Há sete
meses o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vem se reunindo
com representantes das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção
instalado na Petrobras e investigado pela Operação Lava Jato. ISTOÉ
apurou que de maio até a última semana foram realizados pelo menos
quatro encontros com a presença do próprio Janot e outros dois com
procuradores indicados por ele (leia quadro nas páginas seguintes). O
objetivo dessas conversas, que inicialmente foram provocadas pelos
empresários, é o de buscar um acordo no Petrolão.
No
Brasil, onde a legislação da delação premiada ainda engatinha, não é
comum que o chefe do Ministério Público mantenha conversas com
representantes de empresas envolvidas em um processo criminal. Mas, em
se tratando de um caso com a alta octanagem que têm as investigações da
Operação Lava Jato, as reuniões de Janot com os empreiteiros não
poderiam, a princípio, ser tratadas como um pecado. Trata-se de uma
prática comum nas democracias mais maduras, cujo principal objetivo não é
o de evitar punições, mas o de acelerar as investigações e permitir que
o Estado adote medidas concretas e imediatas para evitar a repetição de
atos criminosos.
O
problema dos encontros de Janot é que, segundo advogados e dois
ministros do Supremo Tribunal Federal ouvidos por ISTOÉ na última
semana, o acordo que vem sendo ofertado pelo procurador-geral nos
últimos meses poderá trazer como efeito colateral a impossibilidade de
investigar uma suposta participação do governo no maior esquema de
corrupção já descoberto no País. Na prática pode ser um acordão para livrar o governo.
MEU COMENTÁRIO: Como
acontece em todas as ditaduras comunistas, quando o núcleo
'revolucionário' é ameaçado os bagrinhos (ou aqueles que pensavam que
pertenciam à nomenklatura) são simplesmente abandonados à própria sorte
ou muitas vezes eliminados ou presos. Um caso exemplar é de Marcos
Valério, o operador do mensalão, que amarga uma pena de 40 anos de
prisão. Até agora não se sabe por que Marcos Valério não fez acordo de
delação premiada. Estaria aguardando o golpe final do Foro de São Paulo
para ser 'anistiado"? As conjeturas são várias e variadas.
Com
esse esquema sendo montado, segundo a reportagem da IstoÉ, não será de
admirar se nos próximos dias explodir um "salve-se que puder" entre dos
envolvidos na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, ou seja, aqueles
que estão na 'ponta' do esquema. Afinal, alguém terá de sofrer as
consequências para que seja montada uma justificação à opinião pública.
Pelo menos enquanto perdurar o que resta de funcionamento das
instituições democráticas.
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