A presidente Dilma Rousseff ouviu nesta terça (18) do ex-presidente Lula o conselho de agilizar a escolha de sua futura equipe econômica, para sair da agenda negativa e evitar que a crise detonada pela da Operação Lava Jato imobilize o governo.
Durante encontro nesta terça na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência, Dilma prometeu tentar anunciar o substituto de Guido Mantega (Fazenda) até esta sexta (21).
Pelo menos três nomes foram analisados na reunião: Luiz Carlos Trabuco (presidente do Bradesco), Nelson Barbosa (ex-secretário-executivo da Fazenda) e Alexandre Tombini (atual presidente do Banco Central).
Trabuco já havia sinalizado que poderia rejeitar um convite, mas Lula acredita que ele pode mudar de opinião. Segundo a Folha apurou, na hipótese de Trabuco aceitar, estava sendo cogitada a possibilidade de ele trazer para sua equipe Joaquim Levy, que hoje trabalha num dos braços do Bradesco.
Levy foi secretário do Tesouro na gestão de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda no governo Lula.
Dos outros dois ministeriáveis avaliados, Nelson Barbosa conta com a simpatia dela e a de Lula. Caso não seja a opção de Dilma para Fazenda, pode ir para o Ministério do Planejamento, com a missão de formular medidas para o governo, que já era dele no primeiro mandato.
Já Tombini seria chamado caso a presidente não encontre um nome que considere adequado para Fazenda.
A presidente prefere manter Tombini à frente do Banco Central, que neste final de ano apertou a política monetária para tentar segurar a inflação e fazê-la convergir para o centro da meta de 4,5% nos próximos dois anos.
Do encontro também participaram o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão. Segundo assessores, não houve definição final sobre o substituto de Mantega. Não estão descartados, segundo eles, uma surpresa ou até mesmo Henrique Meirelles, ex-presidente do BC de Lula.
Na reunião da Granja do Torto, foi praticamente decidido que, neste ano, Dilma deve indicar apenas sua equipe econômica (Fazenda, Planejamento e Banco Central) e o grupo palaciano (Casa Civil, Secretaria-Geral e Relações Institucionais), deixando os ministros das cotas partidárias para 2015.
Na avaliação do governo, é melhor esperar o desdobramento da crise gerada pela Operação Lava Jato e da disputa pelo comando da Câmara dos Deputados para montar a equipe ministerial vinculada à base aliada.
Eraldo Peres - 26.out.2014/Associated Press | ||
Dilma e Lula se abraçam após a reeleição da presidente |
LULA X MERCADANTE
O grupo de Lula também está preocupado com as primeiras sinalizações do governo sobre medidas na área econômica. Lulistas disseram à Folha que os comentários de Mercadante sobre futuras medidas de ajuste fiscal não estão sendo bem recebidas pelo mercado.
A avaliação é que Mercadante estaria falando demais sobre economia antes da nomeação do futuro ministro da Fazenda, a quem deveria caber o papel de definir a estratégia da nova política econômica da presidente Dilma.
Para lulistas, Mercadante passa a ideia de que o ajuste fiscal não seria prioridade.
Um interlocutor de Lula diz que isso pode ser fatal, fazendo o país perder o grau de investimento, prejudicando a entrada de recursos no país e encarecendo o crédito para empresas brasileiras no exterior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário