Publicação: Segunda-feira, 24/11/2014 às 07:57:57
Profissionais suspenderam marcação de primeiras consultas e cirurgias eletivas, entre outras medidas
ludmila.rocha@jornaldebrasilia.com.br
A equipe técnica da Unidade Cirúrgica do Hospital de Base do DF (HBDF) declarou, por meio de um documento enviado à Secretaria de Saúde, que adotará medidas de contingenciamento no atendimento, em função do estado calamitoso enfrentado pelo hospital. Estão suspensas as marcações das primeiras consultas – inclusive na ala oncológica - cirurgias eletivas e o recebimento de pacientes vindos de outros hospitais.
Somente os que necessitarem de cirurgias de urgência serão atendidos. Os demais precisarão ser redirecionados para outras unidades.
No documento enviado à Secretária de Saúde, os responsáveis técnicos das unidades de Terapia Intensiva (UTIs) descrevem a situação em que o hospital se encontra: “Há falta de quase tudo: medicamentos básicos, antibióticos, quimioterápicos, analgésicos, insumos de centro cirúrgico como gazes e compressas, e a maioria dos exames laboratoriais”.
A equipe alega que o desabastecimento compromete a segurança e coloca em risco a vida dos pacientes. Por isso, de acordo com eles, não será mais possível garantir a assistência básica aos internados nas UTIs. “Até que a situação seja normalizada, manteremos medidas de contingenciamento”, afirmam.
Desabafo
Um clínico-geral confirma que faltam medicamentos básicos no maior hospital público do DF: “Faltam Dipirona, Plasil e até gaze”. Segundo ele, há apenas uma ambulância disponível. “Em função da falta de material e condições de trabalho, as consultas na clínica médica também devem ser suspensas em breve”, acredita. “Os pacientes muitas vezes culpam os médicos, dizem que não queremos atender, mas atendimentos nessas condições se tornam um risco”, justifica.
Ele lembra que, há algumas semanas, a equipe médica e os acompanhantes dos pacientes ficaram sem receber alimentação. “Essa situação felizmente foi normalizada, mas os problemas atuais são tão preocupantes quanto”, acredita.
Falta até esparadrapo para curativo (!!)
A comerciante Edinalva do Nascimento, 65 anos, conta que faltou até esparadrapo para um curativo em seu pé. “Cheguei a falar com o coordenador do setor, mas ele disse que não podia fazer nada e confirmou que está faltando material. Está todo mundo reclamando lá dentro”, conta.
Itamar da Silva, catador, de 52 anos, acompanha o filho, de 14. O garoto aguarda uma cirurgia há cinco dias. “Ele teve o braço engessado e a cirurgia já foi adiada várias vezes. Eles não dão justificativa. Enquanto isso, ele permanece em jejum, já que pode ser a qualquer momento”, reclama.
Procurada, a Secretaria de Saúde informou apenas que “nenhum serviço deixará de ser prestado. Medidas sobre o documento apresentado já estão sendo tomadas”.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, problemas no planejamento estratégico governamental ocasionaram tal situação. “A crise na saúde do DF já ocorre há algum tempo e não se restringe ao Hospital de Base”, assegura. “Só esperamos que a população entenda que os médicos não podem ser responsabilizados por problemas de gestão
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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