segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Carros demais DF tem o dobro de carros por habitante do que média nacional

9 de novembro de 2014  ESTAÇÃO DA NOTICIA

Carol Oliveira, Do R7


Com renda per capita próxima a de países europeus, avenidas de desenho propício para a circulação de carros e transporte público ineficiente, o Distrito Federal tem uma fórmula perfeita para superlotação do trânsito. Com Brasília e outras 37 regiões administrativas, a central do país exibe números de aquisição de veículos acima de sua capacidade estrutural. Enquanto a média nacional é de um carro para quatro habitantes (0,25 carro por habitante), o DF tem um automóvel para dois moradores (0,5 carro por habitante). Nos horários de pico, as conhecidas ruas largas viram vielas, tomadas por um mar de carros.
 
No centro do poder nacional, a Esplanada dos Ministérios tem duas pistas, cada uma com seis faixas. A avenida, somados os canteiros, tem 250 metros de largura. Apesar da amplitude, às 17h, de um lado e de outro, o que se vê são carros emaranhados seguindo para rumos contrários e outros tantos ocupando irregularmente algumas faixas para estacionamento.

Entre o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal está um dos pontos críticos da via. Os dados mostram que a situação não aponta para uma melhora. A previsão do Sincovid (Sindicato das Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal) é encerrar o ano com crescimento de 3% a 7% nas vendas de veículos em relação ao nao passado. Em 15 anos, a frota de veículos mais que triplicou. No ano 2000, o Distrito Federal tinha pouco mais de 585 mil carros. Até agosto de 2014, são mais de 1,5 milhão.

Uma das principais avenidas de ligação entre o centro de Brasília e Ceilândia e Taguatinga, cidades que concentram a maior população do DF, passou por reforma e recebeu duas faixas de vias marginais e três em uma via expressa. O alargamento não foi suficiente para erradicar os diários congestionamentos.
 
Para percorrer 30 km, são necessários pelo menos 1h30. Em todo o trajeto, em uma olhada para os lados, o interior de quase todos os veículos apresentam o mesmo cenário: o motorista segue sozinho para seu destino. Renda, ruas feitas para carros e transporte público ineficiente não os únicos fatores que explicam o caos no trânsito. A cultura do Distrito Federal é componente importante para explicar porque tantas pessoas andam de carro.

A jornalista Mariana Damasceno é protagonista diária da mesma cena. Sai de casa em Samambaia, a 30 km do trabalho às 7h para chegar às 8h se segunda a sexta. Um resultado de R$ 500 por mês de gasolina. Mas em trajetos curtos, ela também utiliza o carro. Para ir a casa da avó, que fica a cerca de 100 metros da sua. É praticamente uma daquelas pessoas que trocou os pés por rodas.

— Eu vou trabalhar de carro. Como tenho dois empregos é mais cômodo. Mas quando chego em casa e quero um pão ou coisa do tipo, pego o carro também. Mesmo que seja para atravessar uma quadra. Vou na minha avó, que é na rua de cima de carro. Uso por costume, por comodidade e por preguiça também.

Nenhum comentário: