Policiais fizeram uma linha de contenção para evitar o confronto, mas os manifestantes reagem atirando pedras e bombas
*Com informações de Jéssica Antunes
A manhã desta quinta-feira (5) começou conturbada para os moradores do Sol Nascente, em Ceilândia. Após a derrubada de 80 casas irregulares pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), moradores roubaram dois ônibus, um da Marechal e outro da São José, e fecharam a via para impedir novas derrubadas.
A operação de ocupação de área irregular está sendo chamada de Nova Jerusalém.
Um dos manifestantes, Ricardo, disse que o objetivo deles é não deixar ninguém entrar na área invadida. "Nem hoje, nem nunca! Se for preciso fecharemos a Ceilândia inteira!", alerta.
Os moradores colocaram fogo em pedaços de madeira e incendiaram os ônibus. As chamas foram controladas pelo Corpo de Bombeiros.
Policiais fizeram uma linha de contenção para evitar o confronto, mas os manifestantes reagiram com pedras e bombas. Um policial foi atingido por um rojão e encaminhado a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Segundo o Comandante Alcenor da Polícia Militar, várias pessoas não moram na área, mas estão apoiando a causa.
Os blindados do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) isolaram a área para conter os ânimos dos manifestantes. Segundo a Superintendente de Operações da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), Patrícia Melasso, cerca de 12 casas foram derrubadas.
Aguarde mais informações.
30.mai.2014 09:51:32 | por Lilian Tahan e Ullisses Campbell
A manhã desta quinta-feira (5) começou conturbada para os moradores do Sol Nascente, em Ceilândia. Após a derrubada de 80 casas irregulares pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), moradores roubaram dois ônibus, um da Marechal e outro da São José, e fecharam a via para impedir novas derrubadas.
A operação de ocupação de área irregular está sendo chamada de Nova Jerusalém.
Um dos manifestantes, Ricardo, disse que o objetivo deles é não deixar ninguém entrar na área invadida. "Nem hoje, nem nunca! Se for preciso fecharemos a Ceilândia inteira!", alerta.
Os moradores colocaram fogo em pedaços de madeira e incendiaram os ônibus. As chamas foram controladas pelo Corpo de Bombeiros.
Policiais fizeram uma linha de contenção para evitar o confronto, mas os manifestantes reagiram com pedras e bombas. Um policial foi atingido por um rojão e encaminhado a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Segundo o Comandante Alcenor da Polícia Militar, várias pessoas não moram na área, mas estão apoiando a causa.
Os blindados do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) isolaram a área para conter os ânimos dos manifestantes. Segundo a Superintendente de Operações da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), Patrícia Melasso, cerca de 12 casas foram derrubadas.
Aguarde mais informações.
Cidade
Expansão fora de controle
Originadas da grilagem de terras, as favelas Sol Nascente e Pôr do Sol estão entre as maiores do país. Se continuarem a crescer no ritmo atual, terão 1 milhão de habitantes em quinze anos
O lado mais pobre de Ceilândia: os dois assentamentos
surgiram na década de 90, mas, sem fiscalização, ampliaram suas áreas
nos anos 2000 (Foto: Roberto Castro)
José Goudim Carneiro é
maranhense de uma família de sete irmãos. Órfão de pai desde pequeno,
passou a conjugar o verbo trabalhar na primeira pessoa muito cedo.
Quebrava pedra até o dia em que se mudou para São Paulo e conseguiu emprego
como técnico de telefonia.
A vida confortável só conheceu quando migrou
para o Distrito Federal, nos anos 70. Foi funcionário por trinta anos
da extinta Telebrasília e, depois, enveredou para o sindicalismo. Mas
não é esse o lastro de sua atual prosperidade. Goudim fez seu pé-de-meia
abrindo as portas de um aconchegante hotel-fazenda, com privilegiada
vista para o entardecer.
As instalações têm piscina, sauna, cascata,
mesa de sinuca, fliperama, pesque-pague, além de suítes equipadas com
ar-condicionado e TV. Um luxo, não fosse a localização. Com o singelo
nome de Preguiça, o rancho faz parte da comunidade Sol Nascente, em
Ceilândia, a 35 quilômetros do Plano Piloto — e
é uma das raras exceções em meio a um cenário onde a miséria predomina.
Trata-se de um dos endereços mais precários e violentos do DF e, ao
lado da vizinha Pôr do Sol, figura entre as cinco favelas mais populosas
do Brasil. Com casebres a perder de vista, o bolsão de pobreza surgiu
no início dos anos 1990 do parcelamento de chácaras que pertenciam à
Fazenda Guariroba. Duas décadas depois, pode se tornar a próxima região
administrativa da capital.
Sem nenhum traço de planejamento urbano, esse complexo
de quase 20 000 casas cresce de maneira desordenada, formando um imenso
cinturão de pobreza a pouca distância de uma das maiores rendas per
capita do país, o Lago Sul. Contraste replicado dentro das favelas, onde
o aprazível hotel de Goudim é vizinho a dezenas de casas sem reboco, em
ruas com esgoto a céu aberto.
Tudo falta ali: posto de saúde, escola,
asfalto, coleta de lixo, opções de lazer e cultura. Vista de cima, como
na foto que ilustra as páginas de abertura desta reportagem, a região é
quase toda ocupada por casebres — uma
tendência que está longe de estancar. Segundo dados da Companhia de
Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), as duas favelas somavam
78 912 moradores em 2013.
A mesma pesquisa indicava que, em 2011, um
total de 68 121 pessoas residia no mesmo setor. Ou seja, ao ano, houve
um crescimento populacional de 7,6%, ritmo alucinante se comparado à
taxa do DF (2,3%) e à do Brasil (0,9%) no mesmo período. Se essa batida
continuar, a situação tende a piorar em pouco mais de uma década.
De
acordo com uma projeção feita pelo professor da Faculdade de Arquitetura
da Universidade de Brasília Frederico Flósculo, o quadrante formado por
Ceilândia, Samambaia, Santo Antônio e Águas Lindas pode ser todo
ocupado e virar uma megafavela com 1 milhão de habitantes até 2030.
“Esses dois sóis estão bem próximos ao principal eixo de urbanização do
Distrito Federal e são o começo do futuro de uma Brasília favelizada”,
alerta o especialista em urbanismo.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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