Marcos Palumbo negou ainda que tenha faltado água.
Incêndio em favela da Zona Sul deixou 600 famílias desalojadas.
Incêndio
de grandes proporções atingiu uma favela no Campo Belo, Zona Sul de São
Paulo, durante a noite de domingo (7)
"Eu vou para um combate a um incêndio com 239 mil litros de água e me dizem que não tinha água. É a mesma coisa que afirmarem que um cirurgião vai para uma cirurgia sem o bisturi", ilustrou, para negar as notícias de que teria faltado água na chegada dos bombeiros ao local com base em relatos de moradores da favela, localizada na esquina da Rua Cristovão Pereira com a Avenida Jornalista Roberto Marinho, no Campo Belo.
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Para Palumbo, há três indícios de que o incêndio na favela tenha sido
criminoso. Segundo ele, o chamado para a ocorrência se deu às 21h de
domingo e a primeira equipe chegou ao local às 21h04. "As chamas já
estavam alta no interior da comunidade. Não houve tanto tempo a partir
do chamado aos bombeiros para que as labaredas estivessem tão alta
daquele jeito", ressaltou.Em seguida, Palumbo destacou o comportamento de um grupo que recebeu os bombeiros com pauladas, pedradas e até disparos de arma de fogo. "Um bombeiro chegou a ser alvejado, mas não foi atingido, e o outro levou uma coronhada. Para combater o fogo, nós tínhamos de entrar na favela, porque a água evaporaria se a jogássemos de longe com as mangueiras, tal o calor. E quando eles entraram na comunidade foram recebidos por este grupo. Não me lembro de ter acontecido isso em 20 anos de corporação", disse.
Palumbo lembrou ainda que em incêndios anteriores em favelas os moradores costumam relatar incidentes corriqueiros, como panelas esquecidas no fogo, curto-circuitos e aparelhos ligados, para justificar o início dos sinistros. Segundo ele, nenhum morador se manifestou, desta vez, sobre o ocorrido.
Além disso, o comandante dos bombeiros recordou que a Polícia Militar havia prendido um suspeito de tráfico, horas antes, da Favela Alba, que fica próxima ao local. Com ele, foram apreendidos 1.698 pinos de cocaina, 1.582 papelotes de maconha, 40 comprimidos de ecstasy e R$ 52.267 reais em notas.
Nos dias 28 e 29 de agosto, reportagens do SPTV flagraram a utilização de adolescentes por traficantes para distribuir as drogas aos consumidores justamente na Rua Cristovão Pereira, onde funciova um drive-thru de entorpecentes.
"A prisão do traficante ocorreu no mesmo local onde os bombeiros foram atacados. Tudo isso gerou uma dúvida muito grande quanto à autoria deste incêndio e fizemos uma outra avaliação da provável causa. Mas as investigações e a perícia é que vão apontar qual foi a causa real do incêndio", ressaltou Palumbo.
Hidrantes
A Prefeitura de São Paulo informou, nesta segunda-feira, que a responsabilidade pela manutenção dos hidrantes da cidade é conjunta entre o Corpo de Bombeiros e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). As informações vão contra à versão da Sabesp, que diz que o trabalho deve ser feito pelo município.
O embate começou após um hidrante, que seria usado para ajudar na contenção do incêndio ter tido problemas. O local onde estaria o hidrante estava com entulho, o que impediu a água de sair e ser usada pelos Bombeiros.
Em nota, a Prefeitura informou que, segundo instrução técnica do Corpo de Bombeiros, "à concessionária local dos serviços de águas e esgotos é atribuída a competência para o projeto, instalação, substituição e manutenção dos hidrantes urbanos". Ou seja, seria tarefa da Sabesp realizar a manutenção no local.
A Prefeitura completou dizendo que no dia 13 de agosto, em audiência no Ministério Público, "ficou esclarecido que o Município não tem atribuição legal para fazer a manutenção de hidrantes. Além disso, autoridades da Sabesp e do Corpo de Bombeiros assumiram o compromisso de trabalharem juntos" informou sobre o trabalho.
O governador Geraldo Alckmin também atribuiu à Prefeitura a responsabilidade.
"Manutenção de hidrante não é com o estado, é com o município. Nós não temos falta de água em São Paulo, não existe isso", disse.
O problema no hidrante foi apenas uma das reclamações dos moradores durante o combate ao incêndio. A entregadora de panfletos Ellen da Costa disse ter presenciado a chegada dos bombeiros. “Quando eles chegaram não tinha água. Eles não tinham com o que apagar”, afirmou.
Bombeiros que não quiseram gravar entrevista disseram à reportagem do Bom Dia São Paulo que a estiagem tem prejudicado os trabalhos de combate ao fogo na cidade. Porém, a informação foi desmentida pelo comandante.
“Em hipótese alguma a falta d´água atrapalhou. Não houve falta d´água. Foi uma adaptação para montar a estratégia adequada para fazer o combate”, declarou o coronel Sérgio Moretti, comandante da operação do Corpo de Bombeiros.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou a versão de Moretti. Em nota, a SSP informou que "em momento algum, faltou água para o combate ao fogo. Isso porque havia, no local, 36 viaturas do Corpo de Bombeiros, com 96 homens e abastecidas com 239 mil litros de água".
Na nota, a SSP diz ainda que os trabalhos foram dificultados pela ação de pessoas da comunidade. "[A equipe] teve dificuldades para agir porque foi recebida por pedradas e tiros disparados por marginais que vivem na comunidade. Esta dificuldade inicial deu a impressão de haver falta d´água".
Incêndio
A Defesa Civil estima que cerca de 600 famílias ficaram desalojadas depois do incêndio que atingiu a favela. Os moradores, porém, dizem que o número de famílias que perderam suas casas é maior.
O órgão passou a manhã trabalhando para cadastrar moradores para receberem ajuda emergencial. “Estamos providenciado dois centros de convivência para receber mulheres e crianças, inicialmente”, afirmou Milton Roberto, representante da Defesa Civil.
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