O GLOBO - 08/11
Ressalvadas as devidas dimensões e peculiaridades históricas, a presidente Dilma Rousseff atuou no ano da sua campanha à reeleição do mesmo jeito que os antecessores José Sarney e Fernando Henrique Cardoso enfrentaram uma conjuntura econômica difícil também em meio ao calendário eleitoral.
Sarney lançou o Plano Cruzado, congelou preços, não conteve gastos públicos, entre outras falhas, e o plano fez água. Ele postergou os ajustes necessários para depois das eleições do final de 1986, e assim seu partido, o PMDB, ainda impulsionado pela popularidade do plano, elegeu 22 governadores e a maior bancada do Congresso. Depois, vieram os inevitáveis e amargos remédios: cortes de subsídios, fim do congelamento de preços, para acabar com o desabastecimento etc.
FH, por sua vez, enquanto preparava a reeleição, em 1998, lutava para evitar a flutuação do câmbio, a âncora que mantinha a inflação baixa. Assim como Sarney se comprometia com a perpetuação do Cruzado, FH e equipe econômica garantiam a preservação da política cambial. Ganhou a eleição e a primeira grande medida do novo governo, logo no início de 1999, foi deixar o câmbio flutuar.
Nenhum dos dois, Sarney e FH, tinha alternativas, embora, devido às eleições, não reconhecessem as dificuldades. O mesmo aconteceu com Dilma Rousseff, dura crítica, nos debates e entrevistas antes das urnas, da ideia de ajuste fiscal, política monetária (juros) apertada, atualização de tarifas públicas, como energia e combustíveis.
A mesma história se repete: três dias depois de a presidente conquistar a reeleição, o Banco Central elevou os juros de 11% para 11,25%; tarifas de energia passaram a ser reajustadas em maior ritmo — só a da Light, em 17,7%; e os combustíveis acabam de ter os preços revistos. Isso sem falar em informações de pesquisas oficiais mantidas nas gavetas.
Dilma, assim como, em suas épocas, Sarney e FH, começou a descer do palanque. Em entrevista conjunta ao GLOBO, “Estado de S.Paulo”, “Folha de S.Paulo” e “Valor”, a presidente reeleita reconheceu que terá de “fazer o dever de casa” na luta contra a inflação, como cortar despesas, uma heresia se fosse dito antes de 26 de outubro. Louve-se a franqueza mesmo tardia da presidente no tema, bem como no correto posicionamento diante do PT: “eu não represento o PT. Eu represento a Presidência da República”.
Mas, em alguma medida, ela se mantém prisioneira do estilo fisiológico de exercício do poder pelo lulopetismo. Daí defender, na entrevista, a manutenção dos 39 ministérios. São de fato pouca coisa do ponto de vista dos bilionários gastos públicos, ela tem razão. Mas simbolizam o desregramento administrativo e atravancam a própria gestão. Servem mesmo apenas para o toma lá dá cá.
É um avanço admitir problemas-chave como a inflação. Que continue a descer do palanque e faça escolhas sensatas para a equipe econômica.
Ressalvadas as devidas dimensões e peculiaridades históricas, a presidente Dilma Rousseff atuou no ano da sua campanha à reeleição do mesmo jeito que os antecessores José Sarney e Fernando Henrique Cardoso enfrentaram uma conjuntura econômica difícil também em meio ao calendário eleitoral.
Sarney lançou o Plano Cruzado, congelou preços, não conteve gastos públicos, entre outras falhas, e o plano fez água. Ele postergou os ajustes necessários para depois das eleições do final de 1986, e assim seu partido, o PMDB, ainda impulsionado pela popularidade do plano, elegeu 22 governadores e a maior bancada do Congresso. Depois, vieram os inevitáveis e amargos remédios: cortes de subsídios, fim do congelamento de preços, para acabar com o desabastecimento etc.
FH, por sua vez, enquanto preparava a reeleição, em 1998, lutava para evitar a flutuação do câmbio, a âncora que mantinha a inflação baixa. Assim como Sarney se comprometia com a perpetuação do Cruzado, FH e equipe econômica garantiam a preservação da política cambial. Ganhou a eleição e a primeira grande medida do novo governo, logo no início de 1999, foi deixar o câmbio flutuar.
Nenhum dos dois, Sarney e FH, tinha alternativas, embora, devido às eleições, não reconhecessem as dificuldades. O mesmo aconteceu com Dilma Rousseff, dura crítica, nos debates e entrevistas antes das urnas, da ideia de ajuste fiscal, política monetária (juros) apertada, atualização de tarifas públicas, como energia e combustíveis.
A mesma história se repete: três dias depois de a presidente conquistar a reeleição, o Banco Central elevou os juros de 11% para 11,25%; tarifas de energia passaram a ser reajustadas em maior ritmo — só a da Light, em 17,7%; e os combustíveis acabam de ter os preços revistos. Isso sem falar em informações de pesquisas oficiais mantidas nas gavetas.
Dilma, assim como, em suas épocas, Sarney e FH, começou a descer do palanque. Em entrevista conjunta ao GLOBO, “Estado de S.Paulo”, “Folha de S.Paulo” e “Valor”, a presidente reeleita reconheceu que terá de “fazer o dever de casa” na luta contra a inflação, como cortar despesas, uma heresia se fosse dito antes de 26 de outubro. Louve-se a franqueza mesmo tardia da presidente no tema, bem como no correto posicionamento diante do PT: “eu não represento o PT. Eu represento a Presidência da República”.
Mas, em alguma medida, ela se mantém prisioneira do estilo fisiológico de exercício do poder pelo lulopetismo. Daí defender, na entrevista, a manutenção dos 39 ministérios. São de fato pouca coisa do ponto de vista dos bilionários gastos públicos, ela tem razão. Mas simbolizam o desregramento administrativo e atravancam a própria gestão. Servem mesmo apenas para o toma lá dá cá.
É um avanço admitir problemas-chave como a inflação. Que continue a descer do palanque e faça escolhas sensatas para a equipe econômica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário