FOLHA de SÃO PAULO
Eleições presidenciais que resultam em mudança do grupo político no poder podem ser consideradas mais um "motor" do desmatamento da Amazônia no início da nova gestão.
A conclusão é de um estudo financiado pela Comissão Europeia e publicado por cinco pesquisadores brasileiros e um holandês na revista científica "Land Use Policy".
Outros fatores são a oscilação do preço da soja, o custo da terra, os padrões de migração e a implantação de rodovias, hidrelétricas e outras obras na Amazônia.
Segundo a pesquisa coordenada pelo geólogo Saulo Rodrigues Filho, da UnB (Universidade de Brasília), mudanças políticas interferem na eficiência da fiscalização. As previsões com base apenas nos demais fatores podem subestimar em mais de 50% o desmatamento.
De fato, o desmatamento pulou de 14,9 mil hectares em 1994, quando FHC foi eleito, para 29 mil hectares em 1995. E cresceu de 21,6 mil hectares em 2002, ano da eleição de Lula, para 25,4 mil e 27,7 mil hectares em 2003 e 2004. Os desmatamentos nesses três anos de aumentos foram os maiores desde o início do monitoramento em 1988.
Os autores afirmam que essa dinâmica é resultado de uma fragilidade institucional. "Uma das causas é o número excessivo –cerca de 25 mil– de cargos comissionados", diz Rodrigues Filho.
"A tese tem sentido", diz Dalton de Morison Valeriano, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "Nas transições de governo há fragilidade no aparelho de controle de desmatamento."
Tendência não significa certeza, porém. Rodrigues Silva lembra o desmatamento caiu entre os governos Sarney e Collor, que assumiu em 1990. A causa foi o desaquecimento da economia causado pelo Plano Collor.
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