A
presidente Dilma Rousseff pode anunciar, a qualquer momento, o nome do
futuro ministro da Fazenda, que, na prática, poderá ser considerado o
atual ministro, uma vez que Guido Mantega não está mais entre nós.
Agora, ele chegou à fase de dizer coisas incompreensíveis, a exemplo de
sua leitura otimista da economia, feita há dois dias. O estoque de
piadas nessa área já se esgotou e ninguém mais ri.
Tudo
indica que o trio que vai cuidar da economia será Nelson Barbosa,
ex-secretário-geral da Fazenda; Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro,
na gestão Lula; e Alexandre Tombini, que continuaria à frente do Banco
Central. Este já demonstrou que pode ser, como é mesmo?, “independente”
na medida certa. Barbosa foi chamado hoje ao Palácio. Tem mais o perfil
de um formulador de política econômica. O que parece, em princípio, não
se encaixar muito no figurino é Levy como ministro do Planejamento.
Vamos ver.
De
qualquer modo, essa possível configuração se dá depois de uma lambança
dos diabos, envolvendo o nome de Luiz Carlos Trabuco, presidente
executivo do Bradesco.
Era um nome que agradava tanto a Dilma como a
Lula, mas se dava como certo no mercado que Lázaro Brandão, presidente
do Conselho de Administração do banco, não concordaria com a solução
ainda que Trabuco quisesse, o que também não era líquido e certo. O
atual presidente executivo do Bradesco está sendo preparado para assumir
o lugar de “Doutor Brandão”, comandante inconteste do gigante.
A
trapalhada foi enorme e indica que a área política de Dilma não é melhor
do que a econômica. É claro que as sondagens deveriam ter sido feitas
com a devida discrição — e não foi Trabuco quem vazou, que fique claro
—, para evitar que a presidente tivesse de ouvir um “não”. Era um
trabalho para Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil. Mas ele
continua a ser mais o problema do que a solução.
O mercado
reagiu bem à possibilidade de Dilma indicar Barbosa ou Levy para a
Fazenda. O primeiro é considerado um técnico prudente; o segundo conta,
vamos dizer, com o entusiasmo ideológico da turma.
Não deixa
de ser curioso: na economia, Dilma acena com uma saída mais ortodoxa. No
Ministério do Desenvolvimento, deve ficar com Armando Monteiro
(PTB-PE), ex-presidente da CNI. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO),
presidente da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do
Brasil), será a ministra da Agricultura. Para quem liderou uma campanha
que procurou radicalizar à esquerda, tem-se uma guinada e tanto, não é
mesmo?
Convenham: é preferível a hipocrisia escolhendo a racionalidade à irracionalidade escolhendo a coerência.
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