sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Lula e PT se desentendem sobre vídeo no qual Lula pede votos para Marina - computador de ministério para atacar Alckmin sobre água


PT vai à Justiça para retirar do ar falso pedido de votos de Lula para Marina


Partido quer instauração de um inquérito criminal para apurar falsidade ideológica e identificar os autores

O presidente do PT, Rui Falcão, anunciou, nesta quinta-feira, que o partido vai tomar medidas judiciais para retirar da internet um vídeo no qual, por meio de uma montagem, o ex-presidente Lula pede votos para a candidata do PSB à Presidência da República,  Marina Silva. Originalmente o petista gravou apoio para Marina Santana, candidata do PT ao Senado em Goiás. 



No vídeo que circula na internet, foram acrescentados a abertura e o encerramento do programa oficial de Marina no horário eleitoral gratuito na TV e cortada a parte em que identifica Marina como candidata ao Senado por Goiás — 


Consideramos de extrema gravidade, queremos botar freio, deter esse tipo de campanha. É um vídeo grosseiramente fraudado e, infelizmente, traz a marca da candidata do PSB, atribui falsamente o apoio do presidente Lula à candidata Marina (Silva) — afirmou Falcão.






O PT pedirá ao Ministério Público Eleitoral a instauração de um inquérito criminal para apurar a prática de falsidade ideológica e a identificação dos autores. 


O partido já pediu ao Google a retirada do vídeo do YouTube e fará uma representação na Justiça Eleitoral por propaganda irregular. Em nota, a Coligação Unidos pelo Brasil (PSB, Rede Sustentabilidade, PPS, PPL, PHS, PRP e PSL) afirmou que vai requerer Ministério Público e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a abertura de inquérito para a identificação da origem e do responsável pela montagem e veiculação pelo vídeo, que considera “tosco e fraudulento”. 


“A coligação repudia o uso indevido da imagem de sua candidata e da marca da aliança. Expediente dessa ordem contraria os princípios éticos que caracterizam a candidata Marina Silva e os partidos que integram nossa coligação, empenhados em uma campanha eleitoral republicana e propositiva”, afirmou a coligação em comunicado.

Wikipedia é alterada por computador de ministério para atacar Alckmin sobre água

Modificação partiu de uma máquina da pasta das Cidades e enfatiza que o governador demorou a assumir crise

Mais uma vez uma rede do governo foi usada para alterar com críticas um verbete na Wikipedia. Desta vez, o alvo foi o governador de São Paulo e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB), atacado em edição do artigo “Sistema Cantareira”. A modificação, feita ontem a partir de um computador do Ministério das Cidades, enfatiza que o governador demorou a “assumir que o reservatório estava com volume baixo”.

No início do mês, O GLOBO noticiou que os textos sobre os jornalistas Míriam Leitão, colunista do GLOBO, e Carlos Alberto Sardenberg, da CBN e Rede Globo, foram modificados por um computador da Presidência da República. Em julho, a “Folha de S.Paulo” informou que nove computadores do governo federal foram usados para elogiar o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que hoje concorre ao governo de São Paulo pelo PT.


A crítica a Alckmin, feita a partir do IP 200.198.212.145 (espécie de identidade), do Ministério das Cidades, não entraram na página sobre o governador, mas numa outra relacionado a ele. Foram incluídos o subtítulo “Críticas”, com quatro parágrafos narrando reportagens sobre a forma como o governador conduz a crise de abastecimento de água, e links para publicações sobre o tema. 



“Apesar dos esforços da Sabesp e do governador Geraldo Alckmin, a demora em assumir que o reservatório estava com volume baixo e as frequentes afirmações de que ‘não há crise’ começou (sic) a atrair uma atenção imensa de jornais e também da mídia alternativa quanto à gestão tanto da Sabesp quanto do governador nas questões hídricas”, diz a abertura do capítulo. 


 “Foi criticado por jornais por tentar mostrar a crise como não tendo qualquer culpa por parte da gestão do governador”, completa o texto, que ficou só três minutos no ar, mas pode ser encontrado no histórico do site. 



O usuário que o retirou, identificado como Guilhermebr1, explicou a nova edição:


 “Alteração NOVAMENTE feita a partir da rede do governo federal com claro intuito de atacar o Governador.” Em nota, o Ministério das Cidades afirmou que “já abriu um processo investigativo para apurar fatos”.



 

ÉTICA DE JORNALISTAS FOI QUESTIONADA As mudanças no texto sobre Míriam Leitão, feitas a partir do IP 200.181.15.10 em 10 de maio, qualificavam as análises da jornalista como “desastrosas”. Três dias depois, a rede da Presidência voltou a ser usada para incluir trechos contra ela, desta vez associando-a ao banqueiro Daniel Dantas: “Míriam Leitão fez a mais corajosa e apaixonada defesa de Daniel Dantas, ex-banqueiro condenado por corrupção entre outros crimes contra o patrimônio público". Procurada, Míriam mostrou-se surpresa com o uso da estrutura do Palácio e desmentiu as acusações.

 
Com Sardenberg, a disposição foi semelhante. Também no dia 10, ao texto que dizia que ele é crítico das políticas econômicas de Lula e Dilma, o computador no Planalto adicionou: 


“... principalmente em relação aos cortes de juros promovidos nesses governos. É irmão de Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, instituição que tem grande interesse na manutenção de juros altos no Brasil, uma medida geralmente defendida também por Carlos Alberto Sardenberg em suas colunas”. 



O jornalista reagiu: “Esse é um debate de ideias, agora dizer que porque meu irmão trabalha na Febraban sou lacaio dos bancos é uma canalhice, uma baixaria.”


PLANALTO DIZ QUE IP É DE REDE ABERTA Ao longo dos três anos e meio do governo Dilma, o IP da Presidência foi usado para realizar cerca de 170 alterações na Wikipédia. Muitas modificaram verbetes relativos a órgãos ligados à Presidência e de ministros e ex-ministros como Moreira Franco, Antonio Palocci, Thomas Traumann, Ideli Salvatti e Alexandre Padilha, além do assessor especial da presidente, Marco Aurélio TOP TOP Garcia, e do vice-presidente, Michel Temer.

 
Procurado pelo GLOBO quando da divulgação dos ataques a Míriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, o Palácio do Planalto afirmou, na ocasião, que “o número do protocolo de internet (IP) citado pela reportagem é o endereço geral do servidor da rede sem fio do Palácio do Planalto. Isso significa que qualquer pessoa que utilizou essa rede via internet móvel terá como endereço de saída este número geral de IP. Por isso, não é possível apontar com segurança a identidade de quem alterou os textos citados pela reportagem a partir deste número de IP em maio de 2013”.

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