sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Corrupção: Deputados do PP falam de propina no partido no caso Petrobras

3:30:09


Bolsonaro reconheceu que partido está envolvido nas denúncias. Heinze atacou o esquema

Dois deputados do PP - legenda apontada como beneficiária do esquema de corrupção na Petrobras - subiram à tribuna da Câmara na tarde desta quarta para discursar sobre o caso. Jair Bolsonaro (RJ), em rota de colisão com seu partido, disse que a legenda a qual pertence, desde sua fundação, é notícia tanto nas páginas políticas como na editoria de polícia. O parlamentar reconhece que o PP está envolvido no esquema...

— Na imprensa, o PP está nas páginas políticas e nas policiais. Ninguém procura fazer uma reunião para discutir qualquer coisa. O Alberto Youssef (doleiro e um dos responsáveis por pagamento de propina) declarou que no PP só sobram dois. É o preço que meu partido está pagando por apoiar sobejamente um governo corrupto e imoral — disse Bolsonaro, se referindo ao governo do PT.

Luiz Carlos Heinze (PP-RS) preservou o partido, mas atacou o esquema de desvio de dinheiro na estatal. Lembrou que em países como China e Japão algumas pessoas flagradas em atos de corrupção se suicidam.

— O deputado Shokei Arai, de Tóquio, enforcou-se. O que houve com ele? Um roubo de 250 mil dólares. A Ministra de Economia do Japão, Yuko Obuchi, por 16 milhões de ienes, cerca de 600 mil reais, pediu demissão do Ministério em que estava. Um parlamentar chinês, por poucos hectares de terra, também pediu demissão - disse Heinze, que comparou esses casos às atuais denúncias no Brasil.

— Aqui no Brasil, um gerente da Petrobras se apresenta numa delação e diz que vai devolver 98 milhões de dólares, e parece que está tudo bem.

Para ele, correto é o comportamentos dos chineses e japoneses.

— É hora de colocarmos a mão na consciência e fazermos alguma coisa. Em qualquer país, gente séria faz o que a China e o Japão fizeram. Aqui no Brasil, parece que é normal.

Heinze citou como exemplo um parlamentar do próprio partido, o ex-governador paulista Paulo Maluf. Disse na tribuna:

— Eu ouvi muitos dizerem que Paulo Maluf era o maior ladrão da paróquia... — disse, tendo seu microfone desligado porque seu tempo de discurso estava esgotado.

O GLOBO procurou Heinze para que ele complementasse a frase. Ele disse:

— O que queria dizer é que todo mundo do PT criticava o Maluf, que teria que devolver um milhão de dólares. Só o escândalo em Pasadena (refinaria comprada pela Petrobras num negócio polêmico) foi de um bilhão. Mil vezes mais que Maluf. Isso sem falar no resto, na Abreu e Lima, nos portos, aeroportos, nos estádios de futebol, por aí afora — disse Heinze.
 
 
Fonte: O Globo, por Evandro Éboli. Foto: GABRIELA KOROSSY / Agência Câmara - 12/11/2014 - 04/12/2014 - - 23:30:09

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