simples farra. Desmistifica aquela lenda de que os gays são promíscuos. Estão todos aqui lutando e foram feitas várias ações sociais de extrema importância, como o teste de HIV”, destaca.

Políticos em ação

Já que o momento é de eleição e também de falar em direitos iguais, a militante e candidata ao cargo de deputada federal pelo Distrito Federal e pelo PSTU, Mácia Teixeira aproveitou para passar no evento e deixar sua mensagem.

“ Sou militante, luto pelos direitos das mulheres, do livre amor, sem distinção de gêneros. Brasília ganha como um todo com as Paradas Gays acontecendo em todas as regiões administrativas. É um momento de dar visibilidade à causa”, frisou.

A militante do PSTU, Ana Maria Afonso aproveitou o evento para se manifestar. “O evento não é de farra, é de luta. Estamos aqui para isso e fazemos trazendo alegria para o povo”, concluiu.

De acordo com o 11º Batalhão da Polícia Militar de Samambaia Norte quatro viaturas da PM. Nenhuma ocorrência foi registrada.




Bolsonaro sobre casamento gay: 'não querem igualdade, e sim privilégios'

Deputado diz que nunca vai mudar de opinião sobre o assunto: 'eu sou parlamentar para pregar o que eu bem entender'

O deputado Jair Bolsonaro criticou o CNJ por aprovar uma decisão que autoriza o casamento gay 

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) criticou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que aprovou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo no País e entrou em vigor nesta quinta-feira. "O Judiciário, a exemplo do Supremo, tem avançado sobre a Constituição. Está bem claro na Constituição aqui: a união familiar é um homem e uma mulher. (...) Essas decisões aí só vêm a cada vez mais solapar a unidade familiar, os valores familiares: vai jogar tudo isso por terra", disse Bolsonaro. 

O deputado criticou a comunidade LGBT por buscar o direito ao matrimônio civil: "eles não querem igualdade, eles querem privilégios".

O CNJ aprovou, por 14 votos a um, uma resolução que obriga todos os cartórios do Brasil a celebrarem o casamento civil a pessoas do mesmo sexo da mesma forma como é celebrado a casais heterossexuais. 

A decisão foi publicada na quarta-feira, no Diário de Justiça Eletrônico, e é válida a partir desta quinta-feira. Ela não legaliza o casamento gay no País, já que, para isso, o assunto deveria passar por votação como lei no Parlamento. Para Jair Bolsonaro, "é o prolongamento de decisões que não caberiam a eles".

"Eu posso falar a besteira que eu quiser"

Bolsonaro também afirmou que, mesmo que o casamento gay seja legalizado no futuro, ele continuará lutando para que não seja permitido - e buscou mostrar que tem poderes como deputado. "Eu sou parlamentar para pregar o que eu bem entender. 

Se eu achar que jornalista tem que ir para o pau de arara, eu posso falar! 


Eu posso ir buscar assinaturas para a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) nesse sentido. Eu posso falar a besteira que eu quiser! Por isso que eu tenho imunidade, é para falar, dar opiniões, representar uma parte da sociedade", disse Bolsonaro.

O deputado manifestou indignação com as possíveis consequências que teria uma possível legalização do casamento entre homossexuais. "Se, atrás disso, vem a adoção de criança: uma criança adotada por um casal gay é 90% de chances que vai ser gay também", disse Bolsonaro. 

"Você acha que eu vou pegar meu filho de 6 anos de idade e deixar ele brincar com outro moleque de 6 anos adotado por um casal gay? Não vou deixar! (...) A lei não vai fazer minha maneira de pensar (ficar) diferente", afirmou.

"Ninguém, nenhum pai tem orgulho de ter um filho gay", disse Bolsonaro. "Você já viu baile de debutante de gays? (Dá uma gargalhada) Você acha que um pai ia financiar um baile de 15 anos para um filho gay? Para dançar: 'o meu filho Joãozinho vai dançar com o Pedrinho'. Tá de brincadeira, pô!"

O parlamentar também afirmou acreditar que a criação das crianças pode influenciar na orientação sexual delas. Bolsonaro sugeriu, inclusive, que castigos físicos funcionam para disciplinar tanto atos violentos dos filhos quanto comportamentos que ele considera sexualmente inadequados. 

"Quando um moleque está sendo extremamente violento - ele cospe na mãe, chuta o vizinho, quebra o vidro não sei do quê -, você dá um pau nele e não vai melhorar o comportamento dele? Por que se (o filho) está sendo meio 'delicado' demais, também você não muda o comportamento dele? Muda, sim!"

Mesmo depois de expor essas opiniões, Bolsonaro negou ser homofóbico - conceito que, para ele, diz respeito apenas à violência física contra homossexuais. "Eles me acusam de homofobia, que eu sou homofóbico. Você já ouviu, em algum lugar, eu falar que homossexual tem que morrer? Tem que dar porrada? Eu nunca ouvi falar isso em lugar nenhum."

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