06/12/2014
às 5:53Barusco entrega documentos contra Renato Duque, o petista que comandava a diretoria de Serviços
Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco Filho entregou documentos que comprometem o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, libertado por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira. As provas foram oferecidas no acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, em que ele admitiu ter participado do esquema de corrupção e passou a colaborar com as investigações em troca de uma punição mais branda da Justiça.
Barusco
é o mais recente delator da Operação Lava Jato a identificar
beneficiários do petrolão. Depois de presos, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto
Youssef passaram a ajudar nas investigações, principalmente apontando
políticos beneficiários do esquema. O empresário Augusto Mendonça Neto e
o lobista Júlio Camargo, ambos do grupo Toyo Setal, se anteciparam a
uma ação da polícia e também conseguiram acordos de delação premiada.
Os
executivos descreveram o funcionamento do cartel formado por algumas
das maiores empreiteiras do país e entregaram documentos contra Duque e o
lobista Fernando Soares, o Baiano, apontado como o operador do PMDB na
Diretoria Internacional. Só Mendonça Neto e Camargo descreveram o
pagamento de mais de 60 milhões de dólares em propina para Barusco e
Duque.
Por
ter sido subordinado a Duque, indicado pelo então ministro José Dirceu
para o cargo de diretor da estatal, Barusco colaborou significativamente
para apontar provas contra o antigo chefe, mas não apenas contra ele.
Foram mencionados, nos depoimentos da delação premiada, novos operadores
que atuavam como intermediários dos pagamentos de propina para os
executivos da estatal. Barusco confirmou a participação de Shinko
Nakandakari como operador do PT na Diretoria de Serviços, como apontou
Erton Medeiros da Fonseca, presidente da divisão industrial da Galvão
Engenharia. A colaboração de Barusco deve motivar uma nova leva de
prisões desses intermediários, de acordo com investigadores.
“Barusco presenciou muitos anos de corrupção. Tem muito mais gente envolvida”, afirmou uma fonte que acompanha a investigação.
A
insistência da família levou Barusco a se entregar e colaborar. A
esposa chegou a acompanhá-lo em depoimentos ao Ministério Público. Ele
enfrenta um câncer ósseo e tenta escapar da prisão. Já se comprometeu a
devolver 97 milhões de dólares escondidos na Suíça e a devolver outros
6,5 milhões de reais, parte da propina que recebeu em espécie. Barusco
disse que vai provar aos investigadores que gastou “apenas” cerca de 1,5
milhão de dólares do dinheiro desviado da Petrobras.
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