Tipo assim, Palocci: você sai, mas bota o seu irmão. Como o Franklin Martins botou o dele. Como o Mercadante botou o filho. Como o Lula que botou o filho também...
As investigações da Operação Lava-Jato chegaram à usina hidrelétrica
de Belo Monte, no Pará. No acordo de delação premiada assinado com o
Ministério Público Federal, o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça
Neto, acionista do grupo Toyo Setal, comprometeu-se a entregar à
força-tarefa do Ministério Público informações detalhadas e documentos
sobre “todos os fatos relacionados a acordos voltados à redução ou
supressão de competitividade, com acerto prévio do vencedor, de preços,
condições, divisão de lotes, etc, nas licitações e contratações”
realizadas para a construção da hidrelétrica.
Em junho passado, foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal a contratação, pela empresa Norte Energia, da Toyo-Setal Empreendimentos, da Engevix Engenharia e da Engevix Construções por R$ 1,038 bilhão, para montagem eletromecânica da usina. Do início das obras, em 2010, até o ano passado, o BNDES já havia repassado R$ 9,8 bilhões a título de financiamentos para a obra. Os investimentos acumulados somavam R$ 13,3 bilhões. O valor orçado para a obra já subiu dos R$ 16 bilhões iniciais para R$ 28,9 bilhões.
Mendonça Neto afirmou que os preços apresentados na licitação inicial haviam sido considerados altos pela Norte Energia, que decidiu, então, convidar outras empresas a participar da obra. Inicialmente, a convidada foi a construtora MPE, que chamou a Toyo Setal para ingressar no consórcio. O segundo consórcio foi formado pelas empreiteiras Engevix e UTC. Mas, segundo Mendonça Neto, houve novamente discordância no preço, e a Norte Energia chamou todas as empresas para conversar.
Foi então que a UTC desistiu da obra. A MPE, que atravessa
dificuldades financeiras e é acusada de causar prejuízo de quase R$ 1,5
bilhão à Petrobras em sua atuação no Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj), também saiu de Belo Monte. Mendonça Neto afirmou que
foi a própria Norte Energia, então, que sugeriu a associação entre a
Engevix e a Toyo Setal, e ainda discutiu com as duas o preço a ser pago.
Todas as empresas convidadas a participar da obra da UHE de Belo
Monte estão envolvidas no escândalo de desvio de recursos na Petrobras. O
vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada, está preso na
carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Almada foi apontado por
outros diretores da empresa como o responsável pelo cartel, e na sala
dele foram apreendidos documentos que comprovam o acerto prévio entre as
empreiteiras nas licitações.
A Engevix também fez depósitos para empresas de fachada controladas pelo doleiro Alberto Youssef e também para a Costa Global, que pertence ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Outra empresa envolvida na Lava-Jato, a Galvão Engenharia, fez parte
do consórcio inicial que disputou Belo Monte. Entrou em julho de 2010 e
saiu em novembro de 2011, com um ganho de quase R$ 1 bilhão.
IRMÃO DE PALOCCI É CONSELHEIRO
O governo
federal tem participação importante na Norte Energia. Eletrobras e
Eletronorte têm, juntas, 34,98% de participação. O Petros, o fundo de
pensão da Petrobras, tem 12%. No fim de 2013, um dos conselheiros da
Norte Energia era Jorge José Nahas Neto, gerente executivo de
Planejamento Financeiro e Gestão de Riscos da Petrobras e representante
da estatal no Petros. Outro conselheiro é Adhemar Palocci, procurador da
Eletronorte no conselho da Norte Energia, irmão do ex-ministro da
Fazenda Antonio Palocci.
Mendonça Neto se comprometeu ainda a fornecer informações à força-
tarefa do MPF na Lava-Jato sobre irregularidades na área de plataformas
da Petrobras. Ele assinou acordo de delação premiada individual e em
nome de seis empresas ligadas ao grupo Toyo Setal: SOG Óleo e Gás, que
tem 50% de participação na Toyo Setal, Setec Tecnologia, Projetec,
Tipuana, PEM Engenharia e Energex. Segundo o MPF, Mendonça Neto é
responsável por 17 empresas. Outras estão no nome de parentes. ( O Globo)
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