segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Hoje a Folha de São Paulo informa que os governadores petistas articulam
a volta da CPMF, o imposto sobre transações financeiras. Na matéria,
feita no Ceará, onde o PT esteve reunido, envolve lideranças do PSDB,
inclusive com aspas, ou seja, com declarações dadas por tucanos à
reportagem. Reproduzimos abaixo:
Outro defensor declarado é o tucano Beto Richa, reeleito governador do
Paraná. "Preciso consultar o partido. Mas já me manifestei a favor da
CPMF", afirma.
A ideia segundo a qual poderia haver um entendimento suprapartidário
sobre o tema é baseada ainda na posição histórica de várias lideranças
sobre o assunto.
No Senado, por exemplo, também há adeptos no próprio PSDB, a principal
sigla de oposição. É o caso dos recém-eleitos José Serra, ex-governador
de São Paulo, e Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais.
A plataforma de governo defendida pelo PSDB nas ultimas eleições foi
muito clara: reforma tributária, mas sem o aumento da carga de impostos
que já está em 36% do PIB. O que os tucanos defenderam na voz de Aécio
Neves e por isso tiveram quase 52 milhões de votos é que haja uma melhor
destinação dos recursos e não a criação de novos impostos.
Para a Saúde, especificamente, o PSDB manifestou seu apoio à Emenda 29,
que destina 10% da receita corrente bruta da União para o setor. Também
frisou que os recursos viriam basicamente de duas fontes: o
crescimento do financiamento público e a melhoria na gestão das
políticas do setor.
Assim sendo, em vez de consultar o PSDB, o governador Beto Richa deveria consultar a si mesmo e ao que declarou em novembro de 2010:
- Não vou endossar a volta da CPMF. O que o País precisa é racionalizar e simplificar o sistema de arrecadação, disse o futuro governador. Até porque é contra “qualquer tipo de imposto novo”, Beto disse que, como governador, vai apoiar a discussão sobre a reforma tributária, “que é necessária e inadiável”.
Segundo Beto Richa, nem todo dinheiro arrecadado com a CPMF era destinado à saúde. Apenas 42%. - O resto era usado para cobrir outras despesas e fazer superávit de caixa, disse, afirmando que o que a saúde precisa – em todos os níveis de governo (federal, estadual e municipal) – é de “boa gestão, planejamento e gasto com qualidade dos recursos públicos”.
Segundo Beto Richa, nem todo dinheiro arrecadado com a CPMF era destinado à saúde. Apenas 42%. - O resto era usado para cobrir outras despesas e fazer superávit de caixa, disse, afirmando que o que a saúde precisa – em todos os níveis de governo (federal, estadual e municipal) – é de “boa gestão, planejamento e gasto com qualidade dos recursos públicos”.
Da mesma forma, só pode ser piada da Folha que José Serra seja a favor da volta da CPMF, depois deste artigo que escreveu em 2011, de onde destacamos:
Diga-se que, a partir da EC 29, a CPMF e a Saúde divorciaram-se. A
obrigação do governo federal passou a ser a de cobrir o financiamento
mínimo do setor, independentemente das origens dos recursos. Por isso, o
sumiço da CPMF em 2008 não retirou recursos da Saúde. No final de 2007,
a fim de vencer a oposição do Senado à renovação do tributo, o governo
Lula acenou, na undécima hora, com a possibilidade de destinar a
receita da CPMF à Saúde. Não deu certo.
Se fosse verdadeira a intenção de reforçar o setor, em vez tentar
renovar a CPMF, o governo Lula poderia ter aprovado rapidamente o
projeto de lei complementar já citado, contendo um tributo só da Saúde.
Ou poderia ter destinado a ela parte do Imposto sobre Operações
Financeiras, cujas alíquotas foram aumentadas, a fim de compensar a
perda da CPMF. A receita do IOF subiu quatro vezes de 2007 até 2011,
quando será de R$ 30 bilhões. Um terço disso teria elevado bastante os
recursos federais para a Saúde. Mas essa não foi a prioridade de Lula e
do PT, nem antes nem depois. Desde 2002, as despesas federais na área
cresceram abaixo das receitas correntes.
A posição de Antônio Anastasia, que escreveu o programa de governo,
também é frontalmente contra o aumento de impostos e isso inclui a CPMF
ou estamos tratando com um fanfarrão. Mesmo assim, é bom lembrar o que
ele declarou em fevereiro de 2011:
"A criação isolada de um só tributo neste momento evidentemente
representa uma situação que não agrada a sociedade e eu tenho certeza
que esse tema não será apresentado isoladamente. O que reitero é a
necessidade de termos um financiamento da saúde, mas dentro de uma
reforma tributária."
As tentativas de minar o discurso que obteve quase 52 milhões de votos
ocorrerá a cada instante, tanto por parte do PT quanto pelo fogo amigo.
Por isso, insistimos na importância do PSDB reiterar o que prometeu ao
país, numa espécie de "carta aos brasileiros".
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