sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Um novo PSDB sem punhos de renda e com 51 milhões de votos.
De origem acadêmica, o PSDB fez ao longo dos 12 anos dos governos
Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff uma oposição "punhos de
renda" que, segundo parlamentares tucanos, não se traduzia em ações de
contenção ao poder do PT. A reeleição da presidente serviu de "rito de
passagem" para o partido, que abriu a caixa de ferramentas antes mesmo
do início do segundo mandato.
Logo após a eleição, o
partido - com o argumento de responder aos questionamentos nas redes
sociais sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas - pediu uma
auditoria no resultado das eleições. No momento seguinte, os principais
líderes da legenda, como o senador Aécio Neves (MG) - candidato à
Presidência derrotado no 2.º turno por Dilma -, iniciaram uma blitz
retórica, como chamar o PT de "organização criminosa".
Agora,
dizem os tucanos, com a votação do projeto que flexibiliza a meta
fiscal, é o momento da ação legislativa. "O governo saberá daqui para a
frente o que é fazer oposição selvagem", disse ao Estado o líder tucano
na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), ele próprio autor de 12 discursos de
ataque ao governo Dilma na sessão de 18 horas que aprovou a
flexibilização das metas fiscais - iniciada anteontem e encerrada na
manhã de ontem.
O primeiro discurso de Imbassahy foi feito
às 10h28, 25 minutos antes da sessão do Congresso alcançar o quórum
necessário para apreciar dois vetos da presidente Dilma e as mudanças na
meta fiscal. O último ocorreu às 4h38 minutos da madrugada de ontem,
antes do encerramento às 5h. Em cada um deles Imbassahy acusou o governo
de envolvimento em corrupção, de ter quebrado o País, e de fazer
maquiagem para tentar se salva. Também citou a delação do executivo
Augusto Mendonça, do grupo Toyo Setal, que disse que doações eleitorais
ao PT eram parte da propina cobrada em contratos da Petrobrás.
Na
mesma linha "oposição selvagem" dos tucanos, o deputado Domingos Sávio
(MG) fez 15 pronunciamentos. Já o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes
Ferreira (SP), fez seis intervenções. Numa delas, evocou o segundo
livro de Samuel, na passagem em que o rei Davi é perdoado depois de
reconhecer que errou ao seduzir a mulher de Urias. "A presidente errou,
mas não reconhece. E erra de novo. Não será perdoada", sentenciou
Aloysio Nunes Ferreira. Imbassahy, Aloysio Nunes e Domingos Sávio fazem
parte da tropa de choque do PSDB, disposta a não dar sossego ao PT.
Preço.
Mas o próprio Aécio, que é presidente do partido, também foi para o
ataque, durante a longa sessão que tratou da mudança na meta de ajuste
fiscal. Disse que Dilma tinha posto o Congresso "de cócoras" ao editar
decreto condicionando a liberação de emendas parlamentares à aprovação
da proposta do ajuste fiscal. Aécio fez as contas e chegou à conclusão
que cada parlamentar valia R$ 748 mil no preço do governo.
Imbassahy
diz que os tucanos estão animados. "É como se a gente estivesse numa
partida de futebol, com o estádio cheio. Nosso candidato à Presidência
da República teve 51 milhões de votos. Cada vez que nos manifestamos
aqui, estamos nos manifestando para 51 milhões de eleitores. Isso dá um
ânimo danado para brigar." (Estadão)
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