(Folha) O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto do Palácio do
Planalto, vai criar nesta quinta (5), a nova CPI da Petrobras, segundo a
Folha apurou.O próximo passo será a indicação dos membros pelos
partidos, seguida pelo agendamento da sessão de instalação da comissão.
O governo é contrário à apuração sobre irregularidades na estatal, pois
acredita que isso teria potencial para ampliar o desgaste da empresa e
do Planalto, além de servir de palco para a oposição.Assistiu, porém, a 52 deputados governistas viabilizarem, ao lado da
oposição, o pedido para a CPI. Ao todo, 182 deputados assinaram o
requerimento. Para a comissão ser viabilizada, são necessárias 171
assinaturas.
A nova traição partiu de deputados de oito partidos com representantes
no primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff. Além dos
oposicionistas, parlamentares do PDT (14), PSD (12), PMDB (10), PR (7),
PP (5), PRB (2), PTB (1) e Pros (1) assinaram o requerimento.
Nesta quarta (4), Cunha afirmou que a saída da diretoria da Petrobras,
acertada para a sexta (6), era necessária para a empresa passar por
"oxigenação", ganhar a credibilidade do mercado e sair "das páginas
policiais". O peemedebista disse ainda que a Petrobras é "um assunto hoje que
precisa ser passado a limpo" e que a avaliação não se tratava
especificamente da presidente da estatal, Graça Foster. "Não que se tenha nenhuma queixa ou culpa a ex-presidente Graça Foster,
mas que ela [a estatal] precisava ter uma oxigenação para ganhar a
credibilidade do mercado e sair das páginas policiais não há a menor
dúvida", afirmou.
A CPI tende a ser um dos assuntos discutidos na reunião que o deputado
deve ter nesta quinta com Dilma, seu vice, Michel Temer (PMDB), e o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A ideia é reconstruir
as pontes após a ofensiva fracassada do governo para esvaziar a
candidatura de Cunha.
Segundo aliados, Dilma não deve fazer um pedido explícito sobre a CPI,
mas fará um aceno ao peemedebista, deixando claro uma espécie de pacto
de boa convivência. Ele defende que seja instalada uma CPI mista, com
deputados e senadores,
mas sinalizou que vai autorizar a investigação da Câmara. Cunha foi
citado por investigados na Operação Lava Jato. Ele nega qualquer
envolvimento com o esquema.
MOVIMENTAÇÃO
Na eleição de Cunha para o comando na Câmara, há consenso que
dissidências no PR, PDT e PSD ajudaram a impor a derrota ao Planalto.
Governistas dizem que o movimento em siglas da base foi motivado para
pressionar o governo sobre demandas para indicação de aliados em cargos
do segundo escalão.
A criação da CPI mobilizou a nova liderança do governo na Casa. José
Guimarães (PT-CE), que assumiu o posto na terça (3), reuniu oito
partidos e cobrou unidade na base. De acordo com os relatos, o petista
evitou enquadrar os aliados, mas reforçou a necessidade de entendimento.
Isolado na Casa, o PT também decidiu reagir e apresentou outros pedidos
de CPIs. A estratégia é bloquear a fila para impedir que os pedidos da
oposição ganhem espaço.
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