quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Carlos Chagas-- A NAÇÃO EM FRANGALHOS



Publicado: 5 de fevereiro de 2015 às 0:00 - Atualizado às 0:13


Antes de ser conhecida, a lista do procurador-geral da República está levando montes de parlamentares, alguns ex-governadores e pelo menos dois ex-ministros à beira de um ataque de nervos. O país ficará sabendo, antes do fim do mês, quais os acusados de envolvimento no escândalo da Petrobras. Para uns haverá o pedido de abertura de inquérito. Para outros, a denúncia pura e simples, tudo a cargo de Rodrigo Janot.


Caberá ao ministro Teori Savaski, relator do processo no Supremo Tribunal Federal, acatar ou não os requerimentos, dando início aos procedimentos, ou seja, inquirição dos denunciados e tempo para a defesa de cada um dos que dispõem de foro privilegiado para ser julgados pela mais alta corte nacional de justiça. Outros, com iguais e explosivos efeitos, serão endereçados ao Superior Tribunal de Justiça, aos tribunais estaduais e à justiça de primeira instância.


As atenções se dividirão entre esses julgamentos e as informações colhidas até agora sob sigilo através das delações premiadas concedidas a ex-diretores da Petrobras, doleiros e dirigentes das empreiteiras dispostas a revelar sua participação nas lambanças em troca da redução de suas penas.


Nesses depoimentos tem sido feitas acusações à presidente Dilma e ao ex-presidente Lula, não como beneficiários do desvio de centenas de milhões de reais, mas por terem tido conhecimento do que acontecia na petroleira e não tomado providências. Eles e muitos altos funcionários do governo e da Petrobras precisarão explicar-se.


A pergunta é se o país e as instituições aguentarão o tranco, prevendo-se demoradas tertúlias entre o poder público e os implicados. O Congresso, o governo, os tribunais, os partidos políticos, os meios de comunicação, o empresariado, a sociedade civil e o arcabouço jurídico estarão passando por difícil prova de resistência. 


Ninguém garante que em função das evidências e das provas de culpabilidade das elites políticas e econômicas, não se esgarcem e até se rompam as estruturas responsáveis pelo funcionamento do Estado, no caso, a nação politicamente organizada. Se chegarmos ao ponto de ninguém acreditar mais em nada, para quê pagar impostos, respeitar os direitos do poder público e a liberdade do próximo? A nação posta em frangalhos precisará de novas instituições. Deus nos livre…



Nenhum comentário: