segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Adams e Cardozo: briga pela vaga de Joaquim Barbosa.
Cotado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, virou alvo de líderes do PMDB no Congresso, que
trabalham para barrar sua indicação para a vaga aberta com a
aposentadoria de Joaquim Barbosa. Os senadores José Sarney (AP), Eunício Oliveira (CE), Lobão Filho (MA) e
seu pai, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ficaram
incomodados com ações da Polícia Federal que atingiram líderes do
partido durante a campanha eleitoral deste ano.
Eles se queixam da atuação de Cardozo, a quem a PF é subordinada, e
sinalizaram ao Palácio do Planalto que seu nome será rejeitado no Senado
se a presidente Dilma Rousseff indicá-lo para o STF. Principal aliado
do governo no Congresso, o PMDB tem a maior bancada da Casa. A irritação
dos líderes peemedebistas teve início em setembro, quando
reclamaram do tratamento dado pela campanha de Dilma ao partido nos
Estados. Eunício concorreu ao governo do Ceará e Lobão Filho, ao do
Maranhão. Os dois foram derrotados.
Os peemedebistas também culparam o Planalto pelo vazamentos de detalhes
das investigações da Operação Lava Jato que colocaram integrantes da
cúpula do partido entre os suspeitos de receber propina de empresas que
fizeram negócios com a Petrobras.
O ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, que fez acordo com a
Justiça para ajudar nas investigações, apontou o ministro Lobão, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), entre possíveis beneficiados pelo
esquema.Durante a campanha, a PF revistou a mulher de Eunício Oliveira
num
aeroporto de Fortaleza, antes de ela embarcar num jato executivo rumo a
um evento de campanha. Lobão Filho foi abordado pela PF no aeroporto de
Imperatriz (MA), também quando se preparava para embarcar numa viagem de
campanha com assessores.
Os policiais revistaram o avião, carros e bagagens da comitiva de Lobão
Filho. O vice-presidente da República e presidente da sigla, Michel
Temer, e Renan Calheiros criticaram a atuação da PF. O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, subordinado de Cardozo,
chegou a gravar um depoimento para a campanha de Flávio Dino (PCdoB),
que derrotou Lobão Filho nas eleições. Como o PT apoiava Lobão Filho, o
secretário vetou o uso das imagens. O Senado nunca rejeitou uma indicação presidencial para o STF. Os
líderes do PMDB ameaçam vetar Cardozo se ele for escolhido por Dilma,
mas não estão trabalhando por nenhum outro nome.
DESAVENÇAS
Além da animosidade com o PMDB, o ministro da Justiça também tem
desavenças com outro cotado para a vaga no STF, o advogado-geral da
União, Luís Inácio Adams. Durante a operação Porto Seguro da PF, Adams foi surpreendido quando um
de seus principais colaboradores na AGU, José Weber Holanda, foi
apontado como participante de um esquema de venda de pareceres técnicos.
A situação criou desgaste político para Adams, uma vez que um
procedimento investigativo também foi aberto contra ele. O mesmo foi
arquivado em agosto de 2013, quando o Ministério Público afirmou que
Adams não fez parte do esquema e nada havia contra ele a ser apurado.
A vaga que Dilma tem para preencher no STF foi aberta com a
aposentadoria do ex-ministro Joaquim Barbosa, em julho. Ela não tem
prazo para escolher, mas deve fazê-lo até o fim deste ano. Além de Cardozo e Adams, são cotados para a vaga o professor da USP
Heleno Torres, o professor da Universidade Federal do Paraná Luiz
Fachin, o ministro do STJ Benedito Gonçalves, o subprocurador da
República Eugênio Aragão, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, e o presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Côelho.(Folha de São Paulo)
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