sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Patrimonialismo + PT = desgraça total





O patrimonialismo não é novidade no Brasil. Ao contrário: é sua essência. Tratar a coisa pública como privada tem sido a marca de nossa política há séculos. Mas a novidade é a chegada ao poder de um partido cuja própria essência é diferente, por endossar a máxima leninista de que os “nobres” fins justificam quaisquer meios. 



A mistura entre ambos foi explosiva. O resultado está aí.


Eduardo Giannetti, em sua coluna de hoje na Folha, fala do patrimonialismo, e do nacional-desenvolvimentismo petista que conseguiu destruir as duas principais estatais do país. Diz ele:



O paradoxo salta aos olhos. Temos um governo de perfil estatizante, cioso da sua orientação nacional-desenvolvimentista, mas que logrou a proeza de arrebentar nossas duas principais empresas estatais. Obra de raro descortino.
[...]
Os caminhos do inferno, é claro, diferem. A ruína da Eletrobras foi fruto das boas intenções do governo Dilma (o setor elétrico, aliás, teria sido o tema da dissertação de mestrado da presidente na Unicamp), ao passo que a devastação da Petrobras resulta, entre outras coisas, da ação articulada de profissionais: uma quadrilha de empreiteiros, burocratas, lobistas e dezenas de políticos que conferiu ao lema getulista –”o petróleo é nosso”– inédito e inadvertido significado.


Mas existe um substrato comum a esses descalabros. Ambos refletem a deformação patrimonialista do Estado brasileiro –”o capitalismo politicamente orientado”, no dizer de Raymundo Faoro em “Os Donos do Poder”, que aportou por aqui com as caravelas, atravessou cinco séculos de história e foi alçado a novo patamar no atual governo.


O microgerenciamento e a tutela estatal sobre a atividade econômica criaram um clima ainda mais hostil ao empreendedorismo, aos investimentos. A simbiose promíscua entre grandes empresas e estado afugentou as empresas sérias, que precisam sobreviver com base na competitividade no livre mercado. Cooptar os burocratas e governantes passa a ser o melhor “investimento” no país.


E a corrupção, claro, tende a aumentar muito quando o governo se intromete mais e mais na economia. O patrimonialismo tem tudo a ver com isso. Quando se encontra com o marxismo petista, cuja natureza é justificar o mal como necessário para o triunfo do “bem”, sai de baixo! É o que mostra Reinaldo Azevedo em sua coluna no mesmo jornal:


A máfia é uma organização criminosa privada que busca se apoderar do Estado, infiltrando-se na política, na polícia e na Justiça. O alvo são os negócios. No Brasil, assistimos a algo um pouquinho diferente.


Primeiro a “organização” se encarregou de dominar aparelhos influentes: universidades, movimentos sociais, imprensa etc., promovendo a guerra cultural, de modo a subverter valores comezinhos. Depois veio o domínio do aparelho de Estado, por meio de eleições. A exemplo da máfia tradicional, o alvo também eram os negócios. É claro que me refiro ao PT. 


[...]
É preciso recuperar a cadeia virtuosa da civilização que importa: menos Estado, menos corrupção, menos pobreza, mais liberdade. Ou é isso, ou o PT ainda se orgulhará de 100 milhões de pessoas no Bolsa Família, enquanto R$ 21 bilhões da Petrobras desaparecem no ralo da sem-vergonhice.


Enfim, o casamento entre nosso tradicional patrimonialismo com a postura mafiosa do PT, disposto a justificar tudo com base em suas “lindas” intenções, temos a garantia de uma desgraça. Afinal, o partido não terá limites no abuso da coisa pública para avançar mais e mais rumo a um projeto totalitário de poder. No caminho, deixará um rastro de destruição. Inclusive de nossas estatais…


Rodrigo Constantino

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